Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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28 de out. de 2007

Amigos de coração, alma e espírito. Amigos de oração, amigos de fé.

Esta pessoa da foto é a minha amiga Conceição. Conheci na Assembléia de Deus da Rua 03, aqui no bairro do São Francisco, há uns quatro anos. É casada, tem três filhos e um monte de sobrinhos, dos quais dois adotou. Um de seus irmãos, pai de sete ou oito de seus sobrinhos, morreu no Rio de Janeiro. Era traficante do morro, foi parar na prisão, usava drogas, morreu não me lembro como (ela me contou, acho que foi assassinado). A mulher dele, a Branca, era também envolvida com o tráfico. Usuária de drogas (crack, cocaína, maconha etc), ela até há pouco tempo tinha a guarda dos filhos menores. Por conta do vício vendeu a casa e os móveis que a família do falecido companheiro comprou, com esforço, e deu a ela para que criasse os filhos. Vendeu tudo, trocou tudo pelo crack. Eu conheci a Branca (é o apelido dela -- porque tem a pele bem clara). Ela não me pareceu uma pessoa ruim, mas sim mais perdida do que cego em tiroteio. Aí colocava as crianças pra pedir grana no sinal, e com o dinheiro comprava as pedras (crack). Eles viviam todos no fundo da casa que ela havia vendido, num quarto. As roupas das crianças ela já havia vendido, fui lá uma vez e só havia um colchão de solteiro no chão. As crianças eram também mal alimentadas e viviam doentes. Quando eu comecei o trabalho do Coral Infantil na congregação da Assembléia da Rua 01, São Francisco, dois dos garotos participavam, e eu acabei conhecendo mais a história. A mãe deles também se prostituía, e levava os caras pra dentro do quarto onde estavam os filhos pequenos (4, 6, 7 anos). Minha amiga Conceição lutou muito indo à Vara da Infância e da Adolescência, conversando com os promotores e promotoras, juízes e juízas, pedindo para que a guarda das crianças fosse retirada de Branca. O filho mais velho, Júnio Mário (conhecido nos arquivos da polícia como "Dondon"), é um adolescente que já participou de assalto, tráfico, prostituição e tudo o que vocês pensarem. Tem 15 anos e é viciado em crack. Está detido numa casa de abrigo para menores infratores, já saiu e já voltou, não sei se agora já saiu ou se continua. Muitas vezes eu e Conceição oramos e choramos, e pedimos a Deus que mudasse essa história trágica, esse destino (quase) certo dessas crianças: drogas, violência, tráfico, prostituição. Sempre orávamos uma ou duas vezes por semana, eu ia à casa da minha amiga e nós nos ajoelhávamos juntas, compartilhávamos as angústias, as dúvidas, os problemas. Jejuamos, também, por isso (Sim, também orávamos pra eu ter um amor nessa vida, um xodó, mas isso ainda não aconteceu! Putz! Deus, essa conversa nós vamos ter quando eu chegar aí, OK?). Creio que a mão de Deus se moveu com relação à Conceição e àquelas crianças, pois Branca, após uma luta de anos, perdeu judicialmente a guarda de todos os seus filhos. Isso mexeu com ela e eu soube que ela foi pro interior pra se tratar, tentar se livrar do vício. Não sei mais que isso. Conceição resolveu sair de São Luis e foi morar no Rio de Janeiro com seus três filhos e mais cinco dos sobrinhos menores, há um ano... Passou esse período por lá, eu fiquei sem minha companheira de oração. Lá na Cidade Maravilhosa ela tem irmãos e irmãs (acho que ela tem uns 12 irmãos e irmãs, ao todo. Um mora nos Estado Unidos, tem Greencard, tarbalha legalmente etc. Outros moram no Rio, outros aqui em São Luis), e foi conversado na família que alguns adotariam uns sobrinhos, outros mais alguns etc. O plano de Conceição era de que crescessem juntos, pois já haviam se separado muito, cada um foi sendo jogado pra um lado, pra rua, pra casa de um conhecido, de um tio, de avós etc. Mas as coisas não foram exatamente como ela havia planejado: emprego é difícil, a vida é cara, o marido ficou aqui e queria que ela voltasse. Então voltou, e trouxe Jeniffer e Jeferson com ela, além dos filhos, Claudinho, Cecília e Cleydinara. Eu digo que são meus sobrinhos, e são mesmo, de coração e espírito, e já saí muito com eles pro cinema, pra tomar sorvete, pro parque de diversões etc. Engraçado é que no Shopping Center onde íamos as pessoas sempre nos olhavam... Algumas perguntavam se as crianças eram meus filhos, eu dizia que eram meus sobrinhos. Um dia eu enchi o saco e disse que eram meus filhos... Aí a mulher que me perguntou ficou calada, olhando... E disse: "O sangue do negão é forte, hein?!" A gente morreu de rir. Taiane, Jonathan e Felipe, os outros sobrinhos, ficaram por lá, adotados também. Ah, a Conceição é uma cabeleireira de primeiríssima mão! Atende em domicílio, só as madames, e ganha melhor do que eu (mas gasta muito mais do que eu...). Tem uma moto e assim, de moto, sai de casa todos os dias da semana bem cedo, menos domingo, e às vezes volta às 23h, à meia-noite. Haja madame querendo cabelo arrumado! Mas trabalho é trabalho, e ela não recusa dinheiro, porque precisa. O marido da Conceição é o Cláudio. É negro também, faz fisioculturismo (Putz, o cara é exageradamente forte. Pense num cara forte!) e era segurança. O colégio onde ele trabalhava faliu e ele ficou sem emprego por um tempo, mas teve o seguro-desemprego por uns meses. Agora faz Educação Física, em faculdade particular, à noite, e é personnal trainer. Ah, sim, é a Conceição quem faz minhas escovas, corta meu cabelo, pinta e borda. Ela fazia sem cobrar nada, muitas vezes estive sem grana pra pagar, mas ela jamais me cobrou. Ultimamente, contudo, tenho tentado retribuir de alguma maneira. Então, há um mês, ela cortou, pintou, hidratou, escovou, chapinhou... E aí a Leda, minha secretária, que veio fazer uma limpeza geral aqui em casa, eu paguei para que fosse limpar a casa da minha amiga, que não tem secretária no momento (questão de grana, mesmo) e tem uma casa, um sobrado onde crianças e adolescentes vivem, comem biscoito vendo TV, deixam louça suja, roupa suja etc. Aí foi uma troca, eu achei mais justo. Continuamos orando, sempre. Companheiras de oração, isso não tem preço! Ela continua na Assembléia de Deus, eu saí. Mas continuo totalmente Jesus Freak, mesmo fora de igreja. Gente, eu amo os meus amigos!


Cecília, a filha do meio. Um docinho, Cecília é a mais vaidosa, adora aqueles penteados afro que a mãe faz (haja paciência, é um tempo enorme, cada trança...).

Claudinho, à esquerda, e Jeferson. Estas fotos são no Rio, alías.
Eles não tiram uma foto sequer sem fazer careta! Incrível!


Nas duas fotos acima, as já mocinhas Cleydinara e Jennifer. Cleydinara é a mais carinhosa comigo e é a mais obediente também, para com seus pais. Jennifer é uma menina vaidosa (como todas as pré-adolescentes) e muito meiga. Todas as crianças vão à Igreja, participam de tudo, coral, dança, Escola Dominical etc. Foi a ação social e a influência decisiva da Igreja, também, que ajudou a resgatar os sobrinhos da Conceição do caos mais completo. Foi também a perseverança da Conceição e sua fé em Deus, de que as coisas poderiam e podem continuar a mudar. Essas pessoas são lutadoras e vencedoras. E são parte dessa igrejinha conservadora, Asssembléia de Deus situada em bairro carente, de maioria negra, de baixa renda e pouco estudo. Gente conservadora com o uso de saia, bebida alcóolica. Mulheres de cabelo comprido, homens de calça, jamais de bermuda. É essa igreja, que eu critico, que muitos criticam, com ar de pomposa superioridade tocante e poética do conhecimento da profundidade e da largueza e da altura do conhecimento de Deus etc. etc. etc., que ajuda e dá suporte espiritual, DE FATO, a pessoas como a minha amiga Conceição e sua família.

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