Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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31 de mar. de 2008

A mídia como arma de guerra

Se alguma dúvida existia, para muitos de nós, do papel da mídia no jogo internacional do poder, na estratégia adotada pelo capitalismo neoliberal em manter suas conquistas a qualquer preço e subjugar aqueles que não lêem na sua cartilha, essa dúvida deixa de existir quando se analisa friamente os últimos acontecimentos desta semana na fronteira entre o Equador e a Colômbia.

Um país conturbado há sessenta anos por uma luta político-militar interna, onde mais de 20 mil insurgentes em armas, FARC e ELN, disputam o poder com os sucessivos governos eleitos pela oligarquia. A Colômbia viu, em poucas horas, cair por terra a máscara de país democrático e legalista. E como sua política é determinada fora de suas fronteiras ou, provavelmente, em algumas embaixadas de Bogotá, deixou a nu a estratégia adotada por todos aqueles que não querem a paz interna no país. Ou, pior ainda, que precisam conflagrar a região, ampliar o conflito, com propósitos diversionistas, desviando a atenção para encobrir aquilo que interessa ao Departamento de Estado norte-americano.

Senão vejamos trecho de um relatório feito ao presidente Bush em 30 de julho de 2001 pelo National Energy Police Report e publicado pelo jornal The Nation: “os EUA necessitam garantir para os próximos anos o fornecimento seguro, estável e barato do petróleo”. O relatório avalia que três regiões no mundo têm que ser consideradas nessa perspectiva: o Golfo Pérsico, a Ásia Central e o Arco Amazônico andino, leia-se Venezuela, Colômbia e Equador.

Há, contudo, um significativo parágrafo na recomendação a Bush: “Caso não se consiga o petróleo por meios diplomáticos, devemos introduzir na matéria o nosso aparato militar”.

Golfo Pérsico, Irã e Iraque; Ásia Central, Afeganistão. Aqui, como se sabe, falharam os “meios diplomáticos”. O Arco Amazônico andino, contudo, está localizado no “quintal”, o que não deveria causar maiores embaraços, mas surgiram aqui dois empecilhos: o primeiro, Hugo Chávez, e mais recentemente Rafael Correa. O tradicional golpe de estado foi tentado contra Chávez em 2002, mas também não deu certo.

Idéias de soberania, independência, mercados comuns e construção de alternativas energéticas vão ganhando força entre países como Argentina, Brasil, Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Cuba. Cria-se a Telesur, a ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) em oposição à falecida ALCA, o Banco do Sul, a Petrocaribe, onde países pobres caribenhos podem comprar petróleo da Venezuela a preço mais barato. Um pouco de solidariedade invade os números frios do comércio feito de trocas que só beneficia um dos lados, o mais rico.

Preocupado com os conflitos militares no Iraque e no Afeganistão, com as ameaças ao Irã, com a manutenção de Israel como Estado polícia no Oriente Médio, os Estados Unidos da América perceberam que, a rigor, contam apenas com um governo totalmente submisso na América do Sul: a Colômbia. E talvez já não contem, aqui no seu antigo quintal, só com os “meios diplomáticos” para conseguir o seu petróleo seguro e barato.

Como explicar para o mundo que a invasão do território do Equador pelas Forças Armadas da Colômbia, a que se pretendeu dar um caráter de surpresa, era uma ação preventiva de defesa do território colombiano? E apresentar rapidamente como prova alguns documentos “recuperados” do laptop de um líder guerrilheiro, onde se inferia que 300 milhões de dólares foram dados por Hugo Chávez às FARC, que os guerrilheiros iriam comprar 50 quilos de urânio, que Rafael Correa e Chávez tinham acordos secretos com as FARC, um vídeo onde um soldado, em plano muito fechado, conta dólares supostamente encontrados no acampamento guerrilheiro. Afinal, tudo isso justificaria a ação em território equatoriano. E era preciso que o mundo repercutisse toda a montagem da farsa rapidamente. Rádio, televisão, jornais, internet deveriam espalhar o mais rapidamente possível para as principais capitais européias e para os países da América Latina, em particular, que a Colômbia agiu contra terroristas que até urânio já queriam comprar... (Alguém aí se lembra das armas de destruição em massa de Sadam Hussein?). A mídia foi acionada como arma de guerra, como tem sido usual nos últimos tempos. E com tal violência e precisão que confunde a cabeça de muitos de nós... e chegamos a duvidar das nossas próprias convicções.

Mas em dúvida, sempre podemos nos perguntar:

De onde partiram os aviões e helicópteros que participaram da invasão do território equatoriano e que, pela posição dos disparos, vieram do próprio território do Equador? Seriam da base norte-americana de Manta, cujo contrato não será renovado por Rafael Correa no final de 2008?
Quem dispõe de sofisticada tecnologia de satélites para identificar eventuais telefonemas dados pelo líder guerrilheiro Raul Reyes?

O que foi fazer em Bogotá, dois dias antes do bombardeio ao acampamento guerrilheiro, o contra-almirante Joseph Nimmich, comandante da Força Tarefa do Sul dos EUA?
Onde estaria localizado o laboratório das FARC para enriquecimento de urânio nas selvas colombianas?

Os 300 milhões de dólares que Chávez entregou às FARC teriam sido em cheque ou escondidos em caixas de uísque?

Por quê a imprensa não deu o devido destaque à declaração de um dos últimos reféns soltos pelas FARC, em fevereiro, de que Ingrid Bettencourt, uma vez libertada, se candidataria à presidência da Colômbia?

Teriam Uribe e o Departamento de Estado norte-americano interesse na libertação de Ingrid Bettencourt?

É preciso ter paciência diante de tanta mentira e farsa. Recomenda-se a leitura do livro O Senhor das Sombras, de Joseph Contreras, sobre Álvaro Uribe.
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Texto de Izaias Almada, autor, entre outros, do livro Venezuela Povo e Forças Armadas, Editora Caros Amigos.

há mais muçulmanos que católicos no mundo


Cidade do Vaticano, 29 Mar (Lusa) - O número de muçulmanos ultrapassa actualmente o de católicos, segundo o responsável pelo Anuário Pontifício, monsenhor Vittorio Formenti, em entrevista ao diário Osservatore Romano.

A situação, que monsenhor Formenti defende dever ser alvo de reflexão no seio da Igreja Católica, decorre do facto de 17,4 por cento da população mundial professar a religião católica, enquanto que o número de muçulmanos representa 19,2 por cento daquele universo.
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Contudo, quando se somam todos os cristãos, designadamente católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes, a percentagem chega aos 33 por cento da população mundial.
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O número de católicos no mundo passou de 1.115 milhões em 2005, para 1.131 milhões em 2006, que representa um aumento de 1,4 por cento, segundo o Anuário Pontifício de 2008, que revela que 49,8 por cento vive no continente norte-americano.
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Fonte: Lusa/RTP
Visite o Blog Notícias Cristãs e leia mais.

28 de mar. de 2008

last, but not least...

Cem Marias para cada Madeleine
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Esse texto poderia começar de muitos jeitos, mas acho que o melhor é começar pelo sábado, 26 de janeiro de 2008. Eu, sentada ao lado do editor do jornal britânico Independent, onde trabalhei durante alguns meses, anunciava minha saída e aproveitava para perguntar se a eles interessariam reportagens free-lancer sobre a América do Sul, que eu poderia fazer quando voltasse. A resposta: - Olha, ainda vale a velha regra: mil peruanos equivalem a 10 franceses. Então é assim, se tiver um acidente, um desastre muito grande...
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A frase não me surpreendeu. Não foram poucas às vezes, ao longo desse ano e meio vivendo em Londres, em que ouvi jornalistas me dizendo claramente que à imprensa inglesa não interessa a América Latina. Mas ela apontou para uma coisa seriíssima que está acontecendo com o nosso próprio jornalismo internacional. Explico.
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Com a falta de dinheiro na maioria das empresas de mídia no Brasil, e ao mesmo tempo com o advento da internet e dos canais de notícias 24 horas, a notícia internacional, se antes era mercadoria, agora virou mercadoria baratíssima.
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Para preencher tanto espaço em branco, em tão pouco tempo, os veículos optaram pelos serviços das agências internacionais, um punhado de empresas – todas sediadas em países ricos – que dizem ao mundo todo o que é notícia e o que não é. Assim, a Reuters, de origem alemã e sede em Londres, a CNN americana, a AFP francesa, a BBC inglesa – financiada, não por acaso, pelo Ministério do Exterior britânico – difundem a sua visão de mundo, a sua própria cultura e o seu jeito de fazer jornalismo.
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Não é negativo o advento das agências de notícias. É fantástico poder ter informações rápidas de vários cantos do globo com um grau razoável de confiabilidade. O problema é como o nosso jornalismo internacional tem cada vez mais se baseado apenas no que dizem essas agências.
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Funciona assim: o repórter de uma agência escreve a matéria, entrevistando essa e aquela pessoa que considera relevante. Seu texto então é editado por alguém na sede, invariavelmente em um país do norte, e checado contra as informações de outra dessas agências. Se há um serviço em português, os redatores terão que simplesmente traduzir a notícia, e assim ela chega a nós.
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Hoje, no caso do Brasil, é cada vez mais comum que as publicações diárias usem esses mesmos relatos, vindos de diferentes agências, para compor a reportagem que virá na edição do dia seguinte. O mesmo acontece com as revistas e com os canais de notícia da TV.
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Há exemplos chocantes, como o fato de muitas informações que lemos sobre a América do Sul terem sido coletadas por repórteres americanos, ingleses, franceses, enviados para a Europa e traduzidas antes de serem reescritas para o nosso consumo.
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Estamos, na prática, terceirizando a nossa visão sobre o mundo. Um dos tristes resultados desse novo modelo é a morte lenta e dolorosa da figura do nosso correspondente internacional. Há ainda ótimos correspondentes, claro, mas cada vez em menor número.
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Os que ainda sonham testemunhar e reportar coisas significativas que acontecem no mundo têm que se contentar com um pagamento magríssimo. Em conseqüência, sou testemunha da explosão de novos tipos de jornalistas até então inéditos, como a correspondente-e-garçonete, correspondente-e-carregador-de-malas, correspondente-e-babá. Sendo, sempre, o subemprego o trabalho principal e o jornalismo quando se tem tempo.
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É o colonialismo noticioso: embora a globalização tenha trazido melhores relações internacionais para o Brasil, com negócios, turismo, imigração, etc, estamos aceitando sempre a versão da história que nos está sendo contada pelas agências, condizente com a sua linha editorial, e, mais a fundo, com os seus preconceitos.
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Um bom exemplo foi a avidez com que a imprensa brasileira acompanhou o sumiço da menina inglesa Madeleine MCcann, em Portugal, no ano passado. Por aqui, a cobertura foi obsessiva, pra pegar leve. A cada dia novos detalhes, na maioria infundados, apareciam e eram reproduzidos incessantemente por sites brasileiros, canais de TV e até jornais. Engolimos sem refletir que, na balança das agências globais, a vida de uma linda menininha inglesa sempre vai valer mais do que cem Marias brasileiras.
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Foi isso que me veio à cabeça ouvindo a resposta do colega do Independent. Antes de agradecê-lo pela honestidade – e ir embora com o rabinho entre as pernas – respondi: - Claro, mil peruanos valem o mesmo que dez franceses, ou uma Madeleine.
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Ao que ele consentiu com a cabeça e um sorriso sem-graça.
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Texto de Natalia Viana, jornalista, enviado por e-mail pelo Correio Caros Amigos.

27 de mar. de 2008

para quem quiser...

Foi publicado dia 24/03/2008 o Edital para o Concurso de Professor Adjunto para Ensino/Aprendizagem do Português Língua Materna que também atuará no programa de Pós-Graduação em Letras. As inscrições começaram dia 25/03 e vão até o dia 18/04.
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Para saber mais, acesse o site www.uff.br

25 de mar. de 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
NÚCLEO DE ESTUDOS GALEGOS

CICLO DE PALESTRAS


O Núcleo de Estudos Galegos da Universidade Federal Fluminense está organizando o ciclo de palestras “Norma e Conflito Lingüístico”, coordenado pelos Professores Dr. Fernando Ozorio Rodrigues (UFF e ABF) e Dr. Xoan Carlos Lagares (UFF).

O ciclo será desenvolvido no transcurso do ano, com aproximadamente uma palestra por mês. O objetivo é levantar a discussão sobre norma lingüística relativamente aos seguintes idiomas: o português, o galego, o espanhol, o francês e o inglês. Para participar como palestrantes estão sendo convidados vários estudiosos, entre eles os professores Marcos Bagno (UnB), Evanildo Bechara (UFF, ABL), Adrián Fanjul (USP), Valéria Gil Condé (USP), Carlos Alberto Faraco (UFPE), Consuelo Alfaro (UFRJ), Pierre Guisan (UFRJ).

Para a primeira palestra foi convidado o Prof. MARCOS BAGNO (UnB). Ele proferirá a palestra intitulada “O CONCEITO DE NORMA E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO” no dia 07 de abril de 2008, às 18 horas, na sala 218, Bloco C, Instituto de Letras da UFF, Campus do Gragoatá.

Informações podem ser obtidas na sala 216, Bloco C, Campus do Gragoatá, ou ainda pelos e-mails lozorio@predialnet.com.br e nueguff@vm.uff.br, e pelo telefone 2629-2565.
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Serão fornecidos certificados de participação.

24 de mar. de 2008

o dia de hoje

O dia de hoje, quero vivê-lo. Não me interessa o que não é hoje o hoje. Agora sou eu, e amanhã eu novamente, e depois eu, até que me canse de mim mesma. Não há fim, apenas o início que volta, e volta, e isso é tudo. Desejo o que me cabe, o que me é reservado desde o início dos tempos, tempo em que o início não era o meu tempo. Então sairei feliz e dançarei sob a chuva, e verei a justiça de Deus sobre mim, todas as chuvas, e as correntes de águas, e os rios, e a água que não cessa.
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Mayalu Felix
Niterói, 24/03/2008

23 de mar. de 2008

DIGA NÃO AOS TESTES EM ANIMAIS
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Confira a lista das empresas de cosméticos que testam e as que não testam seus produtos nos bichos.
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O site da PEA (Projeto de Esperança Animal) possui uma lista das empresas que não maltratam os animais.
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Fera ferida

Liberte seus cosméticos dos testes feitos em animais

Imagine ficar horas com a cabeça presa e com um clipe abrindo suas pálpebras. Enquanto isso, cientistas pingam em seus olhos substâncias que os deixam em chamas. Ou então sua pele sendo raspada, até ficar em carne viva. Isso acontece todos os dias em laboratórios do mundo inteiro para a fabricação de produtos de beleza. As vítimas costumam ser coelhos (porque têm olhos grandes) e animais diversos, como cachorros e gatos - parecidos com aquele xodó da sua casa. O pior é que toda essa crueldade acontece sem necessidade. Vacinas e novos medicamentos ainda dependem de testes em animais, afirmam pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), do Rio de Janeiro. Já cosméticos e produtos de limpeza, não. Nesses casos, testes em animais têm se mostrado ineficazes e até perigosos para a saúde humana. "O problema é que muitas indústrias ainda usam animais porque fica mais barato", afirma Carlos Rosolen, presidente da PEA (Projeto Esperança Animal). A própria lei brasileira enquadra como crime testes em animais desde que bexistam alternativas. A boa notícia é que muitas indústrias cosméticas resolveram abolir os testes, investindo pesado em tecnologia. Para saber se o produto que você usa foi testado em um animal, olhe o rótulo e telefone para os serviços de informação ao consumidor. os bichos agradecem.

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Texto de Marina Sgarioni publicado na revista Vida Simples de abril/2008, ed. 56, p. 17.

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Veja a lista das empresas que testam e as que não testam seus produtos em animais em: www.revistavidasimples.com.br

22 de mar. de 2008


A falta de pão na mesa do pobre pode ser denúncia de falta de espiritualidade no altar dos cristãos.
Carlos Queiroz,
diretor-executivo da Visão Mundial no Brasil

As pessoas têm escrito livros que prometem ajudar as outras a ser mais felizes há uns duzentos anos, e o resultado disso tem sido um monte de gente infeliz e um monte de árvores derrubadas.
Daniel Gilbert,
professor de Psicologia em Harvard

O ateísmo tornou-se militante, irado, e quer que Deus desapareça. Não se trata mais de uma filosófica declaração de que Deus está morto, mas de um imperativo de que ele deve ser enterrado.
João Heliofar de Jesus Villar,
procurador regional da República da 4ª Região e Bispo da Igreja Evangélica Sara Nossa Terra, em Porto Alegre, em artigo publicado na Folha de São Paulo.

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FONTE: Revista Ultimato março/abril 2008, p. 21.

20 de mar. de 2008

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O ceticismo religioso e seus arautos
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Há vários séculos a visão de mundo materialista e irreligiosa tem sido eceita de modo crescente como uma postura legítima ao lado de outras cosmovisões. Todavia, em anos recentes vem ocorrendo um desdobramento novo e preocupante: a afirmação cada vez mais insistente de que a perspectiva ateísta é a única defensável do ponto de vista científico e filosófico, e que, portanto, a religião, em qualquer de suas manifestações, deve ser banida para sempre e completamente do cenário humano. Hoje, cada vez mais a incredulidade religiosa é saudada como racional e esclarecida, ao passo que a fé é rotulada como retrógrada e obscurantista.
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O impacto do Iluminismo
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A atitude anti-religiosa não é nova na história da humanidade - e do Ocidente em particular. Ela vicejou em algumas correntes filosóficas da Grécia antiga, tais como os céticos (Pirro, Tímon, Arcesilau e Cornéades), descritos como os primeiros humanistas liberais. Todavia, foi o Iluminismo do século 18 que lançou as bases para uma ampla aceitação da perspectiva materialista da vida no mundo moderno, ao fazer da razão e da experiência os árbitros da verdade, em detrimento da fé e da revelação. Os iluministas podiam até ser religiosos, como foi o caso de Descartes, Locke e Newton, mas as posturas racionalista e empirista prepararam o caminho para questionamentos cada vez mais ousados na esfera religiosa.
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Foi curiosa a participação dos deístas, os iluministas que ainda queriam preservar um espaço para a religião. Sua solução foi postular um Deus absolutamente transcendente, que não tinha nenhum relacionamento com o mundo e a humanidade. Immanuel Kant (1724-1804), um dos filósofos mais brilhantes da modernidade, foi mais além. Ele colocou Deus e as realidades transcendentes na categoria dos "números", ou seja, entidades que escapam à percepção sensorial e, portanto, não podem ser conhecidas em seu ser. Kant e os deístas tiveram em comum o fato de reduzirem a religião à ética. O único valor da religião seria auxiliar a moralidade. Certas doutrinas, como a existência de Deus, deviam ser consideradas verdadeiras porque são o fundamento da vida moral.
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A ofensiva da incredulidade
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O século 19 testemunhou o surgimento de filosofias explicitamente secularistas e anticristãs. Essa tendência havia começado com o filósofo empirista Thomas Hobbes (morto em 1679), considerado o primeiro materialista moderno, e se fortaleceu com David Hume (morto em 1776), defensor da idéia de que não se pode ter certeza de nada (ceticismo). Na França, Voltaire e os enciclopedistas também se destacaram por seu questionamento da religião. Finalmente, o alemão Arthur Schopenhauer (1778-1860) foi o primeiro grande filósofo ocidental a ser abertamente ateu e o seu compatriota Ludwig Feuerbach (1804-1872) descreveu a religião como uma projeção dos ideias, anseios e temores do ser humano.
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Eles foram seguidos por três grandes pensadores anti-religiosos que se tornaram ícones da cultura contremporânea, exercendo poderosa influência desde o final do século 19: Karl Marx (1818-1883), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Sigmund Freud (1856-1939). Outro enorme desafio à cosmovisão cristã foi a teoria da evolução da espécies, proposta pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), que propôs uma alternativa radical para a doutrina bíblica da criação. O impacto dessa mentalidade secularizante tem sido devastador em alguns países de formação cristã. Na Espanha, Alemanha e Inglaterra, menos da metade da população acredita em um Ser Supremo. Na França, os que crêem não chegam a 30%.
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Popularização do ateísmo
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De uns anos para cá, a mídia vem divulgando entusiasticamente o ideário secularista. Dessa maneira, conceitos que anteriormente se limitavam aos círculos acadêmicos e filosóficos vão se tornando familiares ao público mais amplo. Isso ocorre principalmente através de periódicos de grande circulação, como é o caso, no Brasil, da conceituada revista Veja [de minha parte, questiono amplamente as qualidades que o autor deste texto atribui à revista Veja]. Essa publicação, tão valiosa em diversos aspectos, tem articulistas, como André Petry, que freqüentemnete se referem à religiosidade e à fé em Deus em termos depreciativos e irônicos. A religião é caracterizada como algo fantasioso e anticientífico, que mais prejudica do que beneficia o ser humano. Alguns argumentos favoritos são as guerras religiosas, os conflitos entre fé e ciência, e a resistência dos religiosos a determinados valores e comportamentos da cultura moderna (aborto, homossexualismo, pesquisas com embriões etc).
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Outra maneira como essa e outras publicações ajudam a difundir a mentalidade cética consiste no grande espaço dado a autores que pregam abertamente o ateísmo. Os exemplos mais conhecidos são o filósofo françês Michel Onfray (Tratado de Ateologia), o biólogo inglês Richard Dawkins (Deus, Um Delírio), o jornalista inglês Christopher Hitchens (Deus não é Grande) e o filósofo americano Sam Harris (Carta a uma Nação Cristã). As conhecidas "páginas amarelas" com freqüência apresentam entrevistas com alguns desses intelectuais, que defendem abertamente o fim da religião. Tais revistas também publicam regularmente matérias que mostram a aplicação da teoria evolutiva aos mais diferentes aspectos da vida pessoal e social. Um exemplo recente é a entrevista com o primatologista Frans de Waal, segundo o qual a moralidade, que muitos julgavam o último refúgio da religião, não tem origem religiosa nem é exclusiva do ser humano (Veja, 22/08/2007).
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Onde ficamos?
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Essas considerações nos levam de volta à expressão do título deste artigo, extraída do Salmo 14.1. Hoje aqueles que negam a Deus não o fazem somente no seu íntimo, mas proclamam de modo explícito a sua incredulidade, buscando ativamente simpatizantes para a sua causa. Quais devem ser as respostas dos cristãos a esse desafio? Em primeiro lugar, eles não devem descartar tão rapidamente os ataques desses autores, mas exercer uma necessária autocrítica, reconhecendo que muitas de suas alegações contra os religiosos são legítimas. De fato, a história demonstra que muitas vezes os adeptos de diferentes religiões, inclusive o cristianismo, têm se portado de maneira presunçosa e intolerante. A religião com freqüência tem sido culpada de comportamentos negativos, como violência, discriminação e hipocrisia. Muita maldade tem sido cometida em nome de Deus e da fé, e isso não só entre os fundamentalistas islâmicos.
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Em segundo lugar, o desafio desses críticos aponta para a necessidade de um criterioso trabalho apologético. Os cristãos não são obrigados a ficar numa atitude passiva, como se fossem cordeirinhos, achando que não têm como oferecer respostas convincentes aos inimigos da fé. O cristianismo e a crença em Deus são intelectualmente defensáveis, como já demonstraram muitos autores ao longo da história, desde os apologistas do segundo século, passando pelos escolásticos medievais (Anselmo de Cantuária e Tomás de Aquino, entre outros), até pensadores do século 20, como C. S. Lewis, Francis Schaeffer e Cornelius Van Til [e eu acrescentaria também Sören Kierkegaard]. Um exemplo atual na comunidade científica é o geneticista cristão Francis Collins (Veja, 24/01/2007).
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Por último, essas manifestações de antipatia à religião são reveladoras do estado de ânimo do homem contamporâneo, com todas as angustiosas perplexidades do tempo presente. Existem questões para as quais simplesmente não há uma explicação naturalista, como a origem da vida. Outra área crucial em que a ciência e a filosofia têm falhado em dar respostas satisfatórias são as grandes questões existenciais, aquelas que dizem respeito ao sentido da vida e da pessoa humana. Por mais que os materialistas neguem, sua concepção de homem tende a trivializar o significado e a importância da vida, abrindo as portas para horríveis violações da dignidade humana. Esse estado de coisas oferece aos cristãos valiosas oportunidades de testemunho sobre a esperança que há neles.
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Texto de Alderi de Souza Matos, publicado na revista Ultimato de março-abril/2008. O autor é doutor em História da Igreja pela Universidade de Boston e historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É o autor de A Caminhada Cristã na História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil. asdm@mackenzie.com.br

19 de mar. de 2008


82 bilhões de reais de comida jogada no lixo por ano na Grã-Bretanha
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De acordo com o relatório da última Conferência Mundial sobre Água, realizada na Suécia em agosto de 2007, a quantidade de comida jogada no lixo por famílias ricas é escandalosamente alta: 30% dos alimentos que compram. Só na Grã-Bretanha, o prejuízo é avaliado em cerca de 82 bilhões de reais por ano. Boa parte desse desperdício deve-se à propaganda do tipo "compre dois e leve três", que constrange as pessoas a comprar mais do que necessitam. Outra razão é a obediência cega aos rótulos dos fabricantes, que indicam na embalagem a data máxima aconselhada para o consumo. Joga-se fora leite e outros alimentos sem cheirar, sem comprovar se estão mesmo estragados.
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O crime que lesa os pobres será mais grave ainda se considerarmos também as sobras que os restaurantes jogam fora e as perdas que acontecem entre a colheita e o consumo. Deve-se considerar ainda outro tipo de desperdício: o que se come em demasia (segundo a Organização Mundial de Saúde, o mundo tem hoje 1,1 bilhão de pessoas obesas e acima do peso).

Tudo isso acontece mesmo havendo 850 milhões de pessoas subnutridas no mundo. Aos olhos de Deus, trata-se de um crime muito grave. O problema é antigo. Já no século 18 o escritor francês Sébastien-Roch Chamfort dizia que "a sociedade se compõe de duas classes de pessoas: aquelas que têm mais refeições do que apetite e aquelas que têm mais apetite do que refeições".
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Nas duas multiplicações de pães e peixes, os discípulos não permitiram que as sobras fossem jogadas fora. Na primeira foram recolhidos doze cestos de pedaços que sobraram (Mt 14.20); na segunda, sete cestos (Mt 15.37). Durante os quarenta anos da travessia do deserto, os judeus recolhiam diariamente a porção estritamente necessária de maná para cada dia (Êx. 16.4).
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FONTE: Revista Ultimato março-abril/2008, p. 14 (os grifos no corpo do texto são meus).

18 de mar. de 2008

nota geral sobre o escândalo

(...) é o escândalo que defende o cristianismo contra qualquer especulação. (...)
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E o cristianismo então! A lição que ele dá é que esse indivíduo, como qualquer indivíduo, seja ele qual for, marido, mulher, criada, ministro, negociante, barbeiro etc., é que esse indivíduo existe "perante Deus" - esse indivíduo que porventura se orgulharia de ter uma vez em toda a sua vida falado ao rei, esse mesmo homem, que seria já alguém pelo seu comércio amistoso com este ou aquele, esse homem esta frente a Deus, pode falar com Deus quando quiser, com a certeza de ser escutado, e é a ele que propõem viver na intimidade de Deus! Se não bastasse: foi por esse homem, por ele também que Deus veio ao mundo, se deixou encarnar, sofreu e morreu. É esse Deus de sofrimento que lhe roga e quase suplica que aceite o socorro, que é um oferecimento! Em verdade, se há no mundo coisa para enlouquecer, não será esta? Quem quer que não o ousa crer, por falta de humilde coragem, escandaliza-se. Em se escandalizando, é porque a coisa é demasiado elevada para ele, porque não lhe pode entrar na cabeça, porque não pode neste caso falar com toda a franqueza, e eis porque lhe é necessário pô-la de lado, considerá-la vazia, uma loucura, uma ingenuidade, de tal modo ele se sente sufocado.
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Sören Kierkegaarg, na segunda parte de O desespero humano.

13 de mar. de 2008

outro momento cultural


Após seu longo curso de Direito, a loira abre seu escritório e no primeiro dia de serviço alguém bate à porta. Para impressionar o possível cliente, a loira pega o telefone e pede para a pessoa entrar e esperar. Fica uns 30 minutos fingindo uma conversa:
- Sim, claro! Eu não perco uma causa! Esta está muito fácil... Com certeza, no próximo julgamento, o juiz nos dará sentença favorável e venceremos!!! (e assim ficou enrolando...)
Quando desligou, após aquela "longa conversa", toda educada, a loira então perguntou:
- Pois não, cavalheiro, em que posso ajudá-lo?
O homem respondeu :
- Sou da Telefônica, vim instalar sua linha.

***

Duas funcionárias de uma fábrica estavam conversando:
- Conheço uma maneira de conseguir uns dias de folga, disse a morena.
- E como você acha que conseguirá?, pergunta a loira.
Ela respondeu a pergunta demonstrando. Subiu pelas vigas e pendurou-se de cabeça para baixo. Nesse momento, o chefe entrou, viu a funcionária morena pendurada lá em cima e perguntou:
- Que diabos você está fazendo?
- Sou uma lâmpada, respondeu.
- Hummm... acho que você precisa de uns dias de folga, comentou o chefe.
Ouvindo isso, a morena desceu da viga e se dirigiu para a porta. A loira foi saindo também, e o chefe puxou-a pelo braço e perguntou:
- Onde você pensa que vai?
- Para casa. Não consigo trabalhar no escuro.

***

Um ventríloquo estava em um bar contando piadas de loira. Já estava lá pela 50ª quando uma loira, indignada, foi até o palco e gritou pra todo mundo ouvir:
- Como você pode fazer isso com mulheres loiras? Como você pode nos estereotipar deste jeito? Como você pode relacionar a inteligência de uma mulher levando em conta a cor de seu? O ventríloquo, muito confuso e assustado, diz:
- Desculpe, minha senhora. Não foi minha intenção ofendê-la! Me desculpe, por fav...
A loira, então, interrompe:
- Cale a boca, meu senhor! Isso é apenas entre mim e esse rapazinho sentado aí no seu colo!

***

A loira pede uma pizza pelo telefone. O funcionário da pizzaria pergunta:
- A senhora quer que eu corte em quatro ou em oito pedaços?
- Quatro, por favor. Eu jamais agüentaria comer oito pedaços.

***

Cansada das brincadeiras sobre sua burrice, a loira resolveu pintar o cabelo de preto. Para comemorar o "novo visual", foi dar uma volta de carro pelo campo e lá encontrou um pacato pastor de ovelhas.
- Bom dia, senhor pastor! Que lindo rebanho o senhor tem!
- Obrigado!
- Se eu acertar quantas ovelhas há em seu rebanho, eu ganho uma?
- Claro! Mas duvido que a senhora seja capaz!
- Sao 627!
- Impressionante!!! Esse é o numero exato de ovelhas do meu rebanho. Pode escolher uma, ela é sua!
A loira olhou com atenção todas aquelas ovelhas macias e, depois de muito acariciá-las, selecionou uma. Ela a estava levando para o carro quando o pastor chamou:
- Moça! Se eu adivinhar a cor original do seu cabelo, a senhora devolve o meu cachorro?

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Uma loira encontra uma amiga que não via havia muito tempo.
- Menina, como você tá diferente! Cortou o cabelo... tá moderna!
- É.
- Tá bem mais magra... bonita.
- É.
- Então, me conta, o que você anda fazendo da vida?
- Eu tô fazendo quimioterapia.
- Ah, mas que legal! Na Estácio ou na Federal?

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Em um avião indo para Nova York comissária se dirige a uma loira sentada na divisão reservada para a primeira classe e pede para que ela se mude para a classe econômica, pois ela não tinha a passagem para a primeira classe. A loira replicou, dizendo:
- Eu sou loira, eu sou bonita, estou indo para Nova York e eu não vou sair.
Não querendo argumentar com a passageira, a comissária pede para o co-piloto para falar com ela. Ele foi falar com a mulher, e pediu-lhe que ela fizesse a gentileza de sair da primeira classe. Novamente, a loira respondeu:
- Eu sou loira, eu sou bonita, estou indo para Nova York e eu não vou sair.
O co-piloto voltou para a cabine de comando e perguntou para o piloto o que ele deveria fazer. O piloto disse:
- Eu sou casado com uma loira e sei como lidar com isso. Ele foi para a primeira classe e sussurrou algo no ouvido da loira... Ela imediatamente pulou da cadeira e correu para o setor econômico resmungando para si:
- Por que ninguém me disse antes?
Surpresos, a comissária e o co-piloto perguntaram o que ele havia dito para a loira que a convenceu a sair.
- Eu disse a ela que a primeira classe não estava indo para Nova York!

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COLABORAÇÃO: Claudíssima!!! Íssima!!!

momento cultural


O Manuel para o Joaquim:
- Tu sabias, ó Joaquim, que na terrinha já inventaram a televisão com zoom?
- Não! E como é, ó Manuel ?
- Funciona assim: tu apertas um botão e o sofá vai para frente!

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O Português entra na loja de eletrodomésticos e aborda um vendedor:
- O senhor tem televisão colorida?
- Temos sim, senhor!
- Então, me dá uma amarela, por favoire!

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O gajo português estava em plena guerra quando de repente se acovarda e resolve fugir. Mas, não dá sorte e é pego em flagrante por seu oficial superior, que diz:
- Que pensas que estás a fazer, desertando, ó seu covarde?
Então, o gajo se justifica:
- Bem, senhor, como eu aprendi na escola a Terra é redonda, então se eu for na direção em que estava indo acredito que será possivel pegar os inimigos por trás...

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COLABORAÇÃO: Claudíssima! Íssima!!!

11 de mar. de 2008

As Línguas Gerais

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AS LÍNGUAS GERAIS
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A expressão 'língua geral' foi inicialmente usada, pelos portugueses e pelos espanhóis, para qualificar línguas indígenas de grande difusão numa área. Assim, na América espanhola, o Quêchua já no século XVI foi chamado de 'Língua Geral do Peru' e o Guaraní, no início do século XVII, de 'Língua Geral da Província do Paraguai'. No Brasil, entretanto, tardou bastante o uso dessa expressão por parte dos portugueses. A língua dos índios Tupinambá, que no século XVI era falada sobre enorme extensão, ao longo da costa atlântica (do litoral de São Paulo ao litoral do Nordeste), não teve consagrada a designação de 'língua geral' nos dois primeiros séculos da colonização. O padre Anchieta intitulou sua gramática, a primeira que dela se fez (publicada em 1595), 'Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil'. Outros autores referiram-se a ela como a 'língua do Brasil', a 'língua da terra' (isto é, a língua falada na costa, junto ao mar). Mas o nome cujo uso se firmou, sobretudo ao longo do século XVII, foi o de 'Língua Brasílica'. Assim, o catecismo publicado em 1618 chamou-se 'Catecismo na Língua Brasílica'; a segunda gramática, feita pelo padre Luís Figueira e cuja primeira impressão é de 1621, foi a 'Arte da Língua Brasílica'; o dicionário dos jesuítas, cujo manuscrito melhor conhecido é do mesmo ano de 1621, traz o nome de 'Vocabulário na Língua Brasílica', e assim por diante.
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O nome Tupinambá, como designação dessa língua, aparece tardiamente, no século XVIII, já com a intenção de distingui-la, enquanto língua dos índios Tupinambá (do Pará), da língua então corrente da população mestiça, já sensivelmente diferente daquela; mas, no início do século XIX, quando já tinha desaparecido a grande maioria dos índios Tupinambá, restando poucos remanescentes, como os Tupinikím (Tupiniquim) do Espírito Santo, de quem o Imperador D. Pedro II anotou algumas palavras, ou os Potiguára da Baía da Traição, na Paraíba (esses dois grupos de remanescentes subsistem até hoje, mas agora só falam a língua portuguesa).
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Já no século XVI a Língua Brasílica passou a ser aprendida pelos portugueses, que de início constituíam pequena minoria junto aos índios Tupinambá. Como grande parte dos colonos vinham para o Brasil sem mulheres, passaram a viver com mulheres indígenas, com a conseqüência de que a Língua Brasílica (isto é, o Tupinambá) veio a ser a língua materna de seus filhos. Essa situação atenuou-se em alguns lugares, com o aumento da imigração portuguesa e com a dizimação dos índios, mas intensificou-se em outros. Foi nas áreas mais afastadas do centro administrativo da Colônia (que era a Bahia) que se intensificou e generalizou o uso da Língua Brasílica como língua comum entre os portugueses e seus descendentes - predominantemente mestiços - e escravos (inclusive africanos), os índios Tupinambá e outros índios incorporados às missões, às fazendas e às tropas: em resumo, toda a população, não importa qual sua origem, que passou a integrar o sistema colonial.
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A essa língua popular, geral a índios missionados e aculturados e a não-indios, é que foi mais sistematicamente aplicado o nome de Língua Geral. O uso desse nome começa já na segunda metade do século XVII, embora às vezes com sentido diverso, como acontece com o padre Vieira, para o qual 'Língua Geral' significa, por vezes, o mesmo que para nós 'língua da família Tupí-Guaraní', isto é, qualquer língua reconhecidamente afim do Tupinambá, mas não idêntica a ele (como, por exemplo, o Guajajára do Maranhão).
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No sul da Colônia constituiu-se uma Língua Geral distinta da Língua Geral do Norte ou Língua Geral Amazônica. A Língua Geral do Sul, ou Língua Geral Paulista, menos conhecida que a outra, teve sua origem na língua dos índios Tupí de São Vicente e do alto rio Tietê, a qual diferia um pouco da língua dos Tupinambá. É a língua que no século XVII falavam os bandeirantes que de São Paulo saíram a explorar Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e o Sul do Brasil. Por ser a língua desses pioneiros e aventureiros, penetrou essa Língua Geral em áreas onde nunca tinham chegado índios Tupí-Guaraní e aí deixou sua marca no vocabulário popular e na toponímia. Em São Paulo ela foi dominante no século XVII, mas passou a ser suplantada pelo Português no século XVIII. No início do século XIX só se faz referência a um ou outro falante no interior do Estado de São Paulo, na área de Porto Feliz, no rio Tietê.
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Já a Língua Geral Amazônica desenvolveu-se inicialmente no Maranhão e no Pará, mais tarde do que a do Sul, a partir do Tupinambá. Ao contrário de São Vicente e São Paulo, onde a colonização teve início já na primeira metade do século XVI, no Maranhão a conquista portuguesa começou quase cem anos depois, na primeira metade do século XVII. O litoral do Maranhão, onde primeiro se estabeleceram os portugueses, estava densamente povoado pelos índios Tupinambá, que se estendiam para oeste até a foz do rio Tocantins. Em conseqüência dessa situação, aí o Tupinambá foi a língua predominante na população colonial durante o século XVII e acabou dando origem à nova Língua Geral, que foi falada pelas tropas e missões que foram penetrando e criando núcleos de povoamentono vale amazônico. Portanto, o Tupinambá e essa Língua Geral em que ele se transformou, é que foi a língua da ocupação portuguesa da Amazônia nos séculos XVII e XVIII. Aí ela foi o veículo não só da catequese, mas também da ação social e política portuguesa e luso-brasileira até o século XIX. Ainda hoje é falada, especialmente na bacia do rio Negro, sendo que no Uapés e no Içana, além de ser a língua materna da população cabocla, ainda mantém o caráter de língua de comunicação entre índios e não-índios, ou entre índios de diferentes línguas.
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As duas línguas gerais, faladas em novos contextos sociais, alteraram-se paulatinamente em sua estrutura. Da Língua Geral Paulista, chamada Tupí Austral por Martius, não sabemos muita coisa; na verdade, só conhecemos dela um documento (um dicionário de verbos) bastante tardio, provavelmente do século XVIII, publicado pelo mesmo Martius em 1863. Já a Língua Geral Amazônica, também conhecida, a partir do terceiro quartel do século XIX, pelo nome de Nheengatú (ie'éngatú 'língua boa'), além de continuar sendo falada até hoje, é conhecida por muitos documentos (gramáticas, dicionários, catecismos, lendas), tanto do século XVIII, como dos séculos XIX e XX. Esta língua se expandiu consideravelmente ao longo de todo o vale amazônico, chegando até a fronteira com o Peru no oeste e penetrando na Colômbia pelo vale do rio Uaupés no noroeste. Ao longo do rio Negro chegou também à Venezuela (onde é chamada Yeral). Tal como o Tupí Austral, a Língua Geral Amazônica passou a ser falada em regiões onde nunca habitaram índios Tupí-Guaraní e deixou forte marca na toponímia e na língua portuguesa da Amazônia.
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A Língua Geral Amazônica de hoje (Nheengatú) difere não só da língua Tupinambá, mas também da Língua Geral Amazônica do século XVIII. As diferenças em relação a esta última se devem não apenas a mudanças ocorridas com o passar do tempo (cerca de 250 anos), mas também ao fato de que certamente se constituíram diversos dialetos da Língua Geral Amazônica, segundo as diferentes regiões em que ela veio a ser falada: baixo Tocantis, baixo Tapajós, rio Negro, Solimões etc.
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RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Edições Loyola, 2002. Pp. 99-103.
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IMAGEM: Capa do livro supracitado;
FOTOGRAFIA E GRAVURA DO PADRE ANCHIETA: web.
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O Professor Aryon Dall'Igna Rodrigues é Pesquisador Associado da Universidade de Brasília, tendo sido o fundador dos estudos lingüísticos modernos das línguas indígenas do Brasil. É o fundador do Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília, vinculado ao Departamento de Lingüística, Português e Línguas Clássicas (LIP) do Instituto de Letras (IL). É sócio-fundador da Associação Brasileira de Lingüística, Abralin.
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Sobre o padre Anchieta:
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Nascido em La Laguna de Tenerife, Ilhas Canárias em 19 de março de 1534 (um ano antes da chegada de Vasco Fernandes Coutinho ao Espírito Santo), filho do basco Juan Lopes da Anchieta, de uma família nobre de Guipuzicoa, e uma nativa de Tenerife, Mência Diaz Llarena, com quem se amancebou, Anchieta foi mandado pelo pai aos 14 anos para estudar em Coimbra. Revelando notável inteligência nos estudos acadêmicos ingressa na Companhia de Jesus, fundada em 1535 por seu primo Inácio de Loiola.
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Enviado ao Brasil para a missão evangelizadora e para tratar de uma tuberculose óssea que o afligia - e que o deixou com a postura encurvada - Anchieta aqui chegou em 1553 aos 19 anos aportando primeiro em Salvador e depois rumando para a capitania de São Vicente onde fundou o Colégio de Piratininga, embrião da cidade de São Paulo.
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Tornou-se o principal catequizador dos índios brasileiros e se valia de recursos teatrais nesse trabalho, o que lhe confere o pioneirismo das artes cênicas nacionais, sendo justamente reconhecido como o fundador do teatro brasileiro
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Há controvérsias sobre o seu papel histórico como colonizador a serviço de uma religião mas o que se ressalta é que por ser filho de uma união informal entre um nobre e uma nativa Anchieta influenciou muito para que a relação entre conquistadores e nativos fosse mais humana e menos ideológica, integrando as raças em vez de segregá-las, como se veria na colonização norte-americana. Chegou mesmo a incentivar o casamento entre portugueses e nativos, coibindo excessos. Deixou a obra literária mais importante do Brasil no século XVI, composta de cartas, poemas e autos.
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Além de fundar São Paulo e Niterói, Anchieta construiu as casas de Misericórdia do Rio de Janeiro e Vila Velha, as igrejas matrizes de Rerigtiba e Guarapari , fundando no Espírito Santo as cidades de Rerigtiba (hoje Anchieta), Guaraparim ( Guarapari) e São Mateus. Pode ser considerado o primeiro cientista brasileiro, tendo descrito a função da bolsa dos marsupiais, os canais e glândulas de veneno das serpentes e classificado o tapir, ou anta, entre os equinos. Realizou obra notável nas áreas de ciências naturais, linguística - tendo escrito a primeira gramática tupi-guarani para facilitar o trabalho de evangelização dos colegas -, diplomacia, antropologia, arquitetura e artes. Chefe de guerra, nomeou Tibiriçá capitão e junto com os Goitacazes marchou contra os Tamoios expulsando-os para Iperoig (hoje Ubatuba) onde depois se apresentou e permaneceu como refém para negociar a paz, ocasião em que compôs seu famoso poema em homenagem à Virgem Maria, com seis mil versos escritos na areia. Junto com Araribóia, um guerreiro temiminó de Vila Velha, combateu os franceses no Rio de Janeiro, expulsando-os em 1567. Sua ação estendeu-se do litoral de Pernambuco até São Paulo. Atraído pelo aspecto ameno de Rerigtiba, ao que se supõe por evocar-lhe sua Laguna de Tenerife, escolheu essa vila do Espírito Santo para viver os últimos dez anos de sua vida expirada em nove de junho de 1597.
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Nessa fase final percorria habitualmente a pé - já que o problema na coluna impedia-lhe a montaria - o trecho entre Rerigtiba e o Colégio de São Tiago onde serviu alguns anos como Provincial do Brasil. Nas suas andanças pelas 14 léguas entre Rerigtiba e Vitória adiantava-se na caminhada mesmo aos mais vigorosos guerreiros índios que, por isso, o denominaram Abará-bebe (padre voador) e Caraibebe (homem de asas). Nesse percurso se encontram os registros de feitos extraordinários que lhe conferem uma dimensão mítica. Os cronistas da época descrevem-no como de corpo pequeno e mirrado, fisionomia morena, trato agradável, aspecto de velha, pequena corcunda, olhos vivos e perspicazes. Um grande homem do seu tempo.
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FONTE: Abapa. Grifo no corpo do texto (negrito) meu.
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Mais informações sobre línguas indígenas do Brasil: clique aqui - FUNAI.

9 de mar. de 2008

Aryon Dall'Igna Rodriges

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AS LÍNGUAS INDÍGENAS

Os índios no Brasil não são um povo: são muitos povos, diferentes de nós e diferentes entre si. Cada qual tem usos e costumes próprios, com habilidades tecnológicas, atitudes estéticas, crenças religiosas, organização social e filosofia peculiares, resultantes de experiências de vida acumuladas e desenvolvidas em milhares de anos. E distinguem-se também de nós e entre si por falarem diferentes línguas.

Como todas as demais, as línguas dos povos indígenas do Brasil são inteiramente adequadas à plena expressão individual e social no meio físico e social em que tradicionalmente têm vivido esses povos. Embora diferentes, elas compartilham do que todas as quase seis mil línguas do mundo têm em comum: são manifestações da mesma capacidade de comunicar-se pela linguagem. Essa capacidade é uma qualidade desenvolvida pela espécie humana e se caracteriza por princípios e propriedades que, presentes em todo homem, facultam a qualquer criança desenvolver o domínio de qualquer língua, sempre que exposta ao contato com falantes dessa língua. Da mesma forma, permitem a qualquer adulto, com maior ou menor esforço, aprender línguas diferentes da sua própria.
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Embora constituídas a partir de princípios e propriedades comuns, as línguas estão sujeitas a grande número de fatores de instabilidade e variação, que determinam nelas forte tendência à constante alteração. Essa tendência é normalmente contrabalançada pela necessidade de mútuo ajuste entre os indivíduos de uma mesma comunidade social, ajuste sem o qual não se cumpriria a finalidade básica da língua, que é a comunicação explícita e, quando possível, fácil. Quando as vicissitudes de uma comunidade humana acarretam sua divisão em duas ou mais subcomunidades ou novas comunidades, reduz-se o contato entre as pessoas separadas nessas novas comunidades e, em conseqüência, diminui a necessidade de ajuste e aumenta a diferenciação lingüística entre os grupos humanos correspondentes. Se as novas comunidades, resultantes da divisão do que foi antes uma só comunidade com uma só língua, distanciam-se no espaço geográfico e perdem de todo o contato entre si, desaparece inteiramente a necessidade de ajuste comunicativo entre elas. Nesse caso, as alterações lingüísticas que ocorrem em cada comunidade não são mais reajustadas em comum e, por descoincidirem em muitos casos, vão constituir diferenças entre suas falas. Estas se tornarão línguas diferentes, cada vez mais diferentes, na medida em que o correr do tempo expuser uma e outra, independentemente, às circuntâncias mais variadas.

É assim que a história das línguas no mundo tem sido uma história de sucessivas multiplicações, e só assim pode ter sido a história ou pré-história das línguas indígenas brasileiras. Uma conseqüência dessa história é que algumas línguas, embora substancialmente diferentes, conservam muitos elementos em comum, que permitem reconhecê-las mais ou menos facilmente como descendentes de uma só língua anterior. A presença desses elementos em comum diminui, entretanto, com o decorrer do tempo. Isto faz com que freqüentemente nos encontremos diante de casos em que é extremamente difícil, senão impossível, demonstrar que duas ou mais línguas atuais provém conjuntamente de uma língua mais antiga. Na medida em que reconhecem origem comum para um conjunto de línguas, os lingüistas constituem uma família lingüística. Assim, na Europa, as línguas oriundas do latim formam a família românica. Analogamente, no Brasil, a família Tupí-Guaraní é um conjunto de línguas que se reconhece descenderem de uma língua anterior, neste caso pré-colombiana e não documentada historicamente (...).

Falam-se no Brail, hoje em dia, uma 170 línguas indígenas. Quantas, exatamente, não sabemos, não só porque até hoje não se incluem nos recenseamentos oficiais brasileiros informações lingüísticas, nem informações sobre os povos indígenas, mas também porque línguas são coisas muito difíceis de contar, mesmo quando são bem conhecidas. É o caso, por exemplo, das línguas românicas da Península Ibérica: São duas - Português e Espanhol? São três - Português, Espanhol e Catalão? São quatro - Português, Galego, Espanhol e Catalão? São cinco ou mais? Quando as línguas são mal conhecidas, como é freqüentemente o caso das línguas indígenas brasileiras, essa situação de indefinibilidade ocorre muitas vezes: há uma língua Tupí-Guaraní? ou uma língua Tupí e uma língua Guaraní? ou diversas línguas Tupí e diversas línguas Guaraní? Mesmo quando se adquire conhecimento razoável das línguas, ainda restam problemas técnicos, como a definição de língua em contraposição à definição de dialeto, a distinção entre formas antigas e modernas do que pode ser uma mesma língua. Compare-se no caso românico: Francês medieval e Francês moderno são a mesma língua? Latim e Português são a mesma língua?

É provável que na época da chegada dos primeiros europeus ao Brasil, há quase quinhentos anos, o número das línguas indígenas fosse o dobro do que é hoje. A redução teve como causa maior o desaparecimento dos povos que as falavam, como conseqüência das campanhas de extermínio ou de caça a escravos, movidas pelos europeus e por seus descendentes e prepostos, ou em virtude das epidemias de doenças contagiosas do Velho Mundo, deflagradas involuntariamente (em alguns casos voluntariamente) no seio de muitos povos indígenas; pela redução progressiva de seus territórios de coleta, caça e plantio e, portanto, de seus meios de subsistência, ou pela assimilação, forçada ou induzida, aos usos e costumes dos colonizadores.

Naturalmente, o maior número de línguas indígenas desapareceu nas áreas que foram colonizadas há mais tempo e mais intensamente, constituídas pela região Sudeste e pela maior parte das regiões Nordeste e Sul do Brasil. Uma linha imaginária traçada de São Luis do Maranhão, ao norte, até Porto Alegre, ao sul, passando por perto de Brasília, no centro, deixa a oeste a área onde sobrevivem as línguas indígenas e a leste a área onde elas se extinguiram quase sem exceção. As exceções são apenas três: a língua Yatê dos índios Fulniô, ao sul de Pernambuco; a língua dos índios Maxakalí, no nordeste de Minas Gerais; e a língua dos índios Xokléng, no municípío de Ibirama, a oeste de Blumenau, em Santa Catarina. Uma exceção aparente são os grupos de falantes de Guaraní (dialetos Nhandéva e Mbiá) no leste paulista e no litoral dos estados do Paraná, Rio de Janeiro e Espírito Santo, os quais têm migrado durante os últimos cem anos, do vale do rio Paraná para a costa atlântica. Cerca de vinte povos indígenas que ainda sobrevivem a leste da linha São Luís-Porto Alegre falam, hoje, exclusivamente variedades regionais da língua portuguesa: entre outros, os Potiguára na Paraíba, os Pankararú em Pernambuco e Alagoas, os Xokó em Sergipe, os Kirirí e os Pataxó na Bahia, os Tupinikim no Espírito Santo.

Algumas das línguas desaparecidas foram documentadas de forma mais ou menos ampla, às vezes em vários volumes (na verdade, apenas três línguas estão nesse caso), às vezes só mediante o registro de umas poucas palavras avulsas. Grande número delas, entretanto, desapareceu sem que nada ficasse registrado. O Kirirí é uma língua que, embora bem documentada no final do século XVII, depois desapareceu completamente; hoje os últimos descendentes da grande nação Kirirí, no norte da Bahia, só falam português (algumas pessoas, entre eles, guardam a memória de palavras soltas de sua língua original). O Tupinambá, ou Tupí antigo, foi documentado já no século XVI: em 1575 e 1578 foram publicados os primeiros textos nessa língua pelos franceses André Thevet e Jean de Léry, sendo que este último publicou também as primeiras observações gramaticais sobre a mesma; em 1595 foi editada a gramática que dela fez o padre Anchieta (...). Essa língua também deixou de ser falada na forma em que existia nos séculos XVI e XVII, quando era essencialmente o idioma dos índios Tupinambá (conhecidos regionalmente também pelos nomes Tamôio, Tupinikim, Kaeté, Potiguára, Tobajára, etc.), mas pode dizer-se que teve continuidade até hoje, sob forma muito alterada, transfigurada em língua de 'civilizados' (...).

A língua indígena tradicionalmente mais conhecida dos brasileiros - conquanto esse conhecimento se limite em regra só a um de seus nomes, Tupí - é justamente o Tupinambá. Esta foi a língua predominante nos contatos entre portugueses e índios nos séculos XVI e XVII e tornou-se a língua da expansão bandeirante no sul e da ocupação da Amazônia no norte. Seu uso pela população luso-brasileira, tanto no norte quanto no sul da Colônia, era tão geral no século XVIII, que o governo português chegou a baixar decretos (cartas régias) proibindo esse uso. Uma das conseqüências da prolongada convivência do Tupinambá com o Português foi a incorporação a este último de considerável número de palavras daquele. Numa amostra de pouco mais de mil nomes brasileiros populares de aves, um terço, cerca de 350 nomes, são oriundos do Tupinambá. Numa outra área da fauna, em que a interação entre portugueses e índios deve ter sido mais intensa, pois uns e outros eram grandes pescadores, a participação do vocabulário do Tupinambá é ainda maior: numa amostra de 550 nomes populares de peixes, quase a metade (225 ou 46%) veio da língua indígena. É notável a quantidade de lugares com nomes de origem Tupinambá, quase sem alteração de pronúncia, muitos deles dados pelos luso-brasileiros dos séculos passados a localidades onde nunca viveram índios Tupinambá.

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RODRIGUES, Aryon Dall'Igna. Línguas brasileiras: para o conhecimento das línguas indígenas. São Paulo: Edições Loyola, 2002. Pp. 17-21
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IMAGEM: Capa do livro supracitado;
FOTOGRAFIAS: web.
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O Professor Aryon Dall'Igna Rodrigues é Pesquisador Associado da Universidade de Brasília, tendo sido o fundador dos estudos lingüísticos modernos das línguas indígenas do Brasil. É o fundador do Laboratório de Línguas Indígenas da Universidade de Brasília, vinculado ao Departamento de Lingüística, Português e Línguas Clássicas (LIP) do Instituto de Letras (IL). É sócio-fundador da Associação Brasileira de Lingüística, Abralin.

tha clash, the best.

The Clash é... the best! Música feita em homenagem à luta travada por anarquistas e socialistas na Guerra Civil Espanhola, contra Franco e seu fascismo infame. Para ver o vídeo e ouvir Spanish Bombs, com The Clash, vá primeiro à janela "Maya_musique", à esquerda, e clique no ícone "pause". Depois venha aqui e clique no ícone "play". Dependendo da memória do seu computador, a primeira exibição pode ser cheia de pausas. Experimente ouvir e ver pela segunda vez... MUITO BOM!!! VALE A PENA!!!



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5 de mar. de 2008

lá pode; aqui não pode.




VERGONHA NO SENADO DA REPÚBLICA‏
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O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), denunciou ontem(04/03) no plenário um suposto envio de 31 toneladas de armamentos brasileiros para a Venezuela. Segundo o parlamentar, as armas seriam transportadas em vôos da TAM.
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Arthur Virgílio informou que um desses vôos já poderia ter seguido para a Venezuela com um carregamento de 1,5 tonelada de armas.
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O senador disse ter recebido as informações da entidade internacional World Check, especializada em acompanhar conflitos mundiais.
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O alarde do senador para uma questão tão simplista demonstra que ele é líder de políticos papagaios e não líder de um partido político de uma Potência Regional. Acostumado a ser satélite dos EUA, o medíocre senador deixou patente para todos os que pensam um Brasil Potência que o lugar desses políticos velhacos é o valhacouto da história.
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Passaremos a nos dirigir a esse senador apenas por Arthur, pois Virgílio, o grande poeta do Imperador Augusto César, autor de Eneida, a epopéia de Enéas, não merece ter seu nome ligado a uma figura tão inglória. Para quem desconhece, após a guerra de Tróia Enéas vagou à procura de seu destino, porém recebeu dos deuses a promessa de que seus descendentes receberiam um "império sem Limites", o que veio a se cumprir no Império Romano. O poeta Virgílio deve estar atormentado neste momento, se souber que seu nome hoje é sinônimo de covardia, mediocridade e patifaria.
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Ora, Senador Arthur, acreditar em relatórios de ONGs intenacionais é a mais clara demonstração de incompetência política, em um mundo no qual países são invadidos com esteio em relatórios de inteligência fabricados, que acusam as nações alvo de possuírem armas de destruição em massa, conforme ocorreu recentemente no Iraque.
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Vender armas a países em conflito é uma das características de países-potência. Israel sempre vendeu armas, da mesma forma que a Rússia. Os EUA vêm vendendo armas à Colômbia há décadas, tendo aumentado muito a remessa de armas durante e após o Plano Colômbia. Assim agem as potências, senador Arthur.
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O sr. deveria estar investigando, a fim de denunciar com fundamentos, se as armas estariam sendo enviadas de graça ou não, isso sim, porém jamais se comportar como uma donzela durante um confronto armado. Ademais, em qualquer jogo político internacional entre potências de que o Brasil participasse, o mais natural seria o Brasil vender armas à Venezuela, haja vista os EUA estarem vendendo à Colômbia. Essa postura deveria ser adotada pelo Brasil caso tivéssemos uma potítica externa de potência.
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Enquanto os EUA apóiam abertamente a Colômbia, dentro de seu papel de potência, o líder do PSDB, senador Arthur, esbravejou ontem na tribuna que o Brasil deveria continuar a ser satélite dos EUA e jamais agir como potência, pois isso é o que se conclui de seu infame discurso. O objetivo do pronunciamento do senador Arthur não está claro nas linhas, mas oculto nas entrelinhas. Baseado na irresponsável denúncia de Arthur, a imprensa noticiou ontem toda essa desinformação e hoje, os jornais, depois de constatarem ter sido apenas um boato, lançam a responsabilidade pelo fiasco sobre o Senador Arthur.
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Ide-vos, senador Arthur, vosso tempo no senado é demasiado grande, para o muito pouco que fizeste. Renuncie a seu mandato e vá fazer qualquer outra coisa, menos falar de política internacional.
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Os políticos brasileiros devem aprender como age uma potência : Em discurso ontem na Casa Branca, o presidente dos EUA, George W. Bush, declarou "completo apoio" ao chefe de Estado colombiano, Álvaro Uribe, e acusou o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de "manobras provocadoras", depois da morte do número dois das Farc, Raúl Reyes. Bush disse se opor a "qualquer ato de agressão que possa servir para desestabilizar a região." Atente bem, senador Arthur, atente bem para a forma de agir do presidente estadunidense George W Bush, o qual apóia totalmente seu satélite, a Colômbia, contra seu adversário na região, a Venezuela, o que já é um disparate, pois o opositor dos EUA na América do Sul deveria ser o Brasil.
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Veja, senador Arthur, que os estadunidenses atuam da mesma forma que Roma agia, quando apoiava a Armênia contra a Pártia, império rival.
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Continuemos a análise das declarações de Bush: O yankee acusa a Venezuela de "provocação", quando na verdade quem provocou foram os próprios EUA ao patrocinar, obviamente, a invasão do território equatoriano pela Colômbia, na madrugada do último sábado, 03 de março.
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Bush concluiu dizendo ser contra qualquer ato de agressão na região, quando na verdade foram os EUA os verdadeiros agressores na América do Sul, utilizando seu Estado-satélite.
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O que nos deixou mais estarrecidos ainda foi o ato de o Governo brasileiro negar, apessadamente, como se vender armas a um dos lados contendores fosse um crime. Ora, poupem-nos, políticos da situação e da oposição, poupem-nos de vossas mediocridades. O Brasil é uma nação de guerreiros, adormecidos até agora, porém chegou o momento de despertar.
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Assim é o mundo das grandes potências, senador Arthur, portanto o Senado da República Federativa do Brasil não é local para políticos acostumados a tratar do "social", do atendimento a pedidos de chinelos, vagas em escolas primárias e doação de cestas báscias. Nossos políticos são em essência meros assistentes sociais, jamais estadistas. Esse senador Arthur é o retrato fiel do sinistro período que se encerra em nossa Amada Pátria Brasileira.
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Desperta, brava gente brasileira; às armas valentes guerreiros brasileiros, assumam a liderança desse vasto país continente, chamado Brasil, cujo momento histórico de glória chegou!
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TENENTE MELQUISEDEC NASCIMENTO
PRESIDENTE DA AMAE
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