(...) é o escândalo que defende o cristianismo contra qualquer especulação. (...)
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E o cristianismo então! A lição que ele dá é que esse indivíduo, como qualquer indivíduo, seja ele qual for, marido, mulher, criada, ministro, negociante, barbeiro etc., é que esse indivíduo existe "perante Deus" - esse indivíduo que porventura se orgulharia de ter uma vez em toda a sua vida falado ao rei, esse mesmo homem, que seria já alguém pelo seu comércio amistoso com este ou aquele, esse homem esta frente a Deus, pode falar com Deus quando quiser, com a certeza de ser escutado, e é a ele que propõem viver na intimidade de Deus! Se não bastasse: foi por esse homem, por ele também que Deus veio ao mundo, se deixou encarnar, sofreu e morreu. É esse Deus de sofrimento que lhe roga e quase suplica que aceite o socorro, que é um oferecimento! Em verdade, se há no mundo coisa para enlouquecer, não será esta? Quem quer que não o ousa crer, por falta de humilde coragem, escandaliza-se. Em se escandalizando, é porque a coisa é demasiado elevada para ele, porque não lhe pode entrar na cabeça, porque não pode neste caso falar com toda a franqueza, e eis porque lhe é necessário pô-la de lado, considerá-la vazia, uma loucura, uma ingenuidade, de tal modo ele se sente sufocado.
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Sören Kierkegaarg, na segunda parte de O desespero humano.
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