Quem sai sob a chuva quer se molhar. Quando leio meus textos, recentes ou antigos, vejo uma mudança que se fez no estilo e nas postagens, é claro, em consonância comigo mesma. Às vezes fico envergonhada de alguns textos, de certas poesias. Há dias em que leio postagens antigas querendo apagar tudo o que me parece ridículo. Por que, afinal, criei este blog? Atualmente, ando hibernando, mais dentro de casa do que fora, mais circunspecta que extrovertida, mais calada que comunicativa, mais ensimesmada que exposta. Nisso, a vontade de sair apagando postagens de uma fase outra é grande.
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Mas não sei se isso é honesto. O que é publicado, é dado ao público - pode ser tomado de volta? Confesso, costumo falar com desenvoltura e facilmente me comunico e consigo transmitir verbalmente o que quero. Mas hoje isso muda. Muda porque vejo que é necessário guardar o coração, guardar o que se é como uma pedra importante, da qual só eu sei proteger como penso que deva ser preservada. A alma, o coração, o que se sente - não importa o nome - é em cada um algo a se cuidar, cuidar que não seja vulgarizado, cuidar que não seja coisificado.
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Aqui estou eu, me expondo de novo, para dizer que não quero me expor, que não gosto. Quem lê este texto agora deve se perguntar o que eu desejo, afinal. Acreditem, gostaria de transformar tudo isso - o blog, com as postagens, os links, as músicas e tudo o mais - em silêncio, silêncio significante, auto-explicável. Mas recorro de novo às palavras para me justificar.
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Fernando Pessoa disse que todas as cartas de amor são ridículas. Se não fossem ridículas, não seriam cartas de amor. Creio que todas as pessoas que escrevem cartas de amor são ridículas, e todas as pessoas que escrevem outra coisa, em vez de cartas de amor, também são ridículas. Todo ser humano que se manifesta já se expõe, corajosamente, no bojo de sua expressão, ao ridículo. Não há nada mais ridículo e francamente covarde que viver, aliás - os sublimes e corajosos não contam história.
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Portanto, leitores, não se surpreendam: eu sou um ser humano, e este é o meu blog.
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Mayalu Felix
Niterói, 17/05/2008
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