Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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22 de mai. de 2008

A suficiência da cruz
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“Algumas coisas realmente más também são realmente boas, e como tais, esses males, são de fato ordenados por Deus. O que significa dizer que Deus ordena alguma coisa? Significa que ele desejou eternamente que aquilo se realizasse... Não nego nem por um momento quão difícil pode ser evitar responsabilizar Deus pelos males do mundo simplesmente porque ele ordena todas as coisas. De que maneira um Deus bondoso poderia ordenar o Holocausto? Como ele pode ordenar o abuso sexual até mesmo de uma única criança? Como ele pode ordenar a morte lenta e dolorosa de alguém que amo? [Contudo,] ... Deus ordenou, desejou ou planejou todas as coisas que acontecem em nosso mundo desde antes da Criação. Deus é o agente primário – a causa primaria, a explicação última – de tudo o que acontece”.
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De acordo com estas convicções de Mark Talbot (Liberdade verdadeira: a liberdade que as Escrituras registram como digna de se possuir. Em Teísmo aberto: uma teologia alem dos limites bíblicos. São Paulo: Editora Vida, 2006, p. 91-132), o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo não apenas ordenou o Holocausto, mas nos últimos dias atirou uma menininha de 5 anos pela janela, fez a terra engolir mais de 40 mil pessoas no sudoeste da China, matou mais de 20 mil pessoas e desabrigou outras 40 mil com um ciclone em Myanmar, deflagrou uma onda de xenofobia que matou 26 trabalhadores estrangeiros na África do Sul, dentre outras coisas não menos assustadoras, como por exemplo, nesse exato momento está fomentando uma guerra entre os índios afetados pelas barragens do Xingu e os engenheiros da Eletrobrás: já conseguiu ferir um engenheiro no braço, mas a coisa pode piorar, sabemos lá o que Deus pretende fazer nas próximas horas (escrevo na manhã de quarta, 21).
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A justificativa para tais “ações divinas” é que “algumas coisas realmente más também são realmente boas”, conforme Talbot, que, diga-se de passagem, não está sozinho. Em outras palavras, Deus tem um propósito bom por trás de tudo quanto acontece, ou melhor, faz acontecer, ainda que aos nossos olhos essas coisas que ele fez acontecer pareçam más. Caso prefira, pode simplificar essa teoria no famoso “Deus escreve certo por linhas tortas”.
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Expresso minha absoluta repulsa e indignação contra esta leitura do Evangelho. Esse “Deus” que ordena inclusive o mal é o meu diabo. O Deus que encontro revelado nas páginas da Bíblia Sagrada, e mais precisamente em Jesus de Nazaré, oferece à humanidade a última palavra a respeito de si mesmo deixando claro que entre matar e morrer prefere morrer. Na verdade, morreu. Morreu na cruz do Calvário, única morte necessária para que todos e quaisquer de seus propósitos de justiça e amor se concretizassem na história e na eternidade. Quem justifica o sofrimento humano como necessário à realização de um propósito divino faz do sofredor um co-redentor. O Evangelho afirma a suficiência da Cruz. Quando Jesus Cristo bradou do alto da Cruz “está consumado” ficou estabelecido definitivamente que a partir daquele momento nenhuma morte humana seria justificada em nome de Deus. Morria na Cruz o último e suficiente sacrificado pela maldade do mundo. Da Cruz em diante, Deus está ao lado dos que morrem, jamais dos que matam. E porque morre, pode ressuscitar e prometer ressurreição: seu reino é vida, e sua dádiva é vida eterna. Quem mata é dono do império da morte. Quem morre e ressuscita é Senhor da Vida, e ao redor da morte e dos agentes promotores da morte faz festa cantando: “Onde está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu poder de ferir?”.
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Texto de Ed René Kivitz, pastor, publicado no site Galilea.

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