Foi manchete do jornal O Globo de hoje (imaginem, se foi manchete d'O Globo é porque a situação é dramática!) a recusa do governador do Mato Grosso em ceder homens da Polícia Militar, que é estadual, compor a Guarda Ambiental, proposta do novo . Fiquei surpresa, sim, mas foi com a demonstração clara e pouco disfarçada do maior produtor de soja do mundo a respeito da preservação ambiental.
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É óbvio, a raposa não pensa em preservar o galinheiro, por isso Blairo Maggi quer mesmo é que a Amazônia se transforme em um graaaande campo de soja, a fim de que o Brasil exporte cada vez mais o grão e de que suas contas bancárias se tornem maiores. Afinal, para que preservar árvores? E rios? E esses animais irracionais que povoam a floresta? Índios? Nem pensar!
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Blairo Maggi, no final das contas, nada mais faz que ser fiel a si mesmo, a seus interesses econômicos, políticos, ideológicos. Como ele, as siderúrgicas, construtoras, os pecuaristas e os colegas plantadores de soja do grande Brasil. E, fiel a essa política predatória, está o presidente do PT, que acha que o PAC é a salvação da lavoura. Pode até ser a salvação da lavoura, mas é a perdição da Floresta Amazônica, do Pantanal, do Cerrado, da Mata Atlântica...
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Blairo Maggi se diz a favor da Guarda Ambiental, mas não cede polícia de MT
Publicada em 20/05/2008 às 23h40m
Publicada em 20/05/2008 às 23h40m
Anselmo Carvalho Pinto - Especial para O GloboReuters
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CUIABÁ - O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), voltou a dar demonstrações nesta terça de que sua relação com o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não será das melhores. Considerado "o rei da soja no Brasil", Maggi disse que, se a Guarda Nacional Ambiental for mesmo criada para proteger a Floresta Amazônica, como sugeriu o novo ministro, não deverá contar com a ajuda da polícia de Mato Grosso. Pela proposta de Minc, a Guarda Nacional seria formada por policiais militares recrutados em diversos estados, como a Força Nacional de Segurança Pública. (Leia mais: Minc confirma Roberto Franco como novo presidente do Ibama)
CUIABÁ - O governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), voltou a dar demonstrações nesta terça de que sua relação com o novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não será das melhores. Considerado "o rei da soja no Brasil", Maggi disse que, se a Guarda Nacional Ambiental for mesmo criada para proteger a Floresta Amazônica, como sugeriu o novo ministro, não deverá contar com a ajuda da polícia de Mato Grosso. Pela proposta de Minc, a Guarda Nacional seria formada por policiais militares recrutados em diversos estados, como a Força Nacional de Segurança Pública. (Leia mais: Minc confirma Roberto Franco como novo presidente do Ibama)
- Acho até que pode criar (a Guarda Nacional). Mas não conte com a nossa polícia. Já temos pouco efetivo para cuidar do povo. Não tenho soldados para proteger a floresta. Tragam gente do Sul, de Curitiba, de Porto Alegre - disse o governador, após reunião com o coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS), ministro Mangabeira Unger.
" Já temos pouco efetivo para cuidar do povo. Não tenho soldados para proteger a floresta "
Mangabeira acha que colocar o Exército na defesa de reservas não resolve as questões ambientais e econômicas.
- Jamais podemos imaginar que resolveremos problemas militarizando a Amazônia - disse, sobre o trabalho do Exército.
Apesar de garantir que não vai ceder PMs de seu estado, Maggi disse que, a princípio, acha boa a idéia de uma polícia ambiental na Amazônia.
- Acho interessante uma força de polícia que pode ser deslocada para atuar em determinadas áreas. É bom para o governo federal. Mas, para os estados que precisam ceder policiais, nem tanto.
Não é a primeira vez em que Maggi e Minc trocam farpas. Antes mesmo de assumir o Ministério, Minc chegou a dizer que, se deixassem, o governador "plantaria soja até nos Andes". Em nota, Maggi disse considerar as declarações "descabidas, inoportunas, extemporâneas e impróprias para um ministro de Estado". O governador faz pressão para que o governo reveja a resolução que proíbe os produtores de tomarem financiamentos oficiais se não tiverem licença ambiental.
Maggi também criticou a declaração de Minc de que conhece pouco o Brasil. Para o governador, com a declaração Minc desautoriza "a si próprio a emitir opiniões sobre uma realidade que desconhece". Maggi também já havia tido desentendimentos públicos com a ex-ministra Marina Silva. A maior discórdia envolveu os números do desmatamento medido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) nos quatro últimos meses do ano passado. Enquanto o instituto dizia que 1.737 km² de floresta haviam sido derrubados em Mato Grosso, Maggi insistia que os dados estavam errados. Maggi chegou a reclamar pessoalmente ao presidente Lula da divulgação precipitada de números.
Durante o encontro com Mangabeira Unger, Maggi voltou a insistir que o estado não tem como cumprir as exigências de uma resolução do Banco Central que condiciona o financiamento público ao licenciamento ambiental das propriedades rurais.
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Mangabeira propõe rede de indústrias na Amazônia
Além de descartar a militarização da Amazônia como saída para combater o desmatamento, Mangabeira propôs a criação de uma rede de indústrias para viabilizar economicamente a região.
Indicado para coordenar o Plano Amazônia Sustentável (PAS), considerado o estopim da saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente, Mangabeira propôs cinco iniciativas para reduzir os danos à floresta e para ocupar a região de cerca de 5 milhões de quilômetros quadrados de modo ordenado.
" Estamos conscientes da necessidade de incentivos para a instalação de empresas florestais e para a agregação de valor nas indústrias agropecuárias e minerais "
Mangabeira destacou como iniciativa do PAS uma rede de indústrias em toda a Amazônia, ao lado de grandes cidades, "que transforme produtos florestais, madeireiros e não madeireiros; que fabrique tecnologia apropriada ao manejo sustentável de uma floresta tropical, e também transforme produtos minerais e agropecuários".
- Estamos conscientes da necessidade de incentivos para a instalação de empresas florestais e para a agregação de valor nas indústrias agropecuárias e minerais - disse.
As outras iniciativas são a regularização fundiária, o zoneamento ecológico e econômico da Amazônia, a construção de uma agricultura moderna e democratizada, e a formação de recursos humanos para um novo modelo do ensino médio, hoje "fraco", que combine capacitação técnica e profissionalizante.
- Sem projetos econômicos não haverá estruturas produtivas e sociais organizadas. E uma vasta região sem essas estruturas, é difícil de se defender - afirmou.
Segundo Mangabeira, o Brasil necessita reafirmar sua soberania sobre a Amazônia de forma inequívoca".
- Há sempre um risco enquanto o espaço econômico e social da Amazônia permanecer relativamente vazio - disse.
Mangabeira completou:
- Quem cuida da Amazônia é o Brasil.
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