Globo
Tenho ouvido as declarações da emissora, em seus telejornais, de que para realizar algumas reportagens usou instalações da construtora x, viajou em avião do governo etc., mas que "o dinheiro correspondente ao uso dos serviços foi doado ao programa Fome Zero". Acho essa onda moralizante muito boa e nobre, e chego a chorar de emoção quando ouço as vozes oficiais dos apresentadores de telejornais globais contando que a empresa é honesta, limpa e incorruptível, mas a emissora também deveria prestar contas ao cidadão sobre os recursos do BNDES que vieram dar uma ajudinha no fechamento das contas da Globo Cabo.
Tenho ouvido as declarações da emissora, em seus telejornais, de que para realizar algumas reportagens usou instalações da construtora x, viajou em avião do governo etc., mas que "o dinheiro correspondente ao uso dos serviços foi doado ao programa Fome Zero". Acho essa onda moralizante muito boa e nobre, e chego a chorar de emoção quando ouço as vozes oficiais dos apresentadores de telejornais globais contando que a empresa é honesta, limpa e incorruptível, mas a emissora também deveria prestar contas ao cidadão sobre os recursos do BNDES que vieram dar uma ajudinha no fechamento das contas da Globo Cabo.
Ora, o valor de meia-dúzia de passagens de avião é irrisório, se comparado aos quase 300 milhões que saíram do bolso do povo para socorrer uma empresa das Organizações Globo. Segundo nota do site Mídia Independente, “a operação de socorro, na forma de aumento do capital acionário, envolve cerca de R$ 1 bilhão na qual o grupo Organizações Globo deve entrar com cerca de R$ 540 milhões, o BNDESpar (banco público) com R$ 284 milhões, o Bradespar entra com R$ 95 milhões e a RBS com aproximadamente R$ 56 milhões. Todas essas empresas e bancos já participam do controle acionário da Globo Cabo, mas o que lança dúvidas sobre a conduta dessa operação é exatamente a maior participação do BNDES na operação de socorro de uma empresa que está em situação de insolvência financeira e que já causou prejuízos ao BNDES, em função do banco já ter entrado com um aporte inicial de cerca de R$ 400 milhões, quando a empresa foi criada em novembro de 1999, detendo com isso pouco mais de 4,8% das ações ordinárias da empresa. E hoje, dada a situação de insolvência da Globo Cabo, essa participação de 4,8% equivale apenas à R$ 2,3 milhões, uma vez que o patrimônio líquido da empresa corresponde somente a R$ 48 milhões. Ou seja, em apenas dois anos o BNDES ficou com um prejuízo contábil de R$ 352 milhões.”
Leia a nota na íntegra: http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2002/03/20310.shtml
Veja, mas tome cuidado
A grande mídia, agora, concentra sua atenção nos imbróglios da PF e do ministro Tarso Genro. Ou seja: o caso Daniel Dantas fica em segundo plano. Não é de hoje que a mídia vendida chama a atenção para a unha encravada na tentativa de que o câncer seja esquecido. Assim, o grande problema do Brasil, agora, é o vazamento de informações das investigações da Polícia Federal, e não os terríveis crimes financeiros de Dantas e sua corja. A Veja trouxe uma reportagem em que o foco é mesmo o delegado Protógenes Queiroz, o novo “criminoso” do pedaço, perigoso e maquiavélico. O mais engraçado é que Dantas é colocado no mesmo patamar de Mangabeira Unger, entre outros, o que dilui sua imagem nefasta, e dele se diz que “o delegado o acusa de pagar propina a políticos e juízes”, quando todo mundo sabe que o buraco é bem mais embaixo e que não é “o delegado” quem “o acusa”, mas um inquérito, concluído após uma longa investigação, feita por uma equipe, baseada em provas.
A grande mídia, agora, concentra sua atenção nos imbróglios da PF e do ministro Tarso Genro. Ou seja: o caso Daniel Dantas fica em segundo plano. Não é de hoje que a mídia vendida chama a atenção para a unha encravada na tentativa de que o câncer seja esquecido. Assim, o grande problema do Brasil, agora, é o vazamento de informações das investigações da Polícia Federal, e não os terríveis crimes financeiros de Dantas e sua corja. A Veja trouxe uma reportagem em que o foco é mesmo o delegado Protógenes Queiroz, o novo “criminoso” do pedaço, perigoso e maquiavélico. O mais engraçado é que Dantas é colocado no mesmo patamar de Mangabeira Unger, entre outros, o que dilui sua imagem nefasta, e dele se diz que “o delegado o acusa de pagar propina a políticos e juízes”, quando todo mundo sabe que o buraco é bem mais embaixo e que não é “o delegado” quem “o acusa”, mas um inquérito, concluído após uma longa investigação, feita por uma equipe, baseada em provas.
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A Veja quer que nos esqueçamos de que Daniel Dantas cometeu crimes contra o povo brasileiro, ao lesar o Erário com sonegação de impostos e evasão de divisas, além de ter comprado uma empresa pública por valor absolutamente inferior ao verdadeiro e financiar corrupção, lavagem de dinheiro e tutti quanti. A serviço de quem está a revista Veja? Do povo brasileiro é que não, certamente.
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A revista Época, por sua vez, focaliza as atenções sobre o ministro Tarso Genro e trata de fazer o bom lobby para sua saída, apelando até mesmo para uma (suposta) declaração de um (suposto) ministro de Lula: “O governo sente saudades do Márcio Thomaz Bastos”. Estaria a revista Época a serviço do corrupto PMDB, que deseja o Ministério da Justiça em troca de favores pontuais ao governo Lula? A serviço do povo brasileiro, certamente, é que a Época não está.
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É claro, tanto no caso de Veja quanto no de Época o importante é desviar as atenções do corrupto Daniel Dantas. Brigas internas da PF e a disputa pelo cargo de ministro da Justiça ganham relevância e desacreditam o longo, minucioso e relevante trabalho investigativo da PF, em que se comprovam inúmeros crimes cometidos pelo empresário.
É claro, tanto no caso de Veja quanto no de Época o importante é desviar as atenções do corrupto Daniel Dantas. Brigas internas da PF e a disputa pelo cargo de ministro da Justiça ganham relevância e desacreditam o longo, minucioso e relevante trabalho investigativo da PF, em que se comprovam inúmeros crimes cometidos pelo empresário.
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Além disso, artigo de Ricardo Amaral na Época isenta o Judiciário, na figura de seu líder, Gilmar Mendes, de ser conivente com os crimes do milionário, o que de fato ocorre quando o presidente do STF manda soltá-lo por duas vezes, mesmo diante de todas as evidências. Todos sabem que no Brasil, tendo dinheiro, um bom advogado e influência política, ninguém fica preso. É isso, infelizmente, o que está na raiz das reportagens publicadas e no comportamento do ministro Gilmar Mendes: o dinheiro.
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É claro, ao desviar as atenções de Daniel Dantas, também vamos parar de pensar que houve problemas na privatização das empresas de telefonia, o que foi feito pelo FHC, que recebeu ajuda de Dantas para se eleger - assim como Lula. A imprensa quer que pensemos que o criminoso é Protógenes Queiroz, um policial assalariado que trabalhou pelo benefício do país, ao investigar a bandalheira criada por Daniel Dantas.
É claro, ao desviar as atenções de Daniel Dantas, também vamos parar de pensar que houve problemas na privatização das empresas de telefonia, o que foi feito pelo FHC, que recebeu ajuda de Dantas para se eleger - assim como Lula. A imprensa quer que pensemos que o criminoso é Protógenes Queiroz, um policial assalariado que trabalhou pelo benefício do país, ao investigar a bandalheira criada por Daniel Dantas.
Enquanto a grande mídia criminaliza Protógenes Queiroz, nós, o povo brasileiro, perdemos o dinheiro que poderia melhorar as escolas freqüentadas pelas crianças pobres, ampliar a rede de saneamento básico, diminuir os impostos dos alimentos, construir casas populares, novos hospitais e mais universidades, contratar mais professores, melhorar o salário dos médicos dos hospitais públicos... Onde está o dinheiro? Foi para as contas do Daniel Dantas (e sabe-se lá de quem mais), no exterior , e nenhuma Veja, nenhuma Época se sensibilizam com isso.
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O Brasil é feito por nós. Só falta, agora, desatar os nós.Aparício Torelly, o barão de Itararé (1895-1971), humorista gaúcho
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NOTA: Escrevendo esta postagem eu me lembrei de um blogueiro que se diz evangélico mas tem como principal tarefa meter o pau nos evangélicos, nas igrejas, nas publicações, nos programas, nas pregações etc. Há alguns meses este gênio da blogosfera cristã foi capaz de colocar na foto do seu perfil no Orkut a imagem do crachá de uma das edições do programa Criança Esperança, da Rede Globo, do qual ele participou. É claro, o blogueiro solidário jamais publicará o que quer que seja contra a Rede Globo, não interessa quanta m. ela faça. Mas, já em relação aos evangélicos... Alguém chamaria este comportamento de "parcial" ou "honesto"?
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