A pergunta que não quer calar: por que a Rede Globo apóia Barack Obama? Não sou mineira, mas aprendi a desconfiar. Em 1989 a Globo apoiou o Collor, e deu no que deu. Depois, apoiou o FHC, e deu no que deu. Ele só não privatizou a Rede Globo porque ela já é uma privada. Uma empresa privada, antes que alguém pense mal.
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Alto lá, não tenho nada contra o Obama e acho interessante a idéia de um presidente estadunidense negro - ainda que sua condição de negro esteja a milhas (gostaram do "milhas"?) de distância da situação dos negros do Haiti, ou da maioria da África. Mas o Papa Doc era negro e eu não vi vantagem nenhuma nisso. Eu sou contra o aborto, por exemplo, e o Obama é a favor. Então, ser negro mas a favor do aborto acaba não sendo nenhuma vantagem. E os candidatos democratas, historicamente, concedem subsídios aos estadunidenses, o que prejudica as empresas de países menos desenvolvidos (e, nesse sentido, para o Brasil McCain soa bem melhor), assim como os presidentes socialistas da França sempre concederam subsídios aos agricultores franceses e ninguém gosta de tocar nesse assunto indigesto. Quanto às diferenças entre McCain e Obama, penso que são apenas cosméticas. Nenhum dos dois vai realmente mudar o sistema econômico e político que tanta desigualdade tem gerado e começar a distribuir renda. Aliás, eles não vão nem arranhar o sistema, muito pelo contrário.
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Muito bem. Quando a Rede Globo apóia alguém, eu já desconfio. Vi agora mesmo a reportagem do Jornal da Globo sobre as eleições e achei que só falta, agora, colocar o Obama na novela das oito para derrotar a Flora. Outro dia eu ouvi a Fátima Bernardes falar que era preciso "reduzir os gastos públicos". Pensei: "Será que a Globo precisa de outro financiamento tamanho família do BNDES? Mais um?" Ainda penso que o povo não é bobo, por isso acho que ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil. Semana que vem vou ligar para o Renato Aragão e sugerir que no próximo Criança Esperança o povo mais pobre seja proibido de ser extorquido, digo, de fazer doações. Tenho uma solução melhor: coloque o Boninho para doar mil reais. Isso seria uma medida educativa, um verdadeiro Criança Esperança, já que papai Boni não ensinou a criança a não jogar ovos podres nos pedestres, do alto de sua cobertura bancada pelo BNDES, digo, pela Globo, e a dor no bolso poderia fazer o jovenzinho repensar seu comportamento. O Boninho doaria mil reais e seria um exemplo, levando todos os seus coleguinhas a fazer o mesmo. Pronto: em menos de uma semana o Finança... perdão, o Criança Esperança arrecadaria mais do que já arrecadou em toda a sua história. Tenho muitas sugestões para tornar a Globo uma empresa ecologicamente correta, mas vou parar por aqui.
.Ah, eu me lembrei agora do apoio sorridente que a Globo deu à ditadura militar, e do número de concessões que o sr. Roberto Marinho recebeu. Bons tempos que continuam, aliás. Nossa, por que será que eu me lembrei disso agora? Alguém se lembra daquele programa, "A Semana do Presidente"? Tinha uma musiquinha, e eu me lembro do general João Figueiredo imponente, descendo sempre de algum avião. Ah, me desculpem, esse programa era do SBT. No final das contas, acho que só a Rede TV! não apoiou a ditadura, já que naquela época a emissora ainda não existia.
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Voltando à reportagem do Jornal da Globo, eu a achei a cara da Globo, mesmo. Uma edição de imagens primorosa, bastante manipuladora, e um texto totalmente parcial. É verdade que a emissora costuma fazer isso de forma mais sutil, ultimamente, mas acho que todo mundo anda muito empolgado com o Obama. O jornalista que fez a matéria conseguiu transformar a opinião de uma senhora religiosa e conservadora em atestado de insanidade. Se a Globo entrevistasse judeus, em Israel, provavelmente a maioria diria a mesma coisa que ela: são a favor do porte de armas e contra o aborto. Mas a Globo não dá um tiro no pé.
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Falando nisso, vou escrever uma cartinha para o Lula e pedir a ele que corte gastos, também . Para que manter dois órgãos oficiais de imprensa, no Governo? A Globo é mais eficiente, eu baixaria um decreto e declararia o outro desnecessário.
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