Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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5 de ago. de 2007

Mais um domingo...

Mais um domingo... Chegou agosto, e daqui a pouco o Natal, e de repente 2008... Hoje acordei bem cedo, apesar de ter dormido bem tarde ontem. Li, nesses dias, uma entrevista com três ex-prisioneiros da Base norte-americana de Guantánamo, em Cuba (revista Caros Amigos). Não consigo ficar indiferente às narrativas lidas. Cada relato é um soco no estômago, e a certeza de que o Imperialismo, em seu apogeu, leva-nos ao abismo. Guerras para sustentar a indústrtia bélica, para se obter petróleo, diamantes (em Sierra Leoa etnias diferentes brigam entre si, financiadas por nações européias que se ineressam muito mais pelas grandes jazidas da pedra preciosa que pelas vidas ali terminadas), bens naturais. "Nada substitui o lucro", como diria a TAM... Homem primata, capitalismo selvagem.
Na quinta-feira, em prosseguimento às manifestações que já acontecem há mais de dois meses (na verdade, praticamente três), os professores da rede pública de ensino foram mais uma vez às ruas, em passeata. Dessa vez, graças a Deus, a PM só nos observou. Cada ação do governador, em relação ao funcionalismo, tem demonstrado sua incompetência, pusilanimidade, falta de ética e de respeito com cidadãos que o ajudaram a se eleger. Ao final da caminhada, fizemos uma representação teatral da "navalhada", e dois professores se submeteream à navalha para fazer a barba em meio à multidão reunida. A brincadeira fez alusão à Operação Navalha, da Polícia Federal, na qual o governador Jackson Lago, um des seus secretários, Ney Belo, e dois de seus sobrinhos, além de outras pessoas, surgiram como prováveis envolvidos em escândalo de corrupção no Estado. Em nossas manifestações, sempre, muitas pessoas, muita disposição para lutar, coragem, determinação. Não fraquejamos, e parece-nos que a sociedade compreendeu o que significou a Lei 8592/2007, para o funcionalismo público do Executivo do Maranhão. Pais de alunos têm se reunido nas escolas de ensino fundamental para apoiar nossa luta. Mais e mais estudantes se juntam a nós. O governador, a cada dia, torna-se desacreditado. Na capital e no interior os educadores estão unidos, coesos,. determinados. É essa a nossa vitória. União e apoio popular. Os professores do ensino básico, que não receberam seus salários este mês, decidiram, nesta semana que passou, em assembléia (segundo colegas da Uema, havia de cinco a seis mil pessoas lotando o ginásio onde ocorreu a plenária), permanecer em greve. Entendemos que todas as ações do Governo, com o objetivo de nos intimidar, de nos amedrontar, têm sido inócuas. Sabemos que fomos vítimas de um grande golpe, de uma injustiça inominável. E não vamos desistir de lutar pelo acreditamos ser justo.
Antes de ontem dormi no acampamento, pela segunda vez. Muitas pessoas, durante toda a madrugada, ali permanecem. Sempre há alguém que traz um violão, um baixo, um instrumento de percussão. Eu aproveito e canto, de Chico Buarque a Gonzaguinha. J´pa me disseram que se eu for demitida já posso começar minha carreira solo, o que é um consolo diante da inflexibilidade do Governo :) E, no nosso acampamento, também há os que trazem comida, outros que compram sucos, refrigerantes, e compartilhamos tudo, até mesmo com os policiais militares que nos vigiam. Aliás, diga-se de passagem, o Governo fez com os policiais civis e militares um acordo excelente, que traria inúmeros benefícios à classe, para que não entrassem em greve, há cerca de três meses. Contudo, chegada a hora de colocar as promessas em prática, nada se fez. O que mais ouvi durante a passeata foram palavras de apoio de policiais militares. O mundo dá voltas!
Após o ato público, em frente ao Palácio dos Leões, voltei para buscar meu carro perto da Praça Deodoro. E, passando em frente ao que foi o colégio Marista, vi um contâiner de lixo de um prédio aberto e, em meio aos detritos, três crianças e um senhor, que parecia ser o pai. No chão, um dos meninos abria com rapidez um saco cheio de maçãs podres. Levava à boca e comia o pouco que ainda restava de bom nas frutas. Parei e fiquei olhando, não consegui dizer nada. Pensei que gostaria de ter como tirar uma fotografia. Mas depois achei muito bom não ter registrado aquela cena -- seria humilhante, mais do que já era, para um pai e seus filhos, ser registrados como se fossem animais em um zoológico. Geralmente pensamos assim, quando vemos pessoas em condições desumanas. Queremos registrar seu sofrimento. Manuel Bandeira escreveu a poesia O Bicho, que pude reler há poucos dias. Foi o que senti quando vi tudo aquilo. Mas os bichos, meu Deus, eram homens que comiam restos do lixo.
Hoje ainda devo receber, em minha casa, uma aluna da Universidade Federal que me pediu para orientá-la em sua monografia de final de curso. Hoje, domingo! Mas era o dia possível, sábado é dia de ser resolver muita coisa. Hoje é dia também de comprar as revistas semanais, os jornais, e já começar a ler o que rola... Mais tarde será a hora do cinema, e mais uma vez penso em ir à igreja (A qual? Sempre me pergunto o mesmo). Bom, desejo uma ótima semana aos que lêem este desabafo. Mais uma semana de trabalho, luta, estudo, vida. E Deus conosco, sempre, nos fortalecendo, guiando, conduzindo, consolando. Coragem para todos nós, que vida ainda temos de sobra -- sirva quente e adoçe agosto!

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