Meus oito anos
A poesia vem com a tarde,
que, lenta, desce do céu;
há sombras claras entre as mangueiras
e a leve areia zune sob um pé-de-vento.
A água é uma constante,
como as espirais de fumo
anunciando o jantar.
Tempo d'infância perdido, eu venho te procurar,
com meus pés de sonho eu piso
os caminhos doutra idade,
com os olhos do meu sonho eu busco
as nuvens e os carneirinhos
que em rebanho enchiam o azul.
Hoje tudo está mudado
e eu mudei, já não sou...
serão de outras infâncias
os caminhos que busquei.
Aurora Felix
São Luis, 1967
In: Poemas Brancos, Rio de Janeiro: Tavares e Tristão - Gráfica e Editora de Livros Ltda., 1991, p. 20.
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