Chorou. Chorou como não chorava costumeiramente, porque não era costume chorar. Ouvia a valsa, costumava ouvi-la e imaginava-se sem paredes ou espaços marcados, no limiar do que era a sensação de liberdade e sonho. Pensava azul, pensava céu, pensava anjos e harpas e a docilidade das emoções, a sutileza dos gestos, a leveza, os sons... Mas lhe era pesado o sono para que à noite, na morte momentânea do fechar os olhos, o sono viesse como a berceuse de Brahms. Então era possuída pelos sonhos e ela os possuía com ao pão o faminto, porque era preciso sonhar e ver o futuro como um sonho bom e calmo do qual não acordaria para o pesadelo da vida tenho-que-ter, da vida não-posso-ter que era a sua.
E depois do choro veio o silêncio. E o silêncio lhe era vazio, como era vazio de sentido todo o seu universo e o sofrimento, a dor, a sensação de se estar só e envelhecer, caminhar para a morte a cada passagem do ponteiro. E isso lhe parecia sufocante, o tempo de esvaía como grãos em uma ampulheta e ela sofria!
E depois? Depois uma euforia desnecessária, como se a obrigação de quem sofre fosse seguir com um sorriso inútil e palavras vagas. O enlevo, não o tinha. A felicidade parecia-lhe, na vida, um instante fotográfico: breve e eterno.
Sentiu-se cansada e seu cansaço não era sagrado como o cansaço de quem faz o pão, de quem cultiva a terra. Cansava-se porque era de praxe cansar-se da vida e esperar a morte, porque a fadiga lhe justificava a euforia passada, a euforia estúpida a que se sentia obrigada a submeter-se, como se sua ausência fosse o peso da dor, não a leveza da calma, o vazio de qualquer sentimento.
E depois? E depois? Haveria a brisa suave e o contato digno com outro ser humano? Então o contato quente, o sorriso espontâneo, a calma sagrada, palavras exatas, gestos firmes, atos justos, vida diferente, sabia-se eterna. Dançaria ao som da banda na praça, esperando, sem cansaço, a vida.
E depois do choro veio o silêncio. E o silêncio lhe era vazio, como era vazio de sentido todo o seu universo e o sofrimento, a dor, a sensação de se estar só e envelhecer, caminhar para a morte a cada passagem do ponteiro. E isso lhe parecia sufocante, o tempo de esvaía como grãos em uma ampulheta e ela sofria!
E depois? Depois uma euforia desnecessária, como se a obrigação de quem sofre fosse seguir com um sorriso inútil e palavras vagas. O enlevo, não o tinha. A felicidade parecia-lhe, na vida, um instante fotográfico: breve e eterno.
Sentiu-se cansada e seu cansaço não era sagrado como o cansaço de quem faz o pão, de quem cultiva a terra. Cansava-se porque era de praxe cansar-se da vida e esperar a morte, porque a fadiga lhe justificava a euforia passada, a euforia estúpida a que se sentia obrigada a submeter-se, como se sua ausência fosse o peso da dor, não a leveza da calma, o vazio de qualquer sentimento.
E depois? E depois? Haveria a brisa suave e o contato digno com outro ser humano? Então o contato quente, o sorriso espontâneo, a calma sagrada, palavras exatas, gestos firmes, atos justos, vida diferente, sabia-se eterna. Dançaria ao som da banda na praça, esperando, sem cansaço, a vida.
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Mayalu Felix
12/01/1992
Mayalu Felix
12/01/1992
2 comentários:
Oi, Maya! Obrigado pela visita ao meu blog. Coisa boa saber que estou sendo lido aí em São Luis. Sou pesquisador também, mas em uma área bem diferente (microbiologia do solo). Felicidades para ti e para a Líliam!
Abraços
Kayser
Incrível, minha irmã é bióloga também e uma exímia desenhista!!! Qual seria a relação??? :)
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