Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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11 de set. de 2007

O Maior Cântico


Beije-me com os beijos da sua boca; porque melhor é o seu amor do que o vinho. Para cheirar são bons os teus ungüentos; como ungüento derramado é o teu nome; por isso, as virgens te amam. (...)

O meu amado é para mim um ramalhete de mirra; morará entre os meus seios. Como um cacho de Chipre nas vinhas de En-Gedi, é para mim o meu amado. (...) Eis que és gentil e agradável, ó amado meu; o nosso leito é viçoso. As traves da nossa casa são de cedro, as nossas varandas , de cipreste.

Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos; desejo muito a sua sombra e debaixo dela me assento; e o seu fruto é doce ao meu paladar. Levou-me à sala do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor. Sustentai-me com passas, conforta-me com maçãs, porque desfaleço de amor. A sua mão esquerda esteja debaixo da minha cabeça, e a sua mão direita me abrace.


Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, pelas gazelas e cervas do campo, que não acordeis nem desperteis o meu amor, até que queira. Esta é a voz do meu amado; ei-lo aí, que já vem saltando sobre os montes, pulando sobre os outeiros. O meu amado é semelhante ao gamo ou ao filho do corço; eis que está detrás da nossa parede, olhando pelas janelas, reluzindo pelas grades.

O meu amado fala e me diz: "Levanta-te, amiga minha, formosa minha, e vem. Porque eis que passou o inverno: a chuva cessou e se foi. Aparecem as flores na terra, o tempo de cantar chega, e a voz da rola ouve-se em nossa terra. A figueira já deu os seus figuinhos, e as vides em flor exalam o seu aroma. Levanta-te, amiga minha, formosa minha, e vem. Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras, mostra-me a tua face, faze-me ouvir a tua voz, porque a tua voz é doce, e a tua face, aprazível."

O meu amado é meu, e eu sou dele; ele apascenta o seu rebanho entre os lírios.

"Que é o teu amado mais do que outro amado, ó tu, formosa entre as mulheres? Que é o teu amado mais do que outro amado, que tanto nos conjuraste."

O meu amado é cândido e rubente; ele traz a bandeira entre dez mil. A sua cabeça é como o ouro mais apurado, os seus cabelos são crespos, pretos como o corvo. Os seus olhos são como os das pombas junto às correntes de águas, lavados em leite, postos em engaste. As suas faces são como um canteiro de bálsamo, como colinas de ervas aromáticas; os seus lábios são como lírios que gotejam mirra. As suas mãos são como anéis de ouro que têm engastadas as turquesas; o seu ventre, como alvo marfim, coberto de safiras. As suas pernas, fundadas sobre bases de ouro puro; o seu aspecto, como o Líbano, excelente como os cedros. O seu falar é muitíssimo suave; sim, ele é totalmente desejável. Tal é o meu amado, e tal o meu amigo, ó filhas de Jerusalém.

Trechos de Cantares, ou Cântico dos Cânticos, Bíblia Sagrada.
Fotografias: imagens do Líbano.

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