Soneto nº XI
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
Luís de Camões, 1595
(1524-1580)
- Luís Vaz de Camões (cerca de 1524 — 10 de Junho de 1580) é frequentemente considerado o maior poeta de língua portuguesa e dos maiores da Humanidade. Sua genialidade é comparável à de Virgílio, Dante, Cervantes ou Shakespeare. Das suas obras, a epopéia Os Lusíadas é a mais significativa.
- Nascimento: 1524 ou 1525, provavelmente em Lisboa ou Coimbra, Portugal;
Falecimento: 10 de junho de 1580, em Lisboa, Portugal. - Ocupação: poeta;
Escola/tradição: Barroco e Classicismo.
FONTES: Arquivo pessoal e web / GRAVURA: Luís de Camões. Gravura em cobre de Fernando Gomes. É o único retrato do poeta reproduzido do natural.
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