Bossa eterna
A história já é bem conhecida: poeta e diplomata, homem encasacado nos versos e na profissão, rende-se ao canto da sereia trigueira da música popular. É a história de um trânsito que se tornaria definitivo em nossas artes, aquele entre a cultura erudita e a popular. Vinicius de Moraes (1913-1980) é a grande figura desse conúbio que deu certo. A partir dos anos 50, o poeta migrou mais e mais para os domínios da canção, ajudando a forjar a bossa nova e a chamar atenção para uma coisa que já era óbvia em grandes sambistas como Noel Rosa e Cartola, mas que muita gente preconceituosa não sabia: que a canção popular brasileira atingira picos de qualidade que só se equiparavam ao melhor da poesia da época. É o caso dessa reunião das letras do "poetinha". Pedras de toque fundamentais como "Água de Beber", "Brigas Nunca Mais" e "Garota de Ipanema" estão no volume, testemunhando o poder, a beleza, a densidade emocional e a inteligência desse poeta de livros e canções e de uma cidade: o Rio de Janeiro.
Livro de LetrasVinicius de Moraes
Companhia das Letras
208 págs., 42,50 reais
Nota extraída da revista Vida Simples de setembro/2007, ed. 57, p. 75.
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