Atenção, Brasil. Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou: o petismo não vai largar o osso.
Em visita à Venezuela, Meca do populismo golpista, o presidente apoiou a lei da reeleição infinita de Hugo Chávez. E disse que no Brasil, no momento em que o país tiver “instituições consolidadas” e “liberdade política”, isso vai acontecer.
Lula tem razão: o Brasil ainda é uma democracia frouxa. Se fosse uma democracia de verdade, o Congresso Nacional o questionaria imediatamente sobre essa suposta falta de liberdade política para eternizar o governante no poder.
O que Lula quis dizer com isso? Ninguém vai perguntar a ele? Não. Padinho Ciço falou, tá falado. E o Brasil, como se sabe, não tem oposição.
É bom ver Lula à vontade na Venezuela, exaltando a maravilhosa democracia chavista. É ali que sua coceira autoritária dá as caras. É bom lembrar que o ex-operário tem essa coceira.
É bom lembrar que o “ministro Dirceu” continua despachando com o primeiro escalão do governo, como se viu na agenda de Nelson Jobim.
É bom lembrar da megalomania expansionista para o Banco do Brasil.
E da promiscuidade entre a Caixa Econômica e a Petrobras nos negócios de Estado.
E da lavagem cerebral esquerdista no concurso do Ipea.
E da mordaça terceiro-mundista do Itamaraty.
E da cruzada de Tarso Genro contra a imprensa burguesa, que dá azia no chefe.
E do uso da Polícia Federal como polícia política (na democrática Venezuela deve ser comum esse negócio de espionar advogados, novidade por aqui).
A iniciativa privada também pode contribuir com o plano popular revolucionário: na Venezuela, Lula e Chávez foram visitar um “projeto agrário socialista” de 2 bilhões de dólares bancado pela Odebrecht. Só rindo.
Enquanto o Brasil não chega ao nirvana chavista, continua sendo uma democracia vagabunda. Partidos como PSDB e DEM, que também só pensam naquilo, são incapazes de uma crítica responsável ao devaneio lulista. Ficam pelos cantos, se roendo de ciúmes dos 80% de popularidade, torcendo pela crise.
Fica então combinado assim: quando o Brasil tiver instituições consolidadas e liberdade política, será como a Venezuela.
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Texto de Guilherme Fiuza, jornalista, autor de Meu nome não é Johnny, que deu origem ao filme. O autor escreveu também os livros 3.000 Dias no Bunker, reportagem sobre a equipe que combateu a inflação no Brasil, e Amazônia, 20º Andar, a aventura real de uma mulher urbana na floresta tropical. Em política, foi editor de O Globo e assinou em NoMínimo um dos dez blogs mais lidos nessa área.
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