Consulesa presenciou confissão de brasileira, diz repórter suíço
As muitas contradições no relato de Paula Oliveira levaram a polícia a desconfiar de sua versão desde o início, mas foi um detalhe aparentemente insignificante que a levou a confessar a farsa: um teste de gravidez caseiro, que disse ter comprado numa loja da Migros, a maior cadeia de supermercados da Suíça.
Quando a polícia disse que a Migros não vendia o teste, Paula não resistiu mais à pressão e finalmente confessou: gravidez e ataque haviam sido inventados. Os detalhes foram passados à Folha pelo jornalista suíço Alex Baur, que revelou a confissão um dia antes no semanário "Die Weltwoche".
Baur disse que viu na tela de um computador as duas confissões assinadas na presença da consulesa do Brasil em Zurique, Vitoria Cleaver. A diplomata, segundo as fontes de Baur, era a única pessoa presente no quarto do Hospital Universitário de Zurique, onde foi feita a confissão, além dos policiais.
A reportagem pegou a Procuradoria Geral de Zurique de surpresa, levando-a à decisão de divulgar ontem a confissão. Foi aberta uma investigação para apurar quem foi o responsável pelo vazamento ao "Die Weltwoche", já que violação de sigilo de Justiça por uma autoridade pública é crime na Suíça. "Sim, estou sendo investigado", confirmou Baur. A Procuradoria de Zurique reconheceu que a investigação dificilmente conduzirá a um indiciamento, pois não há provas de que o autor do vazamento foi um policial.
Itamaraty
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores informou, por meio de sua assessoria, que o Itamaraty continuará a prestar assistência à brasileira Paula Oliveira, 26, que disse ter sido vítima de um ataque de skinheads na Suíça no último dia 9. Entretanto, o órgão não quis se manifestar sobre as declarações do Ministério Público de Zurique, que divulgou hoje que a jovem teria confessado que mentiu sobre as agressões que sofreu e também sobre a gravidez.
De acordo com o ministério, o consulado brasileiro na Suíça acompanha o processo contra a brasileira e trabalha para garantir que Paula não seja vítima de "nenhuma discriminação, nem de nenhuma ilegalidade".
O Itamaraty informou ainda que aguarda a conclusão das investigações da polícia suíça para se pronunciar formalmente sobre o caso.
Também, nesta quinta, o chanceler Celso Amorim, após reunião no começo da tarde com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não manifestou surpresa com a decisão do Ministério Público da Suíça: "Nós manifestamos nosso desejo que houvesse uma apuração, (...), eles garantiram que haveria apuração e é isso que está ocorrendo".
Amorim diz que o governo brasileiro continuará dando apoio a Paula, que conta com um defensor público suíço. Ela recusou as opções de advogado que o consulado ofereceu.
FONTE: Folha Oline
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