Pare agora. Pare com isso. Vá à raiz, vá ao centro, não se desvie, não seja prolixo nem perifrástico. Não seja redundante. Não se repita. Pare de usar seu passado, bom ou mau, pra se enaltecer. Pare de usar o que já houve em sua vida pra justificar o modo como você tem vivido. Tudo se fez novo, o passado é uma sombra. Pare de viver na sombra, viva na luz. Você é o único responsável por sua felicidade. Ou pela infelicidade. Não é o seu pai, nem a sua mãe, nem mais outro que tenha seguido seu caminho sem você. Por isso você não é tampouco responsável pela felicidade de ninguém. E ninguém deve nada a você, ainda que essa idéia alimente seu sentimento de autopiedade. Não fuja do erro, não fuja do cerco, não fuja do medo, não fuja. Você nunca enfrentou nada realmente sozinho - não, você não é um herói. Você não vai salvar o mundo, você não tem a verdade absoluta. Não olhe para quem está ao seu lado como inimigo porque ele pensa de outro modo. Não abdique de suas convicções para fazer parte do que quer que seja. Sobretudo, lembre-se de que você não deve nada a ninguém, a não ser o amor. Não se junte em grupos que exaltarão suas qualidades. Você não é Deus. Você não precisa se explicar o tempo todo, você já foi justificado. Sua fé não é motivo de orgulho, não é motivo de soberba, não é motivo de nada que não seja sua imensa vergonha por se ver nu diante do que é Perfeito. Pare de se olhar no espelho, pare de olhar pela janela, pare de olhar pela televisão, pelo monitor do computador. O ser humano com o qual você tem a imensa dívida do amor - esse amor que foi dado a você abundantemente, de graça, mas que custou um preço alto que você não pagou - não está nesses lugares. Ele está nas prisões, nos hospitais, asilos, orfanatos, lixões, favelas, esgotos, sinais de trânsito, prostíbulos, clínicas, calçadas, sarjetas. Estenda a mão e creia, você não é melhor do que ninguém. Porque o tesouro que você acha que está em você não é você. Está dentro de você, mas não é você.
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Mayalu Felix
São Luis, 06/11/2007
Texto postado aqui no Blog em seis de novembro deste ainda ano.
2 comentários:
Feliz Ano Novo, Mayalu Felix. E que 2008 tenha um senso de humor - mas que não seja impagável.
OK, André... Feliz ano novo pra você também...
Beijo,
Maya
: )
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