Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

FAÇA COMO EU: VISITE O BLOG DELES, E SIGA-OS TAMBÉM! :)

16 de nov. de 2007

Os cinco clichês mais amados das novelas

Existem clichês que são velhos como as telenovelas. Os autores se negam a se livrar deles. E, o mais importante - nós, espectadores, queremos que continue assim! Como um acordo secreto, uma piscada entre os que fazem e os que assistem. É falso, e daí?


  1. Ninguém usa camisinha em novela. O bonitão olha para a bonitona. Vão para a cama. Em poucos capítulos ela procura, aflita, o galã. "Miguel, precisamos ter uma conversa séria!" "Que tipo de conversa, Luciana?" "Miguel, eu... eu... eu estou grávida!" Filhos indesejados são sempre bem-vindos em novelas. Eles implicam sugestões de aborto, testes de DNA, brigas intermináveis, disputas na Justiça, heranças repentinas. Ligam personagens para sempre. Já os filhos desejados, frutos do amor puro e verdadeiro, aparecem aos montes no último capítulo. São meses de explosão populacional descontrolada.

  2. Todo mundo abre a porta para qualquer um. [NOTA: e isso no Rio de Janeiro, é mole???] No condomínio de luxo, a campainha toca de repente. O dono do apartamento abre a porta. É seu maior inimigo. "O quê?! Você por aqui?!" Ora, o prédio não tem porteiro para avisar que alguém está subindo? Quando alguém toca a campainha, o morador ainda teria a chance de dar uma espiada pelo olho mágico. Mas ninguém olha pelo buraquinho. Mesmo sem olhar, duas palavrinhas mágicas resolveriam o problema: "Quem é?" Ninguém pergunta. Abrem a porta de supetão e sempre levam um susto.

  3. Para que telefonar se é mais difícil se deslocar? Novelas precisam de encontros pessoais. Troca de olhares, ameaças de bofetões... Isso não se resolve por telefone. Então os personagens precisam visitar uns aos outros pessoalmente. É uma das frases mais repetidas em novelas: "Oi, eu estava passando e resolvi fazer uma visitinha...". O cara pode morar a 30 quilômetros de distância. Ele enfrenta a hora do rush e toca a campainha (ver o item 2).

  4. Gente de classe média baixa grita muito. Toda novela tem uma família de classe média baixa meio idiotizada que vive comendo e que grita o tempo todo: "MÃE, O TONINHO PEGOU O MOLHO DO MACARRÃO TODO PRA ELE!", "AH, CALA A BOCA, ABELARDO, NÃO ME COMEÇA COM ESSAS FRESCURAS DE NOVO!".

  5. Gente rica tem um único destino na vida. Não sei quem inventou que o prazer máximo desta vida está em ir a Paris encher a cara de champanhe [NOTA: Que absurdo!!! Paris é uma cidade horrível e champagne... argh!!!]. Esse clichê é repetido eternamente. O conceito de felicidade se resume a Suzana Vieira [NOTA: OK, eu concordo, nada a ver a Suzana Vieira! Por que não eu???] tomando mais uma taça em algum bateau do Sena, com aquela sanfoninha ao fundo [NOTA: Putz, cara, a gente chama de acordéon... Fica esperto pro glamour da coisa, OK?]. Eu não dispensaria um convite [NOTA: Aham... confessou, hein?!], mas daí a achar que esse é o ideal perfeito de programa em todo o planeta vai uma certa distância [NOTA: "Certa" é uma gentileza sua... É uma distância horrível! De São Paulo a Paris, sem escalas, são 13 horas de vôo! Fala sério!]. Nessas cenas em Paris sempre é pôr do sol, há flores por todos os lados, os garçons são gentis, os preços não provocam infarto em ninguém [NOTA: Vamos lá: Veja... na primavera há flores por todos os lados, mesmo, paciência se na sua cidade não tem isso - OK, na minha também não tem - e no verão o pôr do sol é incrível, por causa da poluição - o efeito da luz fica sensacional. Os garçons são gentis, só não tente falar ingrêis com eles, porque eles ficam logo não-gentis. Os preços assustam, mas, perto de Roma ou Milão, Paris é uma pechincha. Pela sua lógica, a Itália é AVC e morte súbita].
***
Texto de Dagomir Marquezi publicado na revista Época nº 495, de 12/11/2007, p. 141.
FOTOS: web

Nenhum comentário:

Marcadores

Comportamento (719) Mídia (678) Web (660) Imagem (642) Brasil (610) Política (501) Reflexão (465) Fotografia (414) Definições (366) Ninguém Merece (362) Polêmica (346) Humor (343) link (324) Literatura (289) Cristianismo (283) Maya (283) Sublime (281) Internacional (276) Blog (253) Religião (214) Estupidez (213) Português (213) Sociedade (197) Arte (196) La vérité est ailleurs (191) Mundo Gospel (181) Pseudodemocracia (177) Língua (176) Imbecilidade (175) Artigo (172) Cotidiano (165) Educação (159) Universidade (157) Opinião (154) Poesia (146) Vídeo (144) Crime (136) Maranhão (124) Livro (123) Vida (121) Ideologia (117) Serviço (117) Ex-piritual (114) Cultura (108) Confessionário (104) Capitalismo (103) (in)Utilidade pública (101) Frases (100) Música (96) História (93) Crianças (88) Amor (84) Lingüística (82) Nojento (82) Justiça (80) Mulher (77) Blábláblá (73) Contentamento (73) Ciência (72) Memória (71) Francês (68) Terça parte (68) Izquerda (66) Eventos (63) Inglês (61) Reportagem (55) Prosa (54) Calendário (51) Geléia Geral (51) Idéias (51) Letras (51) Palavra (50) Leitura (49) Lugares (46) Orkut (46) BsB (44) Pessoas (43) Filosofia (42) Amizade (37) Aula (37) Homens (36) Ecologia (35) Espanhol (35) Cinema (33) Quarta internacional (32) Mudernidade (31) Gospel (30) Semiótica e Semiologia (30) Uema (30) Censura (29) Dies Dominicus (27) Miséria (27) Metalinguagem (26) TV (26) Quadrinhos (25) Sexo (25) Silêncio (24) Tradução (24) Cesta Santa (23) Gente (22) Saúde (22) Viagens (22) Nossa Linda Juventude (21) Saudade (21) Psicologia (18) Superação (18) Palestra (17) Crônica (16) Gracinha (15) Bizarro (14) Casamento (14) Psicanálise (13) Santa Casa de Misericórdia Franciscana (13) Carta (12) Italiano (12) Micos (12) Socialismo (11) Comunismo (10) Maternidade (10) Lêndias da Internet (9) Mimesis (9) Receita (9) Q.I. (8) Retrô (8) Teatro (7) Dããã... (6) Flamengo (6) Internacional Memória (6) Alemão (5) Latim (5) Líbano (5) Tecnologia (5) Caninos (4) Chocolate (4) Eqüinos (3) Reaça (3) Solidão (3) TPM (2) Pregui (1)

Arquivo