Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

FAÇA COMO EU: VISITE O BLOG DELES, E SIGA-OS TAMBÉM! :)

30 de nov. de 2007

C.A.N.S.A.D.A.

Amigos,

Hoje não vou postar nada... Na verdade, já estou postando, isso tudo é muito dialético. Tenho tanto trabalho (não é desculpa esfarrapada, não, é trabalho, mesmo) que a idéia de digitar um texto maior aqui no Blog me desanima. Por isso, ultimamente, tenho postado tantas fotos... Estou com muitos textos interessantes, do Chomsky, do Saussure, do Marcos Bagno, além de uma reportagem excelente que foi publicada na revista Nova Escola, outra que saiu na revista Vida Simples, outra da Caros Amigos e assim por diante. Quando comecei essa história de Blog podia passar o dia inteiro em frente ao computador, copiando, digitando, escrevendo etc. Agora sinto que o ânimo arrefeceu. Seja por conta do trabalho, seja por conta da vida particular, seja por conta de qualquer outra coisa. Continuo amando fazer o Blog, e vou continuar a fazê-lo, mas esta semana já me consumiu muitos ATPs, preciso descansar e nem isso consigo. Agora mesmo vou sair da net, começar a trabalhar, correr pra Universidade, depois aula às 18h30, aí termino às 22h, chego em casa, tomo um banho e desabo.

Ei, alguém aí não quer fazer um clone de mim??? Aliás, aceito contribuições! Me mandem textos! Que legal, hein??? Mandem para o e-mail!!! Leilyane, help me! Liliam, help me! Davi Miranda, au secours!!! Alors, mes amis, au secours!

Bjos,

Maya

: )

29 de nov. de 2007

Primeiro dia de aula...

Hoje foi, de fato, minha primeira aula neste novo semestre "fora de época". Língua Portuguesa, curso de... Administração. Noturno. Confesso que quando soube que havia sido designada para a turma da Administração, fiquei assim, meio sem saber... Me vi no meio de textos explicativos acerca de planilhas, relatórios, projetos e eu lá, traumatizada com o choque de gestão.

Então hoje, último horário, lá fui eu. É uma turma de calouros, muitos já fazem outro curso. Há um rapaz que faz Design (Desenho Industrial, gente!) na Federal, uma moça que fez Artes Plásticas, alguns que fazem Direito, Turismo, Biologia, Engenharia da Computação... Já outros experimentaram aqui e ali Matemática, Engenharia(s) e muitos querem, ainda, fazer Direito, Engenharia, Odontologia... Que eclético, não?

A turma é quase totalmente formada por jovens entre 18 e 22 anos. Há um estudante de 24 anos já casado e outro que tem a minha idade. No mais, "nossa linda juventude"...

Penso no que levar. Que textos. Que ninguém espere de mim cópias dos conselhos do "Max Gheringher", da revista Época. Vamos trabalhar com leitura e escrita. Resumos, resenhas, paráfrases, dissertações. Capacidade de síntese, senso crítico, exercício e aperfeiçoamento do que eles já possuem, que é o domínio da língua escrita. Mas vou precisar de textos. Já tenho algumas idéias, vamos ver.

O que eu acho é que eles são meio que "heróis"... Muitos trabalham, estudam de manhã, de tarde e de noite, fazem um malabarismo enorme e estão lá, às 20h20, para assistir aula até as 22h. Então não quero fazer da minha aula a tortura da noite. Não quero que ninguém tenha pesadelos imaginando como será a avaliação.

Vamos trabalhar com textos dentro do contexto... Com a perspectiva de que a língua serve o usuário, naquilo que ele necessita, em diferentes usos e situações. Infelizmente, a idéia que se tem de uma aula de português é a de um apanhado de regras enfadonhas, uma nomenclatura horrorosa, decorar, decorar, decorar... e se ferrar. Mas eu não penso assim. Não somos escravos da língua. Muito pelo contrário: ela deve ser nossa aliada. Precisa andar conosco em sua infinita flexibilidade a fim de nos auxiliar em nossos objetivos - seja no trabalho, com a turma de amigos, com o (a) namorado (a)... A língua, de fato, nos serve. Não somos seus escravos. Os compêndios, gramáticas, tratados e manuais é que nos fazem submissos a aberrações do tipo "Oh, a rosa? Dá-me-la!". Como diz o Luís Fernando Veríssimo, "a Gramática precisa apanhar todo dia, para saber quem é que manda" (abraços, Leiliane!).

Meus caros alunos de Administração, esse texto é pra vocês. Abraços e até sexta-feira! À noite! Das 18h30 às 22h! Putz!

***


O Gigolô das Palavras


Luís Fernando Veríssimo

Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo portava seu gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa ("Culpa da revisão! Culpa da revisão !"). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.
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Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando possível surpreender, iluminar, divertir, mover... Mas aí entramos na área do talento, que também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim, gente em geral pouco comunicativa. Aquela sombria gravidade que a gente nota nas fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz de pé, certo, mas ele não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.
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Claro que eu não disse isso tudo para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em Português. Mas - isso eu disse - vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão indispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou um gigolô das palavras. Vivo às suas custas. E tenho com elas exemplar conduta de um cáften profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas. Não me meto na sua vida particular. Não me interessa seu passado, suas origens, sua família nem o que outros já fizeram com elas. Se bem que não tenho o mínimo escrúpulo em roubá-las de outro, quando acho que vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.
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Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a deferência de um namorado ou a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria a sua patroa ! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em público, alvo da impiedosa atenção dos lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias pra saber quem é que manda.
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***
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NOTA: Tirando a abordagem machista e violenta sutilmente entranhada neste texto, o que é lamentável... Vamos considerar humor como humor, mesmo que seja assim, meio... discriminatório... Putz! Ah, em tempo: Foi a Líliam Teresa quem me enviou este texto.

28 de nov. de 2007

O HOMEM NÃO FOI À LUA


Podem me chamar de louca, mas EU NÃO ACREDITO QUE O HOMEM FOI À LUA. OK, se foi tão fácil, por que nunca mais voltou? E por que a bandeira estadunidense tremulava, em um lugar sem ar? E por que as sombras? Sei não... Esse é um dos pontos da Teoria da Conspiração, da qual sou adepta. Também acredito que foi o serviço secreto norte-americano, que tem diversas agências, quem explodiu as Torres Gêmeas, a fim de justificar moralmente a invasão do Iraque. O que justificaria, diante do povo estadunidense, uma invasão sem nenhuma razão "moral"? A própria ONU desaprovou a invasão. Não havia "armas químicas", nunca houve. O que o Bush queria (e quer!) é o petróleo... Procurem na Net, se vocês forem realmente somar 2 + 2... Putz, não vai dar 4! O Sebron já foi militar, serviu na base na Alemanha durante nove anos (Air Force)!!! Quando ele veio ao Brasil era um lance de "baby, os EUA defendem o mundo pra cá, o Bush é um grande presidente pra lá..." Ok, fomos conversando... ele voltou aos EUA... Começou a perceber... Votou em Al Gore, claro (o que também não é lá grande coisa...)! Fez campanha anti-Bush ferrenha!
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Mas, voltando à Teoria da Conspiração... Isso vai muito além da imaginação... La vérité est ailleurs... Isso é X-Files (tem muito de Stephen King, Howard P. Lovecraft, George Orwell, Aldous Huxley... E mais outros aí, dos quais não me lembro o nome...) que eu só comecei a ver e gostar em Paris, por causa do Paul Silverstein, completamente fã desse negócio (uma vez A GENTE IA JANTAR FORA, lá eu me arrumo impécable, e ele chega e me propõe ficar em casa para... ver X-Files!!! : 0) Hoje eu entendo, OK?! E mais: Elvis não morreu...
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Abraços,
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Maya...
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: P
"Nossa verdadeira nacionalidade é a humanidade."
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H. G. Wells
1866 - 1946

I.M.A.G.E.N.S

Os amigos do my friend Sebron Snyder, em Dallas, Texas, Estados Unidos da América... Colored people!


Parc des Buttes Chaumonts, Paris... lugar idílico, tranqüilo...

Vista da fachada do Hôtel Le Sénéchal, em Ars-en-Ré, Île-de-Ré, sudoeste francês. Pense num lugar de sonho...

Uma cave no museu do Louvre...


My friend Sebron Snyder, a photographer! Ele nasceu no Mississipi, onde até a década de 70, nos cinemas, crianças negras se sentavam de um lado do cinema e crianças brancas do outro... Isso acontecia mesmo após Martin Luther King, Jr., Malcom X e os Panteras Negras. Como se vê, black wasn't so beautiful... O melhor do Sebron é ouvi-lo imitar seu avô falando com aquele sotaque muuuito típico da comunidade negra do Sul dos EUA... Ele também sabe imitar os brancos do Sul (é completamente diferente!), mas não se sente bem quando imita. O filme Tempo de Matar, com Samuel L. Jackson, se passa na cidade onde Sebron nasceu e cresceu, Canton (Mississipi).

Uma foto do carro do Sebron; os americanos têm uma fixação com carro, putz!

A mãe do Sebron, Barbara, seu "pai-drasto" (que é a cara do Morgan Freeman) e uma de suas irmãs.

Sebron trabalhando... esse chapéu... putz! Só morando no Texas, né?!

Euzinha aqui no Museu do Louvre de novo. Muito bom, ir por lá. Eu recomendo.

Avenida principal de Saint-Tropez, cidade do sul da França eternizada por Brigitte Bardot. Lugar lindo... e caro.
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FONTE: Arquivo pessoal!

Calvin & Hobbes


Para ampliar a imagem, clique nela! : P
FONTE: Arquivo pessoal!

Cecília Meireles [3]

"Pelos caminhos do mundo,

nenhum destino se perde:

há os grandes sonhos dos homens,

e a surda força dos vermes."



Cecília Meireles

1901 - 1964
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FOTOGRAFIA: Che Guevara. FONTE: Portal UOL.

"Os anjos e os poetas são os únicos que não riem dos loucos."
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Mário Quintana
1906 - 1994

26 de nov. de 2007

ADIVINHA O QUE É?

FOTOGRAFIA: Mayalu Felix - Alcântara, Maranhão.

O amor é o quê? Dá-se inteiramente, faz sem ser pedido, ama o que não é amável, secretamente deseja o bem ao desafeto. Amor de paixão quer beijar na boca como se fosse a primavera, como se fossem os 15 anos, como se fosse a primeira e a última vez. Amor quer deitar juntinho na grama e olhar o céu de mãos dadas. Amor quer falar besteira, implicar com a bagunça do quarto, fazer comidinha só pro outro comer e ficar feliz. Amor não se importa com barriguinha, amor não quer corpo de modelo. Amor quer olhar apaixonado que atrapalha a respiração. Amor quer pé roçando no pé de noite, na cama, debaixo do edredom. Amor quer cheiro no cangote, que faz cosquinha e arrepia. Amor quer preocupação com o que você come, olha o colesterol, isso você não pode, já tomou o remédio hoje? Amor quer café fresquinho pra ver o final da tarde junto. Amor quer rir junto vendo filme antigo, ou recente, ou qualquer filme, o melhor é estar junto, não é o filme. Amor quer dengo, quer café na cama, quer tomar banho juntinho, esfregar as costas, lavar os cabelos. Amor quer ler poesias para o outro com voz de sereia, e se o outro dormir... ai, eu estou lendo pra você, acorda! Amor quer fazer amor com carinho uns dias, em outros quer entrar no cio. Amor quer tudo e nada. Amor quer amar, e chora quando pensa que o amado é tão lindo, e que ele é cheio de defeitos adoráveis, que combinam com os seus, ai será que ele acha meus defeitos adoráveis? Ai, será que ele me ama? Ai, você hoje está diferente. Olha, vamos discutir a relação, tô sentindo um clima estranho. Amor sabe que se for viver junto vai brigar, encher o saco, vai virar meio que "irmão", mas amor quer fazer compra de mercearia junto, quer lavar louça junto e fofocar sobre os problemas da família. Amor quer tudo, quer filhinho na barriga, quer filhinho chutando e mexendo, e o outro ouvindo e amando ouvir. Amor quer planos, mesmo sabendo que a morte chega um dia, essa indesejada das gentes. Indesejada dos que amam... Amor quer... Amor ama, amor curte solidão a dois, amor quer encher a casa de bichos e plantas, e o outro amor não quer, mas por que? Amor quer andar de mãos dadas, coisa besta, mas quando as mãos se tocam o corpo recebe uma descarga elétrica fatal, vai direto pro coração e acelera os batimentos! O Ministério da Saúde adverte: Amar faz bem à saúde. Amor é ungüento, amor é bálsamo, amor é aprendizagem. Amor é olhar pro lado, pro outro. Amor não cabe nessas linhas. Amor não cabe neste Blog. Cabe no colchão de amar, mas não neste Blog.

***
Mayalu Felix
26 de novembro de 2007!
Hoje!
São Luis, França Equinocial.
Fui à escola,
Fui.
De lá só não voltei eu
Como o que não esperava ser.

Não sabíamos era ser poesia!
Polissíndetos assíndetos oxímbolos
Pleonasmo.
Eu tu ele nós
Não sabíamos o indecifrável!

Éramos metáfora e ironia do que desejávamos.
A escola legou-me a seriedade,
Reproduziu-me o estéril,
A História torta,
A ideologia barata...
Claro, vários momentos bons
que eram para aliviar-me a carga
de haver outra pessoa me aprendendo.

Diferenças,
Desavenças,
Doenças,
Tudo acompanhou-me desde sempre,
A escola, agora meu eterno destino
de pequena-burguesia inteligente,
Tudo sempre muito importante,
Mesmo a data em que nasceu
D. Henrique, o Infante...

Mas hoje há o pomposo nome:
Universidade.
Evoluímos.

***
Mayalu Felix
Brasília, Detrito Federal,
20 de março de 1993.
***

FOTOGRAFIA do filme Carandiru. Fonte: Portal da UOL, web.

25 de nov. de 2007

Nada assim
tão deslumbrante,
encontrei o que sou aqui,
distante
diante da Catedral Invisível.
Direi só pra você,
amor, o indizível.
Sim, nada mais
machuca como antes,
sou toda tomada
por um torpor fulgurante
e o cinza desta estação
é todo meu, amor,
todo meu.
Mas quem sou eu, amor,
se já perdi quem eu era
há sete anos?
Vejo o vento varrendo
a calçada nua,
nua e ardendo
aqui estou,
sou sua.
.
A dívida,
certeza e dúvida,
agora não entendo tudo
como o sangue que se expande
sobre a calçada nua
e o cinza ardente da estação.
.
Não sou sua
não sou minha
responda agora, amor, antes do fim, até
quando?

***

Mayalu Felix
setembro/1993
Brasília
Detrito Federal


23 de nov. de 2007

Caros Amigos [29]

Chávez e o Império


O rei de Espanha mandou o presidente da Venezuela calar-se. A euforia tomou conta de todas as direitas, mas também deixou confusa muita gente boa. O que Chávez havia dito durante a Conferência da Comunidade dos Países Íbero-americanos? Que o ex primeiro-ministro espanhol, Aznar, é um fascista. O atual primeiro ministro da Espanha, Zapatero tomou a palavra para dizer que, embora tendo grandes divergências políticas com Aznar, achava que ele devia ser tratado com respeito. Zapatero não podia fazer diferente, tinha que se manifestar, porque sabia que seria cobrado na Espanha se houvesse se mantido em silêncio diante da crítica pública de Chávez. O que fez Chávez enquanto Zapatero falava? Mesmo tendo o som cortado, continuou a falar paralelamente, interrompendo Zapatero, insistindo em seus argumentos contra Aznar, lembrando que este havia apoiado o golpe de Estado que derrubou Chávez do poder por dois dias em 2002 (por ordem de Aznar o embaixador da Espanha foi o primeiro a reconhecer o governo golpista)... Chávez estava cheio de razão, mas, como muitas vezes, foi impulsivo, deselegante, infringindo a etiqueta da diplomacia etc. Nesse momento, impaciente, o rei Juan Carlos exclamou: “por que não se cala?” A imprensa das classes dominantes do Brasil exultou e aproveitou para achincalhar Chávez mais uma vez. Por que tanta animosidade contra Chávez?

Vejamos: quando Chávez foi eleito presidente da República pela primeira vez, em 1998, a Venezuela estava em falência política, suas classes dominantes, mergulhadas em profunda corrupção, desmoralizadas, não conseguiam mais governar. A maior riqueza do país, o petróleo, entregue às multinacionais de petróleo americanas, era partilhada por estas com as elites tradicionais e a alta classe média, ambas americanizadas, vivendo mais nos Estados Unidos que em seu país, seus filhos indo em massa estudar na Flórida, falando mais inglês que espanhol, acostumados todos a ver a Venezuela como uma fazenda de onde extraiam sua boa vida. A Venezuela é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e exporta a maior parte da produção para os Estados Unidos.
.
Chávez começou por questionar a dominação americana sobre o petróleo. Procurou fortalecer a capacidade de negociação da PDVSA (a empresa estatal venezuelana) com as multis. Além disso, constatando que as políticas das grandes potências haviam levado à redução brutal do preço internacional do petróleo (chegou a menos de 20 dólares o barril de 60 litros, isto é, petróleo estava mais barato que água mineral), assumiu a presidência da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) e desenvolveu uma política de valorização do preço do óleo. Isso causou ódio e remordimento nos Estados Unidos e nos outros países ricos. Chávez também tratou de retirar das classes dominantes locais parte dos benefícios que recebiam do petróleo para poder investir na melhoria de condição de vida da população trabalhadora, especialmente em educação, saúde, alimentação, habitação. Isso enfureceu os velhos setores dominantes venezuelanos. Também o governo direitista espanhol, então comandado por Aznar, se incomodava. Porque a Espanha, ainda que há muito derrubada de sua condição de potência colonialista na América Latina, mantém grandes investimentos e desenvolve grande influência política por aqui, na condição de país sub-imperialista.
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Os americanos, auxiliados pelo governo de Aznar, conspiraram com as classes dominantes locais pela derrubada de Chávez em 2002. Deram o golpe, mas não levaram, impedidos por um levante popular associado a uma tomada de posição de parte das forças armadas em favor legalidade. Chávez reassumiu tendo muito mais clareza de quem eram e como atuavam os inimigos do povo venezuelano. Aprofundou sua política de nacionalização do petróleo e de destinar os benefícios dessa riqueza para os mais pobres. Sabendo o tamanho da ameaça, tratou também de fortalecer as forças armadas venezuelanas, comprando armas para melhorar a qualidade da defesa do país, vizinho de uma super-armada e pró-americana Colômbia e de várias bases militares dos Estados Unidos. Como diz o velho ditado, “bobo é quem pensa que o inimigo dorme”. Chávez também mudou as leis do país, promoveu a elaboração de uma nova Constituição, reformou a Justiça e o Parlamento, reforçando a participação popular. Por tudo isso, Chávez é acusado de ditatorial. O interessante é que todas as mudanças promovidas por Chávez foram feitas à partir de eleições, plebiscitos e consultas à população. Desde 1998 realizaram-se dez eleições e plebiscitos no país. Nenhum governo em tempos atuais consultou tão freqüentemente a população como o venezuelano. Eleições cuja lisura não foi contestada por observadores internacionais. Chávez ganhou todas e por larga margem.

A oposição golpista, decidida a desmoralizar o regime político do país, esteve ausente de uma eleição. Comandou a abstenção, mas o povo votou em massa em Chávez e em seus candidatos ao Congresso. Resultado, com esse ato estúpido, apolítico, a oposição ficou sem representação nos poderes da República. E depois, saiu acusando Chávez de ditatorial.
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Certamente Chávez tem lá seus defeitos. Mas para se adotar uma posição madura sobre ele e seu governo, para ver com clareza no meio desse tiroteio é preciso levar em conta o principal. Registro três aspectos:

1) Trata-se de um governo antiimperialista, construindo a independência de seu país e, por isso, um poderoso aliado de todos os povos latino-americanos na luta contra as políticas imperiais que nos empobrecem e mantêm dependentes. O Brasil e todos os outros países do continente têm sido beneficiados pelas posições e políticas do governo de Chávez.

2) Também é preciso ver que ele vem promovendo políticas de melhoria das condições de vida da população trabalhadora e mais pobre da Venezuela e estimulando seu desenvolvimento econômico.

3) Todas as grandes decisões de governo têm sido respaldadas em eleições legítimas. Atualmente, a irritação oligárquica contra Chávez alcança um novo ápice. Isso porque seu governo está propondo uma nova reforma constitucional. Uma das propostas é ampliar a possibilidade de reeleição do presidente da República. O povo venezuelano vai votar livremente e dizer se apóia ou não essa proposta. Se apoiar, Chávez poderá se reelegr outras vezes. E o povo venezuelano irá conferir no futuro se tomou uma decisão acertada ou não. É seu direito, é sua responsabilidade. Isso é democracia, é ou não é? Ou democracia é comprar deputados e fazer passar uma emenda à Constituição no Congresso para permitir a reeleição do presidente, sem consultar a população, como fez FHC mudando a regra do jogo para ganhar um novo mandato em 1998? Isso é democracia ou é golpe? É golpe. Mas para a imprensa oligárquica FHC é o democrata impoluto. E Chávez é que é ditador? Poupem-nos de tanta hipocrisia!

***
Texto de Carlos Azevedo, jornalista, recebido por e-mail (correio Caros Amigos).
NOTA: grifos meus.

22 de nov. de 2007

Clarice Lispector

Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar
como entrei no inexpressivo
que sempre foi a minha busca cega e secreta.
De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo,
e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

***

FONTE: Web

Adélia Prado

Casamento


Há mulheres que dizem:

Meu marido, se quiser pescar, pesque,

mas que limpe os peixes.

Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,

ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.

É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,

de vez em quando os cotovelos se esbarram,

ele fala coisas como "este foi difícil"

"prateou no ar dando rabanadas"

e faz o gesto com a mão.

O silêncio de quando nos vimos a primeira vez

atravessa a cozinha como um rio profundo.

Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir.

Coisas prateadas espocam:

somos noivo e noiva.




Texto extraído do livro Adélia Prado - Poesia Reunida, Ed. Siciliano - São Paulo, 1991, p. 252.



NOTA: Já é a terceira vez que posto esta poesia aqui... Como me encanta! Que sublime, uma poesia que explode em luzes e bolhas de sabão, e as cores das bolhas de sabão na luz... Eu sinto essa alegria quando a leio. E quanta felicidade, quanta profundidade nessa coisa simples e besta que é o amor! E tão essencial... Como diz a Clarice Lispector... "Sinto a falta dele como se me faltasse um dente na frente: excrucitante".

Bisa


Bisa
Upload feito originalmente por Maya Felix
Eu tinha aqui um mês (?). Minha bisavó paterna, a "Vovó Áurea", segura em seus braços sua primeira bisneta... No sítio da minha infância, que já não existe mais. Minha bisa, que já não existe mais.

21 de nov. de 2007

É HOJE! 36 ANOS!

HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO!!!
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EU AGRADEÇO A DEUS, TODO PODEROSO, QUE ME FORMOU MISTERIOSAMENTE NO VENTRE DE MINHA MÃE, E DE LÁ JÁ SABIA QUEM EU SERIA, E QUE EU SERIA PARA ELE, PARA SUA HONRA, LOUVOR E GLÓRIA! ESTOU AQUI HOJE PORQUE ELE, ATÉ AQUI, TEM ME MANTIDO.
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AGRADEÇO A DEUS NOVAMENTE POR TER ME DADO O SEGUNDO NASCIMENTO, DO ESPÍRITO, POR MEIO DA MORTE E DA RESSUREIÇÃO DO MEU SENHOR, AMOR DA MINHA VIDA, JESUS CRISTO, MARAVILHOSO, AMIGO DE TODAS AS HORAS, CONSELHEIRO, PRÍNCIPE, DIGNO DE RECEBER TODA A GLÓRIA. AGRADEÇO AO SANTO ESPÍRITO PELO CUIDADO, PELA COMPANHIA, PELA MORADA QUE FAZ EM MIM. POR GUIAR MEUS PASSOS. POR ME AMAR, SIMPLESMENTE, ASSIM COMO ELE ME AMA.
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AGRADEÇO PROFUNDAMENTE OS MEUS PAIS, WILSON PAULO E EDITE, QUE ME GERARAM, CUIDARAM DE MIM, ME ENSINARAM TANTO, ME AMARAM E ME AMAM PROFUNDAMENTE!
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AGRADEÇO A DEUS POR TER ME DADO UM IRMÃO LINDO, O PAULO, QUE ESTÁ COM ELE HOJE. AGRADEÇO PELA VIDA DA PAULA, IRMÃ AMADA, E PELA VIDA DA LUIZA, DA LÍGIA, DA CLARA E DA MARINA, IRMÃZINHAS QUERIDAS QUE EU VI TÃO PEQUENININHAS E QUE CRESCEM EM INTELIGÊNCIA, GRAÇA E AMOR! E AGRADEÇO A DEUS PELA FAMÍLIA DA PAULA, PELO MARCELO, SEU MARIDO, E PELO DAVI, UMA LUZ QUE DEUS FEZ ENTRAR EM NOSSA FAMÍLIA, MEU SOBRINHO DE DOIS ANOS!
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AGRADEÇO A DEUS POR MEUS AVÓS E BISAVÓS, QUE TANTO ME ENSINARAM, QUE TANTO AMOR E DOÇURA TIVERAM PARA ME DAR. E AGRADEÇO A DEUS PELA VIDA DA MINHA AVÓ MARIA AMÉLIA, QUE TEM 85 ANOS E ESTÁ VIVA, COM SAÚDE E DEUS NO CORAÇÃO.
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AGRADEÇO A DEUS PELOS MEUS AMIGOS, VERDADEIROS IRMÃOS QUE DEUS COLOCOU EM MINHA VIDA!
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AGRADEÇO A DEUS PELO MEU TRABALHO, POR MEUS COLEGAS DE TRABALHO, POR MEUS ALUNOS, POR TUDO O QUE FAÇO E QUE ME FOI CONCEDIDO PELAS MÃOS DO SENHOR.
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AGRADEÇO POR TODAS AS COISAS, PELAS BOAS E PELAS MÁS, PELOS MOMENTOS DE ALEGRIA E PELOS MOMENTOS DE TRISTEZA. EM TODAS AS COISAS APRENDI E FUI EDIFICADA.
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AGRADEÇO, AGRADEÇO, AGRADEÇO.
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BEIJOS A TODOS, PAZ, AMOR E MUITA VIDA!
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MAYA
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: )

20 de nov. de 2007

O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA / Castro Alves [1] - "Navio Negreiro"

Fotografia: Crianças de Burkina-Faso, África. Blog Imagens de África.

HOMENAGEM

O Blog da Maya hoje presta homenagem ao povo negro de todo o Brasil e de todo o mundo. Viva Zumbi dos Palmares! Viva Martin Luther King, Jr.! Viva Malcom X!
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Os antepassados dos negros foram espoliados, escravizados, retirados à força de suas casas. Em nome do progresso, para satisfazer a insana busca por riqueza, milhares de pessoas foram condenadas à exploração mais vil e hedionda de que se tem notícia. A escravidão é uma ferida aberta. Não está no passado, está todos os dias diante de nós. Foi o maior holocausto já produzido na História da humanidade. Os africanos foram trazidos em navios imundos, e grande parte deles morria durante a viagem. Famintos, sujos, subjugados, viram famílias separadas, parentes assassinados, aldeias queimadas. Quantas mães tiveram seus filhos recém-nascidos arrancados de seus braços! Quantas deixaram de amamentar seus filhos para nutrir com seu leite os filhos das senhoras que as escravizavam! Quantas jovens foram estupradas, mulheres grávidas assassinadas, forçadas ao aborto, idosos jogados vivos ao mar! Foi assim que os povos cristãos, sobretudo ingleses espanhóis, franceses, portugueses e holandeses trouxeram para a América ou escravizaram, na própria África, os seres humanos que viviam naquele continente.
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Durante séculos os negros trabalharam em campos de concentração chamados, quase sempre, de "fazendas". Viviam nas senzalas, eram subalimentados, não havia misericórdia nem amor cristão para eles. Não podiam entrar em igrejas católicas, privilégio dos brancos. Nos Estados Unidos, não podiam entrar nas igrejas protestantes dos brancos. Os negros tinham suas igrejas, os brancos se congregavam em outras. E assim é até hoje.
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Esses homens e mulheres escravizados construíram a enorme grandeza econômica fundada sobre a cultura da cana-de-açúcar, do café e do trabalho de mineração. Os negros fizeram a fortuna de Portugal, do Brasil, de outros países e, de modo privado, de grandes fazendeiros. Foram "libertos" sem ter direito a absolutamente nada do que construíram. Não sabiam ler, nem escrever, nem tinham casa, nem direitos. Eram "livres". Saíram de séculos de escravidão para entrar em mais outros séculos de miséria, preconceito e humilhação. Não possuíam recursos, nem instrução, nem nada. Se viram forçados a viver em lugares paupérrimos: lixões, favelas, periferias, lugares sem saneamento básico, sem água potável, sem escolas nem hospitais. Sabiam fazer o que foram forçados desde sempre a executar, e continuam, em grande parte, a reproduzir essas atividades: limpam, cozinham, cuidam de roças, lavam roupas. A maioria dos analfabetos do Brasil é formada por negros. Os que mais morrem, assassinados pela polícia nas cidades do Brasil, são jovens negros, pobres, entre 18 e 25 anos. O povo pobre, miserável, em sua esmagadora maioria, é negro. E isso em todo o mundo. Nos EUA, na América do Sul, na África.
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No dia da consciência negra, declaro meu apoio à luta deste povo. Declaro meu amor por este povo. Deus nos fez diferentes - negros, brancos, árabes, orientais, índios, indianos - porque é um artista criativo e maravilhoso. E nos amou a todos porque todos fomos criados por Ele, à sua imagem e semelhança, por meio de seu amor, e todos fomos também remidos e justificados pela morte e ressureição de Cristo. Não há, nEle, mais escravos, nem senhores, nem gregos, nem judeus, nem negros, nem brancos. Cristo não tem somente os traços semitas-árabes... Ele é também negro, índio, chinês, branco, mestiço...
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Hoje, Dia da Consciência Negra, declaro que a luta por políticas que tentam mitigar os danos irreparáveis cometidos de modo insano por nossos ancestrais brancos é mais do que justa. É o mínimo que podemos fazer. E ainda é muito pouco. Meu total apoio à política de cotas para negros e pobres nas universidades públicas e particulares. Meu total apoio aos que lutam nas favelas, lixões, cidades miseráveis do interior do Maranhão e de outros Estados para diminuir a desigualdade infame da qual fazemos parte. Minha solidariedade aos que estão no Haiti, na República Dominicana, na África, nos países caribenhos em geral. Em Cuba.
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Temos uma dívida, sim, para com os negros. Eles deveriam, a exemplo dos judeus massacrados no holocausto nazista, receber indenização dos países que os escravizaram por todos os horrores a que foram submetidos. Mas a África agoniza, em meio à fome, à malária, ao cólera. ONU, se manifeste. OEA, diga alguma coisa. Ricos de Davos, se pronunciem. Governo brasileiro, não se cale. Senadores, deputados, governadores, historiadores, autoridades em geral, é chegada a hora de cobrirmos nossa vergonha. Temos uma dívida. Quem vai pagá-la?
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***
.
Mayalu Felix
Niterói, RJ, 20 de novembro de 2007.
***
Navio Negreiro
I
.
'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.
.
'Stamos em pleno mar...
Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...
.
'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...
.
'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...
.
Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.
.
Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!
.
Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!
.
Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!
.
Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................
.
Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
.
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.
.
II
.
Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.
.
Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!
.
O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir...
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!
.
Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu!...
.
III
.
Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!
.
IV
.
Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...
.
Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!
.
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
.
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!
.
No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."
.
E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...
.
V
.
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!
.
Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz? Quem são?
Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...
.
São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão...
.
São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.
.
Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...
.
Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.
.
Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...
.
Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer...
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...
.
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...
.
VI
.
Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
.
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
.
Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!
.
Castro Alves

***

Jesus e os apóstrofos


COLABORAÇÃO: Paula Felix Costa

Caros Amigos [29]

Che devolve a visão a seu assassino

Todos os que me conhecem de perto sabem que não sou grande fã do regime cubano em geral, ou do Che Guevara em particular. Mas, como jornalista, tenho de dar uma notícia que passou batida durante os quarenta anos da morte do Che, lembrados o mês passado tanto por inimigos quanto por simpatizantes.

Acontece que em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o filho do idoso cidadão Mario Terán procurou o jornal El Deber, para pedir que fosse publicada uma nota de agradecimento aos médicos cubanos enviados à região dentro do acordo de cooperação entre os governos boliviano e de Cuba. Eles haviam operado Mario Terán de catarata, e lhe devolvido a visão - Terán estava cego havia tempo e não tinha recursos para fazer a operação. O relato é do jornalista Héctor Arturo, do jornal Granma de Havana.

Ora, Mario Terán é o suboficial que matou Che Guevara há quarenta anos, na escola da cidadezinha de La Higuera, na Bolívia.
.
Diz Arturo: "Ao receber a ordem de seus chefes, Terán teve de recorrer ao álcool para se encher de coragem e cumprir a ordem. Ele mesmo contou depois à imprensa que tremia como uma folha ao vento diante daquele homem a quem, naquele momento, viu como 'grande, muito grande, enorme'. Che, ferido e desarmado, sentado ao chão de terra da humilde escolinha, observou que Terán estava vacilante e temeroso, e teve toda a coragem que faltava a seu assassino para abrir a rasgada camisa verde-oliva, descobrir o peito e gritar: 'Não tremas mais e dispara aqui, que vais matar um homem'. O suboficial Mario Terán, cumprindo ordens dos generais René Barrientos e Alfredo Ovando, da Casa Branca e da CIA, disparou."

E continua o jornalista: "Mario Terán, agora, não teve de pagar um único centavo por ter sido operado de catarata por médicos cubanos num hopital doado por Cuba e inaugurado pelo presidente Evo Morales em Santa Cruz". Ou seja, quarenta anos depois, o Che devolveu a visão a seu assassino.

***

Texto do jornalista Renato Pompeu [renatopompeu@carosamigos.com.br], publicado na revista Caros Amigos ano XI, nº 128, novembro/2007, p. 16.

17 de nov. de 2007

I-M-A-G-E-N-S

Show do Djavan no New Morning, uma das mais tradicionais e melhores casas de jazz de Paris (1998). Os ingressos haviam se esgotado três meses (!) antes da apresentação, mas eu fui com minha querida amiga e irmã Julia Sarr, cantora senegalesa que havia se apresentado com o Djavan no Brasil. Ano passado Julia gravou com Martinho da Vila, em Paris, também. Ela tem uma voz que é sensacional. Bom, com essas credenciais não precisamos de ingressos e ainda ficamos conversando com o Djavan e sua equipe depois do show.


Este é o "mapa" do metrô de Paris. Para ampliar, clique na imagem. Eu morava pertinho do metrô "Pyrénées". Tente achar...

Meu irmão de fé Alexandre Lettnin, num vagão de metrô, em Paris. O cara é um artista de primeira linha. À esquerda, nos Blogs Recomendados, tem um link para o Blog dele. Seu trabalho é, de fato, muito bom. Naquela época... (1998) o Alexandre tinha longos cabelos loiros e cacheados, mas hoje ele tem os cabelos curtos. Mora em SatoleP, RS. É casado. Fui eu quem tirou esta foto.

PARA AMPLIAR AS IMAGENS, CLIQUE NELAS.

MACHO MAN

JÁ QUE HOJE O ASSUNTO É ESSE... ENCONTREI ESTE VÍDEO ENGRAÇADÍSSIMO E O COLOCO NESTE BLOG EM HOMENAGEM AO PELUDÃO, UM BLOGUEIRO HOMEM À MODA ANTIGA QUE TIRA MUITAS FOTOS SENSUAIS E MÁSCULAS DE SI MESMO.

PARA VÊ-LO... VEJA AS INSTRUÇÕES ABAIXO, NO VÍDEO DO CLODOVIL.

UM ABRAÇO, PELUDÃO!

Blogs... Blergh!

É impressionante...

Cheguei a uma conclusão incômoda. De fato, "uma verdade inconveniente".

Neste pouco tempo que tenho de "blogueira" percebi que, em geral, os blogueiros conservadores, retrógrados, incapazes de amar, de sentir a delicadeza de uma flor amarelinha ou a beleza-profunda-e-simples-de-um-café-tomado-com-amigos-de-verdade-na-varanda-de-casa-vendo-o-sol-se-por... essa gentinha de direita que além de tudo não tem inteligência suficiente para perceber que dois (ou mais) homens se beijando é lindo e natural sublime gostoso etc blábláblábláblá... Bom, esses conservadores, por increça que parível, têm tido mais tolerância em aceitar opiniões contrárias às suas e diferentes que os modernos, sensíveis, gente "de verdade", com um coração "de carne", cheias de amor, que não têm, no fundo, opinião formada sobre nada.
OOOOOPSSSS!!! UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO! NÃO DESDIGO, MAS TAMBÉM NÃO REDIGO!!!
Niterói, RJ, 21/11/2007...
Os arautos do novo cristianismo, donos da verdade verdadeira, vivem em eterno circunlóquio, num narcisismo que faria o próprio Narciso vomitar no lago. A mim me parece que querem, como em um grande circo, amealhar aplausos, risos e "ohhhhhs..." de admiração por suas piruetas pseudofilosóficas e subliteratura rococó. Bom, poderia citar o... aquele, sabe, o "Peludão"... carinha inteligentinho e mal educado como só os seus pais souberam ensiná-lo a ser. Ou aquele outro, que só choooooraaaa... Ô vida marvada! Ainda tem aquele, o Vanderney, jornalista-publicitário-marketeiro que defende a causa com unhas e dentes mas... "não é gay"! OK, acho mais honesto um gay assumido, Vanderney. Well, talvez alguém que leia essas ferinas (e incômodas) linhas saiba quem são esses sensíveis e modernos neo-cristãos. E, se ninguém souber, paciência, não sou eu quem vou dizer quem são.

E tenho dito.

Maya

DISCURSO DO CLODOVIL

ESTE VÍDEO É DE UM DISCURSO DO DEP. FEDERAL POR SÃO PAULO CLODOVIL HERNANDEZ, PRONUNCIADO DURANTE UM EVENTO DE ENTIDADES GLBT. CLODOVIL NÃO PARTICIPOU DA PARADA GAY. VEJA (E OUÇA) O PORQUÊ.
PARA VER ESTE VÍDEO, VÁ PRIMEIRO À CAIXA COR-DE-ROSA, Maya_musique, AO LADO ESQUERDO, E CLIQUE NO ÍCONE CORRESPONDENTE A "PAUSE". DEPOIS, VENHA AQUI, NO VÍDEO, E CLIQUE NO ÍCONE CORRESPONDENTE A "PLAY". QUANDO É VISTO PELA PRIMEIRA VEZ, O VÍDEO PARA COM FREQÜÊNCIA E O SOM É CORTADO POR DIVERSAS VEZES, DEPENDENDO DA MEMÓRIA DO SEU COMPUTADOR. EXPERIMENTE DEIXAR ROLAR DE PRIMEIRA E VER, DE FATO, NA SEGUNDA PASSAGEM.

16 de nov. de 2007

Mário Quintana [2]

Soneto Azul

Quando desperto mansamente agora
é todo um sonho azul minha janela
e nela ficam presos esses olhos
amando-te no céu que faz lá fora.

Tu me sorris em tudo, misteriosa...
e a rua que - tal como outrora - desço,
a velha rua, eu mal a reconheço
em sua graça de menina-moça...

Riso na boca e vento no cabelo,
delas vem vindo em bando...E ao vê-lo
por um acaso olha-me a mais bela.

Sabes eu amo-te a perder de vista...
E bebo então, com uma saudade louca,
teu grande olhar azul nos olhos dela!

***

Mario Quintana, in Baú de Espantos

Rápida e dolorida [28]

No tribunal:
- Conte-me a sua versão dos fatos, diz o juiz.
- Pois foi assim: estava eu na cozinha com a faca de cortar presunto. Nesse momento, entrou a minha mulher, tropeçou, caiu sobre a faca, que a espetou no peito.
- Sim...,diz o juiz, continue...
- Pois foi assim... sete vezes!
***
COLABORAÇÃO: Jucélio Machado

PENSE...


A uma mulher solteira, com mais de 35 anos, que tem Blog, chamam "encalhada"...



A um homem solteiro, com mais de 35 anos, que tem Blog, chamam "gay"...



Quanto preconceito, hein???



Que sociedade... Tsc, tsc, tsc...
.
Sei de uns homens solteiros, com mais de 35 anos, que têm lá seus blogs, e devo dizer: eles são gays, sim, e daí? Isso não é motivo para piada, né?!

.

E vamos trabalhar que este blog é coisa séria, gente! E eu continuo encalhada! Putz!

Bjos...


Maya : )


Boa noite para gays e encalhadas!
.
Pense... Se houvesse menos gays, haveria menos encalhadas. Essa é a lei da oferta e da procura!
.
Putz!

Os cinco clichês mais amados das novelas

Existem clichês que são velhos como as telenovelas. Os autores se negam a se livrar deles. E, o mais importante - nós, espectadores, queremos que continue assim! Como um acordo secreto, uma piscada entre os que fazem e os que assistem. É falso, e daí?


  1. Ninguém usa camisinha em novela. O bonitão olha para a bonitona. Vão para a cama. Em poucos capítulos ela procura, aflita, o galã. "Miguel, precisamos ter uma conversa séria!" "Que tipo de conversa, Luciana?" "Miguel, eu... eu... eu estou grávida!" Filhos indesejados são sempre bem-vindos em novelas. Eles implicam sugestões de aborto, testes de DNA, brigas intermináveis, disputas na Justiça, heranças repentinas. Ligam personagens para sempre. Já os filhos desejados, frutos do amor puro e verdadeiro, aparecem aos montes no último capítulo. São meses de explosão populacional descontrolada.

  2. Todo mundo abre a porta para qualquer um. [NOTA: e isso no Rio de Janeiro, é mole???] No condomínio de luxo, a campainha toca de repente. O dono do apartamento abre a porta. É seu maior inimigo. "O quê?! Você por aqui?!" Ora, o prédio não tem porteiro para avisar que alguém está subindo? Quando alguém toca a campainha, o morador ainda teria a chance de dar uma espiada pelo olho mágico. Mas ninguém olha pelo buraquinho. Mesmo sem olhar, duas palavrinhas mágicas resolveriam o problema: "Quem é?" Ninguém pergunta. Abrem a porta de supetão e sempre levam um susto.

  3. Para que telefonar se é mais difícil se deslocar? Novelas precisam de encontros pessoais. Troca de olhares, ameaças de bofetões... Isso não se resolve por telefone. Então os personagens precisam visitar uns aos outros pessoalmente. É uma das frases mais repetidas em novelas: "Oi, eu estava passando e resolvi fazer uma visitinha...". O cara pode morar a 30 quilômetros de distância. Ele enfrenta a hora do rush e toca a campainha (ver o item 2).

  4. Gente de classe média baixa grita muito. Toda novela tem uma família de classe média baixa meio idiotizada que vive comendo e que grita o tempo todo: "MÃE, O TONINHO PEGOU O MOLHO DO MACARRÃO TODO PRA ELE!", "AH, CALA A BOCA, ABELARDO, NÃO ME COMEÇA COM ESSAS FRESCURAS DE NOVO!".

  5. Gente rica tem um único destino na vida. Não sei quem inventou que o prazer máximo desta vida está em ir a Paris encher a cara de champanhe [NOTA: Que absurdo!!! Paris é uma cidade horrível e champagne... argh!!!]. Esse clichê é repetido eternamente. O conceito de felicidade se resume a Suzana Vieira [NOTA: OK, eu concordo, nada a ver a Suzana Vieira! Por que não eu???] tomando mais uma taça em algum bateau do Sena, com aquela sanfoninha ao fundo [NOTA: Putz, cara, a gente chama de acordéon... Fica esperto pro glamour da coisa, OK?]. Eu não dispensaria um convite [NOTA: Aham... confessou, hein?!], mas daí a achar que esse é o ideal perfeito de programa em todo o planeta vai uma certa distância [NOTA: "Certa" é uma gentileza sua... É uma distância horrível! De São Paulo a Paris, sem escalas, são 13 horas de vôo! Fala sério!]. Nessas cenas em Paris sempre é pôr do sol, há flores por todos os lados, os garçons são gentis, os preços não provocam infarto em ninguém [NOTA: Vamos lá: Veja... na primavera há flores por todos os lados, mesmo, paciência se na sua cidade não tem isso - OK, na minha também não tem - e no verão o pôr do sol é incrível, por causa da poluição - o efeito da luz fica sensacional. Os garçons são gentis, só não tente falar ingrêis com eles, porque eles ficam logo não-gentis. Os preços assustam, mas, perto de Roma ou Milão, Paris é uma pechincha. Pela sua lógica, a Itália é AVC e morte súbita].
***
Texto de Dagomir Marquezi publicado na revista Época nº 495, de 12/11/2007, p. 141.
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