"A operação do Livro verde e seus semelhantes é produzir o que podemos chamar de Homens sem Peito. É abominável que não raro dêem a isso o nome de Intelectuais. Isso lhes dá a chance de dizer que quem os ataca, está atacando a Inteligência. Não é verdade. Eles não se distinguem dos demais homens por uma habilidade especial para encontrar a verdade nem por um ardor insuperável ao persegui-la. Seria de fato estranho se assim fossem: uma perseverante devoção à verdade, um sentido agudo de honra intelectual não podem ser mantidos por muito tempo sem a ajuda dos sentimentos que Gaiu e Titius desmascarariam com a facilidade habitual. Não é o excesso de pensamento que os caracteriza, mas uma carência de emoções férteis e generosas. Suas cabeças não são maiores que as comuns: é a atrofia do peito logo abaixo que faz com que pareçam assim.
E todo o tempo - tal é o caráter tragicômico da nossa situação - continuamos a clamar por essas mesmas qualidades que tornamos impossíveis. Mal podemos abrir um periódico sem topar com a afirmação de que nossa civilização precisa de mais 'ímpeto', ou dinamismo, ou auto-sacrifício, ou 'criatividade'. Numa espécie de mórbida ingenuidade, extirpamos o órgão e exigimos a sua função. Produzimos homens sem peito e esperamos deles virtude e iniciativa. Caçoamos da honra e nos chocamos ao encontrar traidores entre nós. Castramos e ordenamos que os castrados sejam férteis."
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Sobre o livro, alguém disse: "Segundo Walter Hooper, A abolição do Homem deveria ser o segundo livro lido por todo mundo depois da Bíblia. Exageros à parte, nunca li nada mais claro e convincente, com uma argumentação sólida e consistente em defesa de uma Moralidade Absoluta, a qual sofre, nos dias atuais, uma intensa relativização."
Mais sobre o livro: AQUI e AQUI TAMBÉM. Uma das poucas obras que eu creio que vale a pena, realmente, ler.
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