FOTOGRAFIA: Blog Maria José Rijo
Acabei de ouvir que Obama suspendeu restrições a verbas públicas para o aborto. Confesso que foi como um soco no estômago. Não que eu esperasse uma conduta digna dele, após ter tomado conhecimento de algumas de suas opiniões. Mas não deixo de me sentir tristíssima com isso. Dinheiro público para ajudar a matar crianças.
Logo que ele foi eleito li, aqui e ali, textos que o saudavam como o messias do século XXI. Textos de evangélicos*! Obama é deus nas alturas! Para falar a verdade, dos autores dos textos que li não podia esperar mais que isso, mesmo: foram cegos pela Obamamania.
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O que me surpreende é ver o circo midiático tão armado para endeusar um homem que nem bem chegou ao poder já tem seu desempenho antecipado pela opinião pública. E por que? Pela cor de sua pele. Obama é deus nas alturas!
Antes que alguém me acuse de racismo, esclareço que a cor é algo de menor importância numa eleição. Não é a etnia da pessoa que a faz melhor ou pior. É seu caráter, são seus fundamentos morais, seus posicionamentos políticos e sua história. Crer que Obama é uma esperança para os EUA e o mundo por ser ele negro é concordar que a discriminação racial é válida. Uns o aprovam porque ele é negro, outros o reprovam porque ele é negro, quando a questão fundamental não é essa. Muitos ditadores corruptos e sanguinários da África são negros, e isso não os torna melhores. Muitos homens de boa fé e de caráter irreprovável são negros, e sua cor não os torna piores.
Li, em um dos textos laudatórios sobre Obama, que a visão do Rev. Jesse Jackson chorando, na TV, após a vitória, foi algo muito emocionante, sublime, sei lá o quê -- para o autor do texto, deslumbrado com essa construção discursiva da mídia. Bom, vamos lá, não quero ser malvada e estragar o encantamento de alguns: Em vista da história de conflitos raciais nos EUA, é verdade que o ápice da afirmação negra pode emocionar. Ainda assim, não é o mais importante.
Ver alguém emocionado e confiante de que Obama será um bom presidente porque é negro é ver a imagem da ingenuidade -- ou a imagem da esperteza. Da esperteza porque em vez de apoiar claramente o aborto alguns preferem evocar o "passado histórico" das sofridas relações raciais nos EUA e apoiar Obama, que é a favor da legalização do aborto. Percebem? O aborto, aliás, é só um dos pontos anti-cristãos defendidos por Obama. Há outros.
Alguns podem argumentar que a comemoração pela vitória do primeiro presidente negro é uma discriminação positiva. Que isso é importante, para afirmar que a opressão racial deve acabar de uma vez por todas etc. Pode ser, mas eu não acho que Obama foi eleito por ser negro. Não acho que ele foi lançado candidato pelo Partido Democrata para dar cabo de toda e qualquer opressão racial.
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Creio, sim, que o fato de ele ser negro fez nascer em torno de sua candidatura uma estrutura midiática sem igual, responsável pela construção de um mito. Se fosse Hilary a candidata, o argumento seria o fato de que ela seria a primeira mulher... Se McCain fosse do Partido Democrata, bom, então seria o primeiro veterano de guerra... Mas isso não é o mais importante. Se o candidato do Partido Republicano fosse negro, certamente o entusiasmo por conta da cor de sua pele seria suplantado pelas críticas ao conservadorismo de seu partido. Entenderam?
Não é a cor da pele de Obama o mais importante, mas esse aspecto foi realçado para ofuscar todos os outros -- inclusive alguns cuja discussão é tão importante para a maioria do povo estadunidense, como a aprovação do aborto e do financiamento, com verbas públicas, de grupos que o defendem.
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* Retirei algumas expressões e acrescentei outras, que trouxeram ao texto sentidos melhores. Acreditem, fiquei indignada com isso tudo. Meu impulso foi escrever este texto logo que li a reportagem. Lembrei-me dos evangélicos, alguns inclusive com certo renome, que apoiaram e apóiam Obama, e ruidosamente. Apoiaram para ver isso acontecer? Líderes que apoiaram e apóiam Obama, como tenho visto, são cegos que guiam outros cegos.
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Obama libera financiamento a organizações pró-aborto
O presidente dos EUA, Barack Obama, reverteu ontem com uma ordem executiva a proibição imposta pelo seu antecessor, George W. Bush, ao envio de fundos por agências federais a grupos internacionais de planejamento familiar com atuação ligada ao aborto.
A regra impedia que a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) fornecesse financiamento não só a clínicas no exterior que interrompam a gravidez, mas também às que aconselham e encaminham pacientes a tais serviços -- mesmo que as atividades fossem feitas sem usar fundos americanos. Também não podia haver lobby, campanhas ou qualquer discussão favorável ao direito ao aborto.
"Está claro que as provisões da medida eram muito amplas e desnecessárias", disse Obama. Muitas ONGs, temendo problemas com os fundos internacionais, encerraram com a medida também a entrega de pílulas do dia seguinte e o tratamento de possíveis consequências de abortos problemáticos.
A proibição flutua de acordo com o partido no poder. Foi estabelecida inicialmente em 1984 pelo republicano Ronald Reagan (1981-1989) e anulada pelo democrata Bill Clinton (1993-2001). Bush a restaurou pouco após sua posse.
A reversão não permitirá uso de fundos federais para a prática direta do aborto, impedida por outras leis do Congresso, mas clínicas e ONGs de serviços familiares que praticam aconselhamento voltarão a receber a verba. Apenas a ONG Federação Internacional de Planejamento Familiar estima ter perdido US$ 100 milhões em fundos dos EUA nos últimos oito anos, o que, diz, teria evitado 36 milhões de gestações e 15 milhões de abortos.
Obama também afirmou que está "ansioso para trabalhar com o Congresso para restaurar o apoio financeiro dos EUA ao Fundo das Populações da ONU (UNFPA)", dedicado ao planejamento familiar e a cuidados com a saúde reprodutiva. Bush interrompeu doações ao fundo em 2002.
"Não estamos surpresos, mas muito desapontados", disse à Folha Susan Yoshihara, vice-presidente do Instituto Família Católica e Direitos Humanos. "Obama vai continuar pressionando por mais medidas pró-aborto, mas de certa forma isso apenas fortalece a luta dos que realmente se preocupam com as mulheres."
Nesse sentido, milhares de manifestantes antiaborto ocuparam o National Mall em Washington anteontem para protestar contra a "Roe versus Wade", decisão da Suprema Corte que defendeu o direito ao aborto, que completou 36 anos.
Enquanto o protesto seguia até a Suprema Corte, Obama emitiu uma nota reiterando que "continua comprometido com a proteção do direito da mulher de escolher".
Já os grupos favoráveis ao direito ao aborto comemoraram ontem, mas ainda querem mais. "Os oito anos do governo Bush foram uma violação aos direitos fundamentais das mulheres" disse à Folha Luisa Cabal, diretora do programa legal internacional do Centro para os Direitos Reprodutivos. Ela disse esperar que Obama reverta a regulamentação que permite que qualquer funcionário de saúde se negue a oferecer serviços a mulheres com base em crenças pessoais.
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FONTE: UOL
4 comentários:
O que mais me dói é que o povo cristão em sua maioria apóia Obama e nem parece que deveria ter o discernimento necessário para não se enganar neste tempo final.
Demonstra desconhecimento da natureza humana tão explícita na bíblia e ainda tem esperança num salvador humano, que é o lema do anti-cristo. Não que Obama seja ele, mas faz parte da construção da mentalidade para receber um messias humano.
É triste ver aqueles que têm a mente de Cristo tão dominados pelo humanismo.
Continue disseminando a verdade.
Parabéns pelo texto.
Um abraço.
Olá, Pastor,
Obrigada por sua visita, seja sempre bem-vindo por aqui. Obrigada também por seu comentário lúcido numa época em que a verdade parece se perder.
Um abraço,
Maya
:)
Seu blog já está na minha bloglist.
É bom saber que partilhamos idéias.
Deus te conceda sabedoria e coragem.
Abração.
Olá, Pastor,
Obrigada por sua mensagem, é uma honra pra mim figurar em sua bloglist!
:)
Seu Blog também está na minha lista, gostei muito.
Maya
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