Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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26 de out. de 2009

contra o relativismo moral


Uma relativista moral em remissão


 Norma Braga


No blog, falo aqui e ali do amorrrrr, neologismo que criei para designar essa tão popular forma de pseudo-amor que nos torna coniventes com os pecados alheios. Mas nunca contei como tive de reconhecer em mim mesma uma imensa dificuldade de posicionar-me com firmeza em situações delicadas. Bom, na verdade é mais que isso. Sempre fui uma espécie de Zelig de saias, personagem de Woody Allen que adquiria a forma e os trejeitos de todos aqueles com quem travava contato. Quando pessoas queridas se abriam comigo, eu tendia a adotar a atitude de uma compaixão derramada e informe, amalgamando-me a suas dores e vendo a vida com seus olhos. Parece bonito? Não é não: como ajudar, se não conseguia confrontar? Resultado: tempos depois, sempre me dava conta de que poderia ter ajudado aquela pessoa se tivesse norteado minhas palavras pela visão correta, biblicamente orientada. Isso acontecia tanto – e ainda acontece, infelizmente – que até já perdi a conta. Sempre me faz sofrer; porque, na maioria das vezes, um ouvido amigo é bom, mas as pessoas precisam de muito mais que isso. (Por essa razão, também, nunca fui uma boa evangelista!)



Então, confesso aqui: sou uma relativista emocional em remissão. Minha identificação sem limites com o outro me proporcionou uma capacidade de esponja: absorvo o que recebo quase sem triagem alguma, caso haja algum elo afetivo na comunicação. Isso não acontece de modo invariável, mas foi verdade em um número suficiente de vezes para que eu finalmente tivesse que reconhecer um padrão. Também acontece em leituras, motivo pelo qual sofri tanto com certos livros. 




O relativismo emocional me custou muito. Foi a porta de entrada para pecados, manipulações alheias, confusões mentais. Foi o motivo de meu silêncio bovino quando falavam mal ou de modo enviesado da fé cristã em boa parte das aulas da pós-graduação. Foi a parte mais importante do pretexto para que eu quase me desviasse para sempre, enquanto cursava o mestrado na universidade e enxergava cristianismo nas obras de certos autores da modernidade francesa. Quando "voltei" pela mão misericordiosa de Deus e vislumbrei o abismo para o qual me dirigia, declarei uma definitiva guerra ao relativismo pós-moderno. Declarei guerra ao esquerdismo também, quando percebi que era o terreno comum de onde o relativismo brotava. No início, era uma guerra silenciosa, travada em meu interior na companhia de autores conservadores. E foi na amistosa companhia de amigos também conservadores que, em uma lista de discussão, aprendi a falar pública e livremente da minha fé e das reflexões bíblicas que sempre me ocuparam. Devo muito a eles, a essa lista, ao encorajamento que recebi, para que pudesse começar a me expor com mais segurança. 


Poucos meses depois, fundei o blog e, mais fortalecida, transferi minha guerra para cá. As duas pontas se confirmavam mutuamente: no blog eu falava de minhas experiências sem contá-las, ou seja, apresentava ao leitor apenas o resultado do que tinha vivido tão dolorosamente; ao mesmo tempo, essa apresentação esclarecia melhor esses conteúdos para mim mesma, deixando mais "assentado" o que eu havia aprendido. Como afirmava Sócrates: "Uma vida não-examinada não vale a pena ser vivida." O blog passou a ser o espaço do meu reexame, em que cada preciosidade cunhada por Deus a mim, e entregue ao leitor, tinha uma longa história de busca, tristeza e quedas por trás. Um reexame que eu fazia e faço publicamente para ajudar outros, mas, em primeiro lugar, para combater todos os dias a terrível relativista que sou. É meu jugo e meu fardo, parte de minha luta cristã, que resulta nessa bênção miraculosa: ao expor minha transformação, transformo-me mais profundamente e ainda dou ensejo a que outros se transformem também, de acordo com o que tenho recebido e julgo ser da parte de Deus. Um dia eu me deterei mais longamente sobre cada uma dessas histórias. De fato, vislumbro esse encaminhamento, na medida em que tomo por voz narrativa um eu mais confessional, mais próximo ao que sou. Por enquanto, contento-me em deixar, aqui, o acabamento lisinho do que vivi. Os bastidores terão que esperar por enquanto, mas virão, porque sei que podem ser a coisa mais edificante a fazer para a igreja brasileira hoje. Não por meus próprios méritos, mas porque, como cristã convicta, eu sei o que Deus tem feito em mim, e é isso que quero contar. Para Seu louvor somente.


***


Texto de Norma Braga, publicado em seu blog: http://normabraga.blogspot.com


***


MEU COMENTÁRIO: Quero dizer que eu também sou uma relativista moral em remissão. Depois que me dei conta do vasto relativismo moral que hoje nos assoma, vi a necessidade de mudar. O pior foi ter constatado que a igreja é o maior palco desse relativismo, seja em relação ao dinheiro (e desse os esquerdistas cristãos gostam de falar, com certo ar superior), seja em relação ao comportamento sexual (e desse os direitistas cristãos gostam de falar, com ar superior) ou a outros aspectos. Tenho me deparado - e, muitas vezes, com reações bem explosivas, pois fico furiosa com o cinismo frouxo dos que proclamam a "liberdade" - com a "profundidez" dos lobos em pele de cordeiro, dos cristãos que, a pretexto de "amar" aceitam e corroboram todo lixo moral que há na sociedade, nas congregações ou fora delas, o que é condenado nas Escrituras mas visto por eles como comportamentos de menor importância diante do "amor", palavra que se perde na ressignificação dada hoje para pusilanimidade, covardia, amoralidade, imoralidade, frouxidão e tanto mais. Ser firme, hoje, condenando atitudes e palavras anticristãs, é mal visto. Seja liberal, seja libertino, ou então seja amante do dinheiro, seja da teologia da prosperidade, e você será bem visto.

2 comentários:

Paula disse...

É... legal isso, né? Comigo vc nunca teve essa identificação relativística, né?
Ass.: irmã mais nova e conservadora.

Maya Felix disse...

Hahaha, eu não entendi... Mandei os biscoitos de nata pelos Correios hoje, deve chegar aí até sexta.

:)

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