As drogas estão se tornando um flagelo no país. Sob o olhar cúmplice das autoridades brasileiras. Mais do que isso: há uma cultura de tolerância com o consumo — e, por consequência, com o tráfico. Quem cheira, mata! No Ministério da Justiça, há um estudo, que deve se converter num projeto de lei assinado por um deputado do PT, que tira da cadeia o chamado “pequeno traficante”. Um ministro de Estado, Carlos Minc, não só participou de uma tal “Marcha da Maconha” como subiu num palco e discursou em defesa da descriminação das drogas num ambiente visivelmente relaxado, descontraído… O vídeo está publicado acima. Um ministro de estado é a representação do presidente da República. Minc continuou ministro.
No Rio, fica evidente que o narcotráfico domina vastos territórios, onde a polícia não entra a não ser em operações que lembram ações de guerra. O Complexo do Alemão — que chamo “Complexo da Ideologia Alemã — não recebe a visita da Polícia há 13 meses para não atrasar as obras do PAC… O narcotráfico, como deixarei claro aqui nos próximos dias, desenvolveu até uma estética, que se confunde com uma ética, que chegou à industria do entretenimento: o funk. “O que o funk tem com isso, Reinaldo?” Ok. Tentar combater o mal exaltando os seus valores e sua visão de mundo é perda de tempo. Muitas ONGs, todo mundo sabe, mas ninguém diz, se tornaram fachadas legais do poder paralelo do tráfico. Estamos começando a colher os efeitos da incúria, da irresponsabilidade, do erro de análise e da ideologização do crime.
A droga é, sem dúvida, um flagelo. A maioria dos brasileiros acompanhou a história terrível de Bárbara, uma jovem de 18 anos, assassinada pelo namorado, Bruno Prôa, de 26, que havia acabado de consumir crack. Foi o próprio pai do rapaz, Luiz Fernando, quem chamou a polícia. Numa carta ao jornal O Globo e, ontem, no Jornal Nacional, ele reclamou da impossibilidade de se internar, contra a vontade, um viciado em drogas. A lei que força a internação existe, mas todos sabem que não é aplicada.
O Jornal Nacional resolveu debater o assunto com dois especialistas: o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, considerado uma das maiores autoridades sobre o assunto no país, e Pedro Gabriel Delgado, coordenador da área de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Basta assistir à entrevista de ambos para se constatar que Laranjeira tem razão: “Essa lei não é seguida aqui no Brasil. O sistema público de saúde não tolera esse tipo de atitude. Então acaba desassistindo uma parte da população. O crack é uma doença grave, em que é preciso uma série de recursos, inclusive a internação involuntária, em que as pessoas que não têm recursos no Brasil estão sendo privadas de receber o tratamento necessário para essa doença tão incapacitante."
O representante do Ministério da Saúde tentou contestá-lo sem sucesso e só evidenciou que é mesmo impossível internar, contra a vontade, um drogado que esteja fora do controle. Sem ter saída, o valente se aproveitou do fato de Laranjeira ser de São Paulo e fez o quê? Ora, política!!! Atacou o sistema de saúde paulista, como se isso estivesse em debate. É com gente assim que o Brasil está lidando. Isso explica por que chegamos aqui. As reportagens do Jornal Nacional estão aqui e aqui.
O país brinca com fogo. Seja num drama quase privado, uma tragédia que colhe de modo avassalador duas famílias — mas que representam milhares —, seja no episódio do abate do helicóptero e das mais de 40 mortes do Rio, estamos constatando a falência do… Não! Estamos constatando a inexistência de políticas oficiais que cuidem do assunto, que abrange, como se nota, várias áreas: da segurança pública à saúde mental. E as falácias vão se acumulando.
Imaginar que se possa combater o grande tráfico de drogas sem combater o consumo e os pequenos traficantes é dessas bobagens que vão se tornando influentes apenas porque ganham uma roupagem de “progressismo”. A tese prospera não porque comprovadamente eficiente, mas porque parece apelar a um senso de Justiça superior, que as pessoas comuns não alcançariam. Imaginar que se pode descriminar a maconha, por exemplo, mas manter na ilegalidade as demais drogas, é outra dessas vigarices influentes que adquirem ares de fina sapiência. Considerar que a política de redução danos — que levaria a um consumo mais “responsável” das drogas, com um manual de instrução — substitui a política de repressão é outra dessas vigarices que tentam ser convincentes. Lembro-me do embate aqui com um grupo que dizia defender tal procedimento no consumo de ecstasy. Raramente li tanta bobagem. Naqueles dias, o professor Laranjeira foi um dos que se colocaram ao lado deste blogueiro na censura a certas considerações que eram nada menos do que apologia das drogas — sob o pretexto de combatê-las.
Estudos demonstram, por exemplo, que boa parte dos moradores de rua de São Paulo — e isso deve ser verdade em todas as grandes cidades — são doentes mentais. Em alguns casos, a doença é efeito da droga; em outro, os males se conjugaram. Não há local para recolher e tratar essas pessoas ainda que a Prefeitura se dispusesse a tirá-las das ruas. Ao contrário: aqui em São Paulo , certa Escatologia da Libertação, cobrindo o rabo do capeta com a batina, advoga justamente o contrário: o “direito” que essas pessoas teriam de morar nas ruas. ONGs chegam ao requinte de distribuir cachimbos para o consumo de crack e um kit com seringa, água esterilizada e outros apetrechos para o uso de drogas injetáveis. Só falta fornecer mesmo a droga. A suposição, sempre, é a de que, já que o consumo é inevitável, que seja feito de maneira segura. Iniciativas como essas costumam contar com ajuda oficial.
Entenderam a perversidade da coisa? Já que o Estado brasileiro não pode estatizar a segurança e o combate às drogas, então ele, na pratica, estatiza o drogado, a doença. Não deriva o Bem do Mal. Não há hipótese. Cedo ou tarde, o que se supõe um Bem, derivado do Mal, vai cobrar o seu preço. Estamos começando a pagá-lo agora. Os anos todos de tolerância com a cultura da droga já corroeram também as instituições.
A tolerância com o estado paralelo da droga e os flertes com a sua “cultura alternativa” não poderiam dar em outra coisa. Diante do crime, há duas alternativas: combatê-lo ou fazer com ele o pacto que o demônio costuma fazer com seus eternos subordinados. O Brasil tem escolhido reiteradamente o rabudo.
Mas Dilma disse que outros bairros ainda ficarão com inveja do Complexo do Alemão, lá onde a polícia não entra e onde o presidente, FB, nem precisa de eleição.
PS: Publiquei, à época, o tal vídeo com Carlos Minc. Mas acho que ele merece circular de novo como evidência da miséria intelectual, ética e moral que tomou conta do Brasil também nessa área. Quem não entender o que isso tem a ver com o helicóptero abatido e com a tragédia da jovem Bárbara não tem o que fazer neste blog. [...].
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MEU COMENTÁRIO: O Reinaldo Azevedo se furta, neste artigo, de falar sobre a guerra travada contra as propagandas de bebida alcóolica na TV. No entanto, na carta que escreveu a propósito do que fez Bruno Prôa, seu pai, Luiz Fernando Prôa, fala desse flagelo chamado bebida alcóolica, que entra nas casas dos brasileiros durante a programação de TV e influencia crianças, pré-adolescentes e adolescentes; que entra nas escolas, nas universidades, nas festinhas, nos acampamentos. Ora, qual é o problema? Não é uma droga "legal"? Bom, eu teria muitas considerações a fazer acerca dessa afirmação ("o álcool é 'legal'") que isenta o álcool de todo mal que ele causa, porque não é por ser "legal" que a bebida alcoólica deixa de ser a droga que mais causa dependência química no mundo - o alcoolismo. O problema é que, em geral, onde há bebida alcóolica (festas, raves, reuniões, bares da moda) há maconha, cocaína e outras drogas. No momento em que houve uma proposta para, a exemplo do que foi feito com o cigarro, banir da TV a propaganda de bebidas alcoólicas, muitos (e acho que o próprio Reinaldo Azevedo, salvo engano) se levantaram para defender a "liberdade de expressão", o "direito" que alguns têm de ver, na TV aberta, propaganda da Brahma e da Caninha 51.
8 comentários:
Maya,
Aqui em casa há bebida alcoólica (vinho e cerveja) e não há qq tipo de droga, nem mesmo cigarros. Tb posso afirmar q meus filhos jamais viram a mim ou ao pai bêbados, e não pretendo q jamais vejam. Ao contrário do cigarro e demais drogas, o álcool, consumido com a devida moderação, tem efeitos terapêuticos bastante interessantes, q vão desde a redução do colesterol e do risco cardiovascular à prevenção da osteoporose. E nenhuma outra bebida combina melhor com pizza q um bom vinho.
O problema, a meu ver, é o abuso. Se o consumo do álcool fosse assim tão pecaminoso, Jesus não beberia vinho.
Misericórdia Maya, onde vamos chegar? Os nossos governantes fazem vista grossa para toda a questão, eles não se importam com as consequências? Hoje mesmo vi uma matéria onde a mãe de um adolescente viciado em ckack queria interna-lo involuntariamente, pois ele a ameaçava e agredia... Mas ela não conseguia internar o menor, se ele não quisesse... Onde será que isso vai chegar? Só por meio da oração que podemos encontrar forças para vencer o sentimento de tristeza e impotência que sentimos qdo vemos nosso Brasil caminhando dessa maneira... Deus tenha misericórdia...
Você tem razão, Paula, e aqui eu me refiro às distorções associadas ao consumo do álcool. É claro que a Ambev não quer que ninguém consuma cerveja moderadamente, certo? Então as propagandas de TV são mentirosas, tendenciosas e cheias de mensagens subliminares, como uma que foi proibida (a que trazia o carangueijo mostrando o bumbum e cantando na-na-na-na, algo assim) por trazer apelo claramente infantil. O que é, para um adolescente, associar o consumo de cerveja à Juliana Paes seminua? Percebe?
Além disso, temos que entender que existem os que bebem moderadamente, e existem os que não podem por uma só gota de álcool na boca, porque são alcoólatras, não sabem ser moderados. As propagandas de TV, para esses, me parecem absurdamente malfazejas e crueis.
Portanto, para o que bebe moderadamente e não está vulnerável à mídia, o fim das propagandas e o reforço das campanhas de prevenção não vão fazer mal nenhum. Mas, para crianças, adolescentes, dependentes químicos etc. talvez façam grande diferença.
Abraço,
Maya
E outra coisa, Paula,
Eu falo de ambientes de consumo que eu acho que vc não frequenta (ou vai me dizer que agora cv vai em raves, com o Marcelo?) e que são marcados pelo excesso em tudo.
Maya
Rev. Paulo Sérgio,
Vivemos tempos difíceis, dentro das igrejas já não se fala mais acerca dessa realidade. No entanto, precisamos orar, ajudar e proclamar o amor de Deus, que existe para destruir todo pecado e submeter a vontade humana à vontade de Deus.
Um abraço,
Olá Maya,se as propagandas são nocivas,é fácil de resolver,é só desligar a tv,ou mesmo não tê-la!Eu não possuo tv aberta em casa,nem fechada tambem,isto a mais de dez anos.Querer que a band,a globo,o sbt se conformem à ética do reino de Deus é no mínimo ingenuidade, todavia na minha casa mando eu,e dentro dos meus 160 m²,eu posso aplicar os valores do Reino de Deus,e é o que tenho me proposto.Sabe aquela estória de que se seu olho te escandaliza, é melhor arrancá-lo...pois é,é por aí!
Olá Maya,ao reler o meu primeiro comentário,me pareceu meio agressivo,não foi minha intenção.Quanto à temática das drogas e sua descriminalização,o mundo segue seu destino,seja descriminalizando o aborto,seja descriminalizando as drogas,seja legalizando o casamento entre homossexuais,seja autorizando adolescentes de 16 anos a fazer cirurgia de mudança de sexo!?!?
A ética do reino é preciosa para nós,para este mundo é como um monturo que se pisa,por isso não devemos lançar nossas pérolas aos porcos,pois além de pisá-las,eles podem se voltar contra nós para nos despedaçar!
Graça e paz.
Atalaia,
Bopm, não achei seu comentário agressivo, mas você é livre para retirá-lo daqui. No mais, é verdade que o mundo segue seu caminho, e para um poço sem fundo. Sinal dos tempos...
Um abraço, volte sempre!
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