Sempre que ouço alguém dizer assim: “Eu sou uma pessoa verdadeira e transparente”, desconfio. Tem coisas que dispensam propaganda. Se alguém é de fato verdadeira e transparente, não precisa dizer, mas será naturalmente reconhecida por estas características. Quem sai em defesa de suas qualidades possivelmente não as tem. Aquilo que sou é mais bem definido pelos que me observam, não por mim mesmo, posto sermos todos nós hipócritas.
Talvez os mais hipócritas sejam os que acabaram de discordar desta minha última afirmação, já que ao discordar, estão, na verdade, elogiando a si mesmos. Quem se defende...
A hipocrisia foi duramente combatida por Jesus Cristo, como sendo um dos piores vícios ou pecados. Os escribas e fariseus sofreram severa crítica dele por suas posturas tão semelhantes às nossas, cheias de hipocrisias.
A hipocrisia se define pelo indivíduo “duas caras”, mascarado, que diz uma, mas faz outra coisa. Atitude muito encontrada no meio político e também religioso, já que nestes meios circulam pessoas como eu e você.
O moralista francês François Rochefoucauld, desencantado com o gênero humano revelou, de maneira mordaz, a essência do comportamento hipócrita: "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude". Ou seja, todo hipócrita finge emular comportamentos corretos, virtuosos, socialmente aceitos.
No capítulo onze do Evangelho de Marcos lemos que “...vendo Jesus de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando nela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.”
Jesus secou uma figueira. Amaldiçoou e secou porque foi até ela procurar figos e nada encontrou se não folhas. A Figueira primeiro dá os figos e só depois nascem as folhas. Figueira com folha é figueira que deve ter fruto. Mas Jesus, com fome, encontrou uma figueira hipócrita. Linda, cheia de folhas, frondosa, mas que mentia. Tinha jeito de quem estava produzindo, mas nada produzia. Tinha aparência, mas não essência. Uma figueira mentirosa, fingida, mascarada por sua folhagem, com aparência de virtude, mas, uma propaganda enganosa. Uma figueira fingida: a síndrome da figueira frondosa.
Por isso a figueira foi amaldiçoada, por despertar nas pessoas falsas expectativas e desejos que não poderiam ser satisfeitos, uma defraudação do faminto.
Jesus não amaldiçoou a figueira por ela não ter fruto e nem por ela não dar frutos. O texto conta que não era tempo de figos. Nem todas as pessoas darão frutos todo o tempo e algumas pessoas serão naturalmente mais frutíferas em suas vidas que outras pessoas. A questão não é dar ou não frutos. A questão é fingir que tem frutos.
Você não ser uma pessoa boa, não é problema para Deus, mas você hipocritamente fingir ser uma pessoa que de fato não é, isto é uma mentira que Deus não tolera: hipócrita! Quando vejo os perfis do Orkut descubro o quanto as pessoas gostam de se pintar mais belas, cultas, “smarts” e antenadas do que realmente são... E não me excluo desta...
Nosso objetivo deve ser, racionalmente, travar uma luta contra a “síndrome da figueira frondosa”. Não fingir ser o que, de fato, não sou, mas me assumir em minhas fraquezas, medos, inseguranças, feiúras, burrices, egoísmos, arrogâncias, preconceitos... Lutando diariamente contra as minhas mazelas comportamentais e existenciais.
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FONTE: Bloggernacle Times
2 comentários:
Oi Maya! Muito bom seu post. Sabe que quando comecei a ler lembrei de uma frase da rainha Margareth que gosto muito, ela diz assim: "Se você precisa dizer as pessoas que você é uma dama, é porque não é"!
Como tenho lutado com a hipocrisia em minha vida, é tão difícil!
Mas amei a mensagem!
Deus te abençoe,
Olá,!
Obrigada por sua postagem, e pela visita! Este texto é para todos nós, não é? Que bom que alguns reconhecem a necessidade de lutar contra a hipocrisia e o farisaísmo em suas vidas! Vamos juntas nessa estrada!
Um abraço,
Maya
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