O machismo dos modernos
UM: José Simão foi processado pela atriz Juliana Paes, por ter feito, em seus textos engraçadinhos, comentários e trocadilhos com nome da atriz e a palavra "casta", que pode ser tanto substantivo, no sentido de camada social, como adjetivo, no sentido de pura. Juliana não gostou e a Justiça proibiu o humorista de citar o nome da atriz, sob pena de pagar multas nada castas. De súbito, levantam-se os defensores da liberdade, contra a censura. Gente que eu costumo admirar e cujos textos leio. Na esteira deles, que são formadores de opinião, vai uma renca de não-pensadores, macaqueadores do que parece antenado e moderno. Eles, todos homens, alegam que é um absurdo que uma mulher que tenha posado nua e colocado seu traseiro à mostra para quem quisesse ver (ou comprar, no caso a revista Playboy) fique incomodada com piadinhas. Dizem que a Juliana não tem o direito de se sentir incomodada com ataques à sua honra, já que, provavelmente, honra (ou "castidade") não teria mais nenhuma, depois de fazer uma propaganda de cerveja em que usa minissaia e decote avantajado. Pois é. Já que "se deu ao desfrute", que
agora aguente as consequências. Alguns comentários, nesses blogs, chegam a chamá-la de "puta", e dizem que ela deve se conformar em ser objeto de pilhéria e afronta. Se esquecem, esses filhinhos-da-mamãe, que ninguém é obrigado a suportar referências grosseiras e ofensivas ao seu nome, não importa se quem fez a referência foi o gênio "Macaco Simão" ou o Zé Mané da esquina. Se esquecem que todos têm suas susceptibilidades, e nem mesmo uma prostituta de um bordel de periferia é obrigada a tolerar, ou a gostar, de xingamentos, por mais que elas sejam, sim, prostitutas. É claro, é demais pedir a esses paladinos da moral que ajam, pelo menos, como Jesus: não atirem pedras na Juliana, já que a consideram uma "não-casta". Disse isso em um desses blogs, e repito: Todos têm a sua sensibilidade. A atriz não gostou, e tem o direito de não gostar. Meu raciocínio primeiro foi: "É verdade, ela já posou pelada, porque se importa com isso?" Mas não é assim que a roda roda. Primeiro: José Simão não é Deus, e, por mais competente que seja, não tem o direito, mesmo, de enxovalhar o nome de quem quer que lhe dê na telha. Juliana Paes não gostou, e tem o direito de não gostar do tratamento que ele lhe conferiu. O fato de Juliana ter posado nua não quer dizer que quem queira, agora, tem o direito de se fazer em cima disso. E se fosse o contrário? E se Juliana Paes escrevesse um texto engraçadinho chamando o Macaco Simão de "bicha louca"? Já que ele é homossexual assumido, qual é o problema? Não saiu na chuva? E se ela dissesse que o cara, um "DESviado" (olha que engraçadinho!), não tem moral para falar da castidade de ninguém? Bom, tenho certeza que todas as ONGs GLBT se levantariam, no dia seguinte, para reclamar, choramingar e processar Juliana. Sem contar que os críticos de plantão certamente se calariam. Talvez, é possível, que o próprio Simão se sentisse ofendido... O problema é: Juliana é mulher, e, para ela, não existe ponderação. Como disse um compositor famoso, "joga pedra na Geni!"
DOIS: De novo, os machistas modernos. Na semana passada, um blog criticou um programa do missionário RR Soares, no qual ele divulgou o fato de que uma mulher que se converteu teve seu hímen restaurado pelo poder de Deus. O autor do texto genial aproveitou e chamou essa pessoa de "safadinha", já que, antes de se converter, ela tinha tido relações sexuais, e, depois de se converter, tendo sido purificada e perdoada por Jesus, talvez tenha ousado pedir a Ele que seu hímen fosse reconstituído (e nem isso foi dito!). Jesus pode até perdoar, mas uns não perdoam! E a falta do hímen, marca indelével da safadeza da "safadinha", deveria ser sempre lembrada.
Jesus pode até curar, restaurar um fígado de um ex-alcóolatra, restaurar os pulmões de um ex-fumante, mas restaurar o hímen de uma ex-pecadora? Jamais! E o texto ainda afirma que o fato de RR Soares pregar pela televisão "perturba o juízo"... Mas não perturba o juízo que outros, como Caio Fábio, também vítima de pecado sexual (mas vejam, Caio Fábio é homem, jamais será chamado de "safadinho". E não é uma irmã anônima, é um pastor conhecido), preguem. Não perturba o juízo que filmes com imoralidade, ou ONGs GBLT, divulguem seus pontos-de-vista. Perturba o juízo de uns que uma mulher, antigamente sujeita a morrer apedrejada pela Lei, tenha sido liberta, inclusive fisicamente, de seu pecado, e sem ter que pagar o preço de seu próprio pecado! Perturba o juízo de uns que Jesus não chame essa mulher de "safadinha", nem dê risinhos irônicos a seu respeito, mas a perdoe completamente de seu pecado sexual, ame-a profundamente e a abençoe de maneira incompreensível, por meio de sua graça. É que uns talvez nem saibam o que é graça, e por baixo de uma capa engraçadinha, mas visivelmente imatura, continuem vivendo na Lei que chama os fariseus de dignos e apedreja as mulheres adúlteras. É isso aí, e esses mesmos continuam dizendo: "Joga pedra na Geni!"
TRÊS: Só Jesus na causa.
2 comentários:
Você está sofrendo de uma donça chamada feminismo, minha cara. Sua matéria está impregnada de sintomas deste mal.
Olá, "Cristão Revoltado"...
Agradeço por seu comentário, mas discordo dele. Nem machismo nem feminismo: devemos respeitar as pessoas, todas elas, e procurar amá-las com o amor de Cristo, que não era permissivo, mas tampouco acusador.
Uma coisa é exortar com amor e falar do pecado e do juízo, outra bem diferente é o escárnio e o julgamento humano. Nos casos em questão, em meu texto, destaca-se a segunda opção.
Há também uma doença terrível que tem acometido muitos hoje em dia, inclusive cristãos: a zombaria, ou, em vocabulário mais selecionado, o escárnio. Não me sento na roda dos escarnecedores, "Cristão Revoltado", e você também não deveria se sentar.
Maya
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