Não quero ser uma cristã cool. Não tenho vontade de ser aceita em todas as rodas, em todos os grupos, de todas as maneiras. Sei que em muitos, quase todos, serei vista como antiquada e careta. Não tenho vontade de relativizar meus conceitos para que me aceitem. Não quero que digam de mim: “Ela é cristã, mas...”. Sou cristã, só isso. Serei triste com os que estão tristes, e alegre com os alegres, mas não posso negar o que me foi confiado. Não posso passar à margem da estrada, não posso abdicar da loucura do Evangelho para adquirir a sabedoria segundo este mundo. Não estou no sistema. Não quero ficar rica. Não quero ser admirada por meus conhecimentos culturais, artísticos ou científicos. Não fui escolhida acima dos meus irmãos, e não sou melhor ou superior a nenhum deles. Não sou dirigente, não sou bispa, não sou pastora, não sou diaconisa, não sou profetisa, não sou nada além de uma criatura para quem os olhos de Deus se voltaram com misericórdia. Minha porção é o Senhor. Este mundo não é meu, por aqui estou passando e já finda meu caminho: nele só vejo Cristo. Não me concebo cega para o que do mundo provém: não posso fingir que não vejo o pecado e não posso chamar o pecado de virtude. Melhor é agradar a Deus que a qualquer semelhante meu. Devo levantar a minha voz e falar daquele que veio, e que é, que está presente, de quem o mundo fez pouco caso e faz ainda hoje. Minha vida é com este que rejeitaram, não com um outro que a cada dia criam mais reluzente, mais arrogante e mais cheio de ouro e riquezas. O meu não tinha onde recostar a cabeça, e era tão humilde e puro que nele não havia maldade ou desejo de obter de alguém alguma vantagem indevida. Minha vida é com este que sofreu, não com um outro que nada sabe de sofrimento. Não quero agradar os meus superiores e desagradar o meu Deus. Não quero ser palatável à mídia, não quero listar os livros que eu leio, não quero perfumar a carne que está pronta para a morte. Há os que são covardes, e dizem ser prudentes. Vivendo ou morrendo, sou de Cristo. Há os que são coniventes com o pecado, e dizem exercitar o amor e a tolerância. Não estou entre esses. Há ainda os que são desonestos e torpes, mas afirmam validar todas as coisas pela obra do Senhor. Há os que nadam em sua vaidade, acreditando-se escolhidos para além de todos os outros. Há os que estão contentes somente nas circunstâncias que lhes são favoráveis, e dizem viver em batalhas espirituais. Eu quero estar contente em qualquer situação. Há os que escarnecem de seu próximo, e afirmam exercitar a alegria. Minha alegria é o Senhor, e estou longe deles. Digo, como Habacuque, como Paulo, e como Sadraque, Mesaque e Abednego: o meu Deus pode todas as coisas, e, ainda que a figueira não floresça, é nele, e somente nele, que eu me alegrarei. Por isso, posso estar contente em qualquer circunstância.
