PARTIDO DOS TRABALHADORES EXPULSARÁ DEPUTADOS CONTRÁRIOS AO ABORTO
Para a quase totalidade dos brasileiros é impossível de acreditar, mesmo diante dos fatos mais evidentes. Ainda que, segundo dados do IBOPE, 97% da população brasileira seja contrária à legalização do aborto e entenda que esta prática significa um homicídio, se um militante do PT não trabalhar para promover a implantação da legalização do aborto no Brasil, será processado, julgado e expulso do Partido dos Trabalhadores. Defender a vida inocente não nascida, mesmo o aborto sendo considerado pela legislação vigente um crime punido por lei, agora é, segundo o Partido dos Trabalhadores, uma infração de Ética tão grave que exige a expulsão do Partido. Os Deputados federais Luiz Bassuma, do PT da Bahia e Henrique Afonso, do PT do Acre, estão respondendo a processo na Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores e podem ser expulsos do partido por defenderem a vida e serem contra a legalização do aborto. Outros parlamentares do partido que também tem se pronunciado a favor da vida, como o deputado Nazareno Fonteles, já estão na mira de novos processos. Segundo a Secretaria de Mulheres do Partido, estes deputados descumprem abertamente uma resolução partidária de 2007 que aprova o direito ao aborto. Se forem condenados, Bassuma e Henrique Afonso podem ser expulsos do PT. O Presidente Lula, fundador e presidente honorário do Partido dos Trabalhadores, até o momento não se pronunciou a respeito. O Partido dos Trabalhadores, supostamente o partido que representa a maioria dos brasileiros, tem sido desde a posse do governo Lula o principal instrumento para a imposição do crime do aborto no Brasil. Em 2005 o governo Lula apresentou à Câmara um projeto de lei, o PL 1135/91, ainda em tramitação no Congresso, que extingue o aborto como crime em qualquer circunstância e que, se aprovado, tornará o aborto totalmente livre por qualquer motivo durante todos os nove meses da gravidez. A implantação do aborto, ideologicamente vinculada com a libertação da mulher, não é uma bandeira do povo brasileiro. Ela é promovida e financiada por uma rede fundações internacionais amplamente conhecidas cuja verdadeira finalidade é o controle do crescimento populacional. O site do Partido dos Trabalhadores apresentou recentemente o processo de expulsão contra os deputados a favor da vida como "uma vitória das feministas do PT". Segundo página oficial do site, "a participação destes deputados em atos públicos contra a legalização" não pode ficar impune: "tem que ter conseqüências e exige a imposição de uma sanção".
Veja o que diz o site a este respeito:
"A COMISSÃO EXECUTIVA NACIONAL DO PT VAI AVALIAR AS POSTURAS E PROCEDIMENTOS DE DOIS DEPUTADOS FEDERAIS - LUÍS BASSUMA (BA) E HENRIQUE AFONSO (AC) - EM COMISSÃO DE ÉTICA. OS DOIS PARLAMENTARES, HÁ MUITO TEMPO, AFRONTAM A RESOLUÇÃO PARTIDÁRIA, RATIFICADA PELO 3º CONGRESSO DO PT, DE DEFESA DA DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO. A DEFESA DO DIREITO AO ABORTO LEGAL E SEGURO É UMA BANDEIRA HISTÓRICA DAS MULHERES PETISTAS. QUEREMOS QUE SE APLIQUE UMA PUNIÇÃO ADEQUADA A QUEM CONTRARIA ABERTAMENTE, MAS NÃO MAIS IMPUNEMENTE, DEFINIÇÕES POLÍTICAS DO PARTIDO. O MANDATO DO BASSUMA OU O DO HENRIQUE AFONSO É UM INSTRUMENTO DO PARTIDO, E SE UTILIZAR DELE PARA, EXATAMENTE, CONTRARIAR POSICIONAMENTOS POLÍTICOS DO PT É, NO MÍNIMO, UM ERRO A SER AVALIADO EM COMISSÃO DE ÉTICA. NÃO ACEITAMOS QUE FIGURAS PÚBLICAS DO PARTIDO EMPRESTEM SUA IMAGEM A MOVIMENTAÇÕES QUE VÃO DE ENCONTRO A UMA RESOLUÇÃO CONGRESSUAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES. NÃO ACEITAMOS ESSE TAMANHO DESRESPEITO COM AS MULHERES DO PT. A PARTICIPAÇÃO DESSES PARLAMENTARES EM ATOS PÚBLICOS CONTRA A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO PRECISA TER CONSEQÜÊNCIAS. ESTAMOS ALERTAS, AGUARDANDO A DEFINIÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA, E ESPERANDO QUE UMA SANÇÃO SEJA IMPOSTA AOS FILIADOS EM QUESTÃO, DEMONSTRANDO AO CONJUNTO DO PARTIDO E DA SOCIEDADE QUE O PT LEVA A SÉRIO AS RESOLUÇÕES POLÍTICAS, A MILITÂNCIA E A TRAJETÓRIA HISTÓRICA QUE TEM".
O deputado oposicionista Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ironiza o fato de nenhum parlamentar do PT ter sido punido no Conselho de Ética do partido por conta do suposto envolvimento no escândalo do mensalão. "O PT É LIBERAL COM ROUBO DE DINHEIRO PÚBLICO E RADICAL A FAVOR DA ELIMINAÇÃO DA VIDA", tripudia. O mesmo pensa o próprio deputado que está sendo processado Henrique Afonso: "NÓS TEMOS NO PT QUASE 1 MILHÃO DE MILITANTES, E CERTAMENTE A MAIORIA É CONTRA O ABORTO. ESTAMOS DEFENDENDO O DIREITO À VIDA, PRESENTE NA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E NA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA", argumenta. O compromisso do Partido dos Trabalhadores com a prática do aborto é um fato oficial de longa data, mas um pacto de silêncio impede a imprensa de apresentá-lo claramente ao público. Antes de ler a matéria "DEBATE SOBRE ABORTO VOLTA A DIVIDIR O PT", confira alguns dos principais compromissos do governo do PT com a implantação do aborto no Brasil.
PRINCIPAIS COMPROMISSOS DO GOVERNO E DO PARTIDO DOS TRABALHADORES COM A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO:
1. EM 2005 O GOVERNO LULA RECONHECEU JUNTO À ONU O ABORTO COMO DIREITO HUMANO - Em agosto de 2005 o Governo Lula reconheceu junto à ONU o aborto como direito humano. Nesta data o governo Lula entregou ao Comitê do Cedaw (a Convenção da ONU para Eliminação de todas as Formas de Discriminação Contra a Mulher) o documento intitulado "SEXTO INFORME PERIÓDICO DO BRASIL AO COMITÊ DA ONU PARA A ELIMINAÇÃO DA DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER" onde, às páginas 9 e 10, ele reconhece o aborto como um direito humano da mulher e reafirma novamente diante da ONU decisão do governo de revisar a legislação punitiva do aborto: "AS ATIVIDADES QUE O GOVERNO FEDERAL BRASILEIRO LEVA A CABO PARA COMBATER A DESIGUALDADE POR MOTIVO DE GÊNERO OU RAÇA PERMITEM APRECIAR QUE AINDA FALTA MUITO POR FAZER EM DEFESA E PROMOÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS NO BRASIL E, MAIS ESPECIFICAMENTE, NA ESFERA DOS DIREITOS HUMANOS DA MULHER. DE IMPORTÂNCIA PARA ESTE TEMA É A DECISÃO DO GOVERNO DE ENCARAR O DEBATE SOBRE A INTERRUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ. COM ESTE PROPÓSITO FOI ESTABELECIDA UMA COMISSÃO TRIPARTITE DE REPRESENTANTES DOS PODERES EXECUTIVO E LEGISLATIVO E DA SOCIEDADE CIVIL, COM A TAREFA DE EXAMINAR O TEMA E APRESENTAR UMA PROPOSTA PARA REVISAR A LEGISLAÇÃO PUNITIVA DO ABORTO". [Para acessar este documento, abra o endereço http://www.un.org/womenwatch/daw/cedaw/reports.htm role o documento até o ítem Brazil e clique em "Sixth periodic report"]
2. EM SETEMBRO DE 2005 O GOVERNO LULA ENTREGOU À CÂMARA DOS DEPUTADOS UM PROJETO DE LEI QUE REVOGAVA TODOS OS ARTIGOS DO CÓDIGO PENAL QUE DEFINEM COMO CRIME QUALQUER TIPO DE ABORTO, REDEFININDO A PRÁTICA COMO UM DIREITO E TORNANDO-A LEGAL DURANTE TODA A GRAVIDEZ - O Projeto, conhecido como Substitutivo do PL 1135/91, se aprovado, descriminaliza totalmente a prática do aborto, tornando-o livre por qualquer motivo DURANTE TODOS OS NOVE MESES DA GRAVIDEZ, DESDE A CONCEPÇÃO ATÉ O MOMENTO DO PARTO. A defesa do projeto custou a reeleição da Deputada Jandira Feghali, que aceitou ser a relatora do projeto por considerar-se uma "defensora histórica do aborto". Votado em 2007 na Câmara, o projeto foi derrubado por 33 votos a zero na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara e por 57 votos contra 4 na Comissão de Constitucionalidade da mesma Câmara. Mesmo assim, foi novamente desarquivado graças ao esforço pessoal do Deputado José Genoíno do PT, que conseguiu encaminhá-lo para o plenário da Câmara, onde deverá ser votado novamente por todos os deputados.
3. EM 2006 O PT INCLUÍU A LEGALIZAÇÃO DO ABORTO COMO DIRETRIZ DO SEGUNDO MANDATO DO PRESIDENTE LULA - No ano seguinte, em abril de 2006 a descriminalização do aborto foi oficialmente incluída pelo PT como diretriz do programa de governo para o segundo mandato do Presidente Lula. O documento intitulado "Diretrizes para a Elaboração do Programa de Governo", oficialmente aprovado pelo Partido dos Trabalhadores no 13º Encontro Nacional do PT ocorrido em São Paulo entre os dias 28 e 30 de abril de 2006, contém as seguintes diretrizes: "35. O SEGUNDO GOVERNO DEVE CONSOLIDAR E AVANÇAR NA IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS AFIRMATIVAS E DE COMBATE AOS PRECONCEITOS E À DISCRIMINAÇÃO. AS POLÍTICAS DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO E DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS E CIDADANIA DE GAYS, LÉSBICAS, TRAVESTIS, TRANSEXUAIS E BISSEXUAIS RECEBERÃO MAIS RECURSOS. O GOVERNO FEDERAL SE EMPENHARÁ NA AGENDA LEGISLATIVA QUE CONTEMPLE A DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO". http://www.pt.org.br/site/noticias/noticias_int.asp?cod=43228
4. EM SETEMBRO DE 2006 O PRÓPRIO PRESIDENTE LULA INCLUÍU O ABORTO EM SEU PROGRAMA PESSOAL DE GOVERNO - Quatro dias antes do primeiro turno das eleições, em 27 de setembro de 2006, o próprio Presidente Lula incluiu o aborto em seu programa pessoal de governo para o segundo mandato, em um caderno de 24 páginas intitulado "LULA PRESIDENTE: COMPROMISSO COM AS MULHERES, PROGRAMA SETORIAL DE MULHERES 2007 -2010", onde, apesar da linguagem velada, REAFIRMA INEQUIVOCAMENTE SEU COMPROMISSO EM LEGALIZAR O ABORTO NO BRASIL. O documento o Presidente afirma que "O Estado e a legislação brasileira devem garantir o direito de decisão das mulheres sobre suas vidas e seus corpos. Para isso é essencial promover as condições para o exercício da autonomia com garantia dos direitos sexuais e direitos reprodutivos e de uma vida sem violência. O Estado é para todas e todos, e deve dirigir suas ações para a garantia de cidadania de todas as pessoas, ao invés de se pautar por preceitos de qualquer crença ou religião". [Lula Presidente: Compromisso com as Mulheres, pg. 16] As próprias feministas reconhecem que o presidente está se comprometendo inequivocamente com a legalização do aborto. Elas apenas lamentam que Lula não tenha coragem de falar abertamente a palavra aborto. Assim de fato escreveu Fernanda Sucupira, na Carta Maior: "Às vésperas das eleições, no entanto, as feministas lamentam que nenhum candidato à presidência tenha se manifestado explicitamente favorável à legalização da interrupção da gravidez indesejada. Nesta quarta feira 27, o presidente Lula lançou em Brasília o caderno temático "Compromisso com as Mulheres". No item que trata de direitos reprodutivos, o documento diz que "o Estado e a legislação brasileira devem garantir o direito de decisão das mulheres sobre suas vidas e seus corpos. Para isso, é essencial promover as condições para o exercício da autonomia". POR MAIS QUE FIQUE CLARO QUE SE ESTÁ FALANDO DE ABORTO, O TEXTO NÃO TRAZ ESTA PALAVRA". http://agenciacartamaior.uol.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=12382 Ainda no documento "Lula Presidente: Compromisso com as Mulheres", encontra-se, à página 19: "O segundo governo Lula desenvolverá ações que assegurem autonomia das mulheres sobre seu corpo, a qualidade de vida e da saúde em toda as fase de sua vida, respeitando a diversidade racial e étnica e a orientação sexual das mulheres. Criará mecanismos nos serviços de saúde que favoreçam a autonomia das mulheres sobre o seu corpo e sua sexualidade e CONTRIBUIR NA REVISÃO DA LEGISLAÇÃO". [Lula Presidente: Compromisso com as Mulheres, pg. 19]
DEBATE SOBRE ABORTO VOLTA A DIVIDIR O PT
Após 20 anos, o debate sobre a descriminalização do aborto volta a dividir o Partido dos Trabalhadores e reacende a discussão interna sobre a liberdade de os membros do PT votarem de acordo com suas convicções pessoais. Os deputados petistas Henrique Afonso (AC) e Luiz Bassuma (BA) apresentaram semana passada suas defesas à Comissão de Ética do partido no processo a que respondem por serem contra a legalização da interrupção da gravidez indesejada. Segundo a Secretaria de Mulheres da legenda, eles descumprem abertamente uma resolução partidária de 2007 que aprova o direito ao aborto. Se forem condenados, Bassuma e Henrique Afonso podem ser advertidos, suspensos ou até expulsos do PT. Dentro e fora do partido, parlamentares pró e contra o aborto ouvidos pelo Congresso em Foco condenaram a tentativa de punição para os deputados que pensam diferente numa questão classificada como de foro íntimo. Defensor de minorias e dos direitos humanos, o senador Paulo Paim (PT-RS) concorda com a interrupção voluntária da gravidez. "Mas a gente fala tanto em liberdade de expressão e isso é de foro íntimo. É um contra-senso. Pra mim, deve-se arquivar", avaliou. Outro defensor do direito ao aborto, o deputado José Genoíno (PT-SP) entende que os parlamentares sequer serão punidos. "Isso se resolve no âmbito político. Não cabe punição. Eles não serão expulsos", acredita. O deputado oposicionista Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ironiza o fato de nenhum parlamentar do PT ter sido punido no Conselho de Ética do partido por conta do suposto envolvimento no escândalo do mensalão. "O PT é liberal com roubo de dinheiro público e radical a favor da eliminação da vida", tripudia. Paim admite que o processo contra Bassuma e Afonso constrange o partido. Mas discorda da relação com o mensalão. "As mulheres têm o direito de fazer isso e o PT tem o direito de arquivar." Na Câmara e no Senado, tramitam 44 projetos de leis e propostas e emenda à Constituição que tratam do aborto. Entretanto, não há previsão de votação de nenhuma delas nos plenários do Congresso.
CAMPANHA CONTRA
O espírita kardecista Luiz Bassuma, que participa de eventos em todo o Brasil contra a legalização do aborto, afirma que sua opinião "transcende a política". "Isso é questão fundamental na minha vida." Ele destaca que não mudará "nenhum milímetro" de suas convicções em relação ao tema. "É um erro político que o PT está cometendo. Mesmo quem defende a legalização do aborto acha minha expulsão um erro político", justifica-se. Ao Congresso em Foco, Bassuma disse que sua defesa destaca a necessidade de ser realizado "um debate amplo e público" com a militância petista. "Acho que a maioria é a favor do meu ponto de vista", avalia. O mesmo pensa o evangélico Henrique Afonso. "O debate não foi feito. Nós temos quase 1 milhão de militantes. E certamente a maioria é contra." Henrique ainda admite estar ao mesmo tempo "tranqüilo" e "triste" com o caso. "Estamos defendendo o direito à vida, presente na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição brasileira", argumenta.
AFRONTA
Por sua vez, a secretária nacional de Mulheres do PT, Laisy Morière, ressalta que a atitude dos deputados contraria uma resolução da legenda aprovada em um congresso nacional. "O que eles fazem é afrontar a decisão do partido", explica Laisy. A Secretaria Nacional de Mulheres do PT é autora da representação contra os deputados petistas. De acordo com a resolução aprovada pelo 3º Congresso Nacional do PT, realizado entre agosto e setembro do ano passado, o partido defende, entre outros itens, a "autonomia das mulheres sobre seu corpo e sua sexualidade". A resolução prega a "defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento à todos os casos no serviço público, evitando assim a gravidez não desejada e a morte de centenas de mulheres, na sua maioria pobres e negras, em decorrência do aborto clandestino e da falta de responsabilidade do Estado no atendimento adequado às mulheres que assim optarem". A secretária petista também rebate o argumento utilizado pelos congressistas de que o tema não foi debatido. "A proposta foi aprovada em congressos municipais, estaduais e nacional. Então houve um debate público", afirma.
SEM FECHAMENTO
Ao contrário, Paulo Paim diz que, na Constituinte de 1988, ficou bem claro que as questões de foro íntimo não poderiam ser definidas de forma partidária no PT. "Lembro até que o Plínio de Arruda Sampaio, hoje no PSOL, era contra o aborto. Não cabe fechamento de questão", comentou o senador. Na época, Plínio obteve permissão do partido para contrariar a posição da bancada e votar contra a descriminalização do aborto. A presidente do PSOL, a ex-petista Heloísa Helena, também é contra a legalização do aborto. Porém, uma resolução do partido defende "o direito à realização de aborto em casos de gravidez indesejada". O Congresso em Foco procurou a Comissão de Ética do PT, mas não obteve retorno. De acordo com a assessoria do partido, o colegiado terá até 60 dias (com possibilidade de prorrogação) para decidir sobre eventuais punições aos congressistas.
ARGUMENTOS
Os deputados petistas vão se valer do mesmo artigo para alicerçar suas defesas. Ao Congresso em Foco, ambos ressaltam que o Artigo 67 do Estatuto do PT lhes garante a possibilidade de externar suas opiniões nesse caso. "Excepcionalmente, e somente por decisão conjunta da Bancada e da Comissão Executiva do Diretório correspondente, precedida de debate amplo e público, o parlamentar poderá ser dispensado do cumprimento de decisão coletiva, face a graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo", afirma o referido artigo do estatuto petista. "O PT, que se diz o partido mais democrático, precisa dar o direito aos seus membros de expressar suas convicções. Vamos até a última instância", protesta Henrique Afonso.
COMPLICAÇÃO
Contudo, além do documento aprovado no ano passado, outra resolução aprovada, dessa vez no 10º Encontro Nacional de Mulheres do PT, realizado em maio deste ano, pode complicar a situação dos deputados anti-aborto. O texto, intitulado "Sobre aborto e punição a parlamentares", propõe a expulsão daqueles "que não acatarem e não respeitarem as resoluções partidárias relativas aos direitos e à autonomia das mulheres". A resolução também determina a "retirada de tramitação todos os projetos de lei propostos por parlamentares do PT que prejudiquem o direito das mulheres de autonomia sobre seu corpo e sua sexualidade". "Elas estão pressionando o partido para a minha expulsão", afirma Bassuma em referência à Secretaria de Mulheres. "É uma atitude autoritária, arbitrária. Espero que isso [representação] também chegue à militância", declara Henrique Afonso. Mas Laisy nega o confronto. "Não há nenhum atrito da Secretaria de Mulheres com os deputados. O problema deles é com o partido."
DEFENSOR
O deputado Gilmar Machado (PT-MG), um dos vice-líderes do governo no Congresso, diz que vai defender Bassuma e Henrique Afonso perante os colegas. "São dois grandes companheiros. Eu espero que não sejam expulsos. Temos que discutir isso", conta. Assim como Paim, Machado diz que esse é um assunto "de foro íntimo". Evangélico, o petista mineiro também é contra a descriminalização do aborto, mas não foi levado à Comissão de Ética do partido porque, na avaliação da Secretaria de Mulheres, ao contrário dos outros dois colegas, não faz campanha sistemática em torno do assunto. "Depende da forma como você se expressa", avalia Machado.
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COLABORAÇÃO: Situação em Defesa da Vida.
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