Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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29 de abr. de 2008

Análise do Discurso

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Na história da reflexão sobre a linguagem, a AD [Análise de Discurso] aparece como uma forma de conhecimento cisionista. Ela se constrói não como uma alternativa para a Lingüística - que é a ciência positiva que descreve e explica a linguagem verbal humana - mas como proposta crítica que procura justamente problematizar as formas de reflexão estabelecidas.
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Assim, ao mesmo tempo em que pressupõe a Lingüística, a AD abre um campo de questões no interior da própria Lingüística e que refere o conhecimento da linguagem ao conhecimento das formações sociais.
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Daí resulta o que podemos chamar seu "nomadismo". Não há um acúmulo científico fixo, no que diz respeito à teoria, à definição de seu objeto e método(s): a cada passo a AD redimensiona seu objeto, reavalia aspectos teóricos e se relaciona criticamente com seu(s) método(s).
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É essa sua condição de existência crítica que a torna mais fecunda. Nem poderia deixar de ser assim, para uma forma de conhecimento que, como diz Foucault (1969), se propõe "fazer uma história dos objetos discursivos que não os interasse na profundidade comum de um solo originário, mas desenvolvesse o nexo das regularidades que regem sua dispersão". O fragmentário, o disperso, o incompleto, o não-transparente. Eis o domínio da reflexão discursiva.
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Crítica ao mesmo tempo ao objetivismo abstrato (que advoga a onipotência do sistema, o da autonomia da língua) e ao subjetivismo idealista (em que domina a onipotência do sujeito e do território-livre da fala) a AD assume a posição de que se deve pensar um objeto ao mesmo tempo social e histórico, em que se confrontam sujeito e sistema: o discurso.
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Desse modo, embora pressuponha a Lingüística, se distingue dela em pontos cruciais, pois não é nem uma teoria descritiva, nem uma teoria explicativa. A AD se pretende uma teoria crítica que trata da determinação histórica dos processos de significação. Não estaciona nos produtos como tais. Trabalha com os processos e as condições de produção da linguagem. Condiciona, por isso, a possibilidade de se encontrarem regularidades à remissão da linguagem à sua exterioridade (condições de produção).
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Ao colocar como fundamental o fato de que há uma relação necessária da linguagem com o contexto de sua produção, a AD tem de articular-se sobre o campo das ciências sociais sem deixar de constituir sua unidade no interior da teoria lingüistica. Nela se juntam, pois, com alguma especificidade, a(s) teoria(s) das formações sociais e a(s) teoria(s) da sintaxe e da enunciação.
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Em relação às ciências humanas, por sua vez, a AD tembém propõe um deslocamento no tratamento do texto: este se apresenta como monumento e não como documento.
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Este seu deslocamento em relação às Ciências Humanas, consiste por seu lado, na recusa da chamada Análise de Conteúdo clássica: aquela que toma o texto apenas como pretexto e o atravessa só para demonstrar o que já está definido a priori pela situação. Na Análise de Conteúdo o texto aparece como documento, que se toma só como ilustração da situação em que foi produzido, situação esta já constituída e caracterizada de antemão. A AD faz justamente o movimento contrário: ao considerar que a exterioridade é constitutiva, ela parte do texto, da historicidade inscrita nele, para atingir o modo de sua relação com a exterioridade. Considera que, se a situação é constitutiva, ela está atestada no próprio texto, em sua materialidade (que é de natureza histórico-social).
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Tampouco se trata para a AD - como para a Hermenêutica - de encontrar, ou melhor, extrair um sentido do texto. A AD visa menos a interpretação do que a compreensão do processo discursivo. Quer dizer: a AD problematiza a atribuição de sentido(s) ao texto, procurando mostrar tanto a materialidade do sentido como os processos de constituição do sujeito, que instituem o funcionamento discursivo de qualquer texto.
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Dissemos que a AD é cisionista. A meu ver, isso se deve a dois motivos.
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Primeiro, porque numa realidade social e histórica como a nossa, em que se é obrigado a reconhecer que sempre se ocupam determinadas posições (e não outras) o conflito constitutivo das relações sociais, não se pode fazê-lo neutramente, ou seja, sob a ilusão de que não se está tomando posição nenhuma. Desse modo, a AD procura problematizar continuamente as evidências (enquanto evidências) e explicitar o seu caráter ideológico.
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Em segundo lugar, porque as críticas que se voltam contra a AD constituem formas contínuas de anexação e de revisão de sua capacidade explicativa. Também quanto à AD, a "Razão Ocidental (razão jurídica, religiosa, moral e política, tanto quanto científica) não consentiu (...) em concluir um pacto de coexistência pacífica (...) senão sob a condição de anexá-la às suas próprias ciências ou a seus próprios mitos..." (Althusser em: Marx e Freud, Freud e Lacan, Graal, Rio 1984).
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Assim também a AD é objeto de tentativas de anexação por parte da Lingüística, representada pela Pragmática (integrada), pelas Teorias da Enunciação ou pelas considerações da Argumentação (despolitizadas, sob a forma de conversação). Isto é: a AD tem relações importantes com a Pragmática, a Enunciação e a Argumentação, mas inclui, nessas relações, a consideração necessária do ideológico, ao asseverar que não há discurso sem sujeito nem sujeito sem ideologia. As tentativas de integração da Análise do Discurso tendem a apagar essa dimensão ideológica e a anexar o discursivo como um apêndice (secundário) ao lingüístico (central).
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Enquanto projeto de conhecimento, enquanto proposta de uma teoria crítica sobre a linguagem, a AD defende-se dessas "reduções" (disciplinações) através de seu cisionismo. Podemos mesmo dizer que o cisionismo é constitutivo da cientificidade da AD.
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Prática grávida de uma teoria em parte silenciosa (Althusser, id.) a AD não tem outro modo de se constituir senão pela sua desterritorialização (cf. Courtine, "Chroniques de l'oubli Ordinaire", Sediments, n.° 1, Montreal, 1986).
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Considerando a AD como um modo de aprender "as formas textuais do político", Courtine (op. cit.) dirá que ela tende a eclipsar-se, em função de um duplo apagamento: a) o encobrimento da relação de dominação política e b) o esquecimento do movimento de pensamento que analisa a dominação política.
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Segundo o mesmo autor, essa vontade de esquecimento tem sua emergência sedimentada ao mesmo tempo no terreno científico e no domínio político: a eclipse da razão crítica, que toma, na política, a forma do pragmatismo. Nas ciências humanas, de acordo com este autor, o "valor operacional, prático, instrumental da razão apaga seu valor crítico; a observação suplanta os saberes gerais; o fato desqualifica a interpretação; o especialista se levanta frente ao intelectual". Os pesquisadores "encontram a terra firma das coisas e os rigores do cálculo". O desejo de acabar com o político, diz Courtine, se encarna em uma razão disciplinar e instrumental, na renovação do positivismo.
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O texto de Courtine, na verdade, coloca-nos em estado de reflexão chamando a atenção para o que considero a questão crucial para a AD: embora, na AD, a prática preceda a teoria (em parte silenciosa), se eliminarmos da AD a concepção de trabalho teórico, perdemos a sua função crítica e não nos restará senão sua função instrumental. Esta, por sua vez, reduziria a AD ao academicismo disciplinar. Como não é esta a vocação da AD, podemos dizer que o trabalho teórico é tão constitutivo da AD quanto seu cisionismo e a inclusão necessária da reflexão sobre o ideológico.
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Eis, enfim, três fundamentos para a AD: a teoria, a crítica e a ideologia.
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Campinas, outubro de 1986.

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Eni Orlandi, em A Linguagem e seu Funcionamento - AS FORMAS DO DISCURSO. Campinas, SP: Pontes, 2006.

27 de abr. de 2008

Mohammed, parte 2 - Cia. de Teatro Os Melhores do Mundo

Mohammed - Cia. Os Melhores do Mundo - parte 1

Hermanoteu na Terra de Godah - Os Melhores do Mundo, made in Brasília-DF



Para ver este vídeo, com trecho da peça "Hermanoteu na Terra de Godah", da companhia de teatro brasiliense "Os Melhores do Mundo", vá primeiro à janela "Maya_musique", à esquerda, e clique em "pause". Depois, venha aqui e clique em "play". Dependendo da capacidade de seu computador, a primeira passagem pode sair cheia de interrupções. Experimente ver na segunda passagem. : )

humor cristão

Os visitantes do sáite shipoffools.com elegeram o que consideram ser a melhor piada religiosa de todos os tempos.

Uma vez eu vi um cara querendo se jogar de uma ponte e eu disse:
– Não faça isso!
– Ninguém me ama – ele disse.
– Deus te ama. Você acredita em Deus?
– Acredito – ele disse.
– Você é cristão ou muçulmano?
– Cristão.
– Eu também! – eu disse. – Protestante ou católico?
– Protestante.
– Eu também! De qual denominação?
– Batista.
– Eu também! Batista da convenção batista do norte ou batista da convenção batista do sul?
– Da convenção batista do sul.
– Caramba, eu também! Batista da convenção batista regular do sul ou da convenção batista independente do sul?
– Da convenção batista regular do sul – ele disse.
– Eu também! Batista da convenção batista regular reformada do sul ou da convenção batista regular pioneira do sul?
– Da convenção batista regular reformada do sul.
– Eu também! Batista da convenção batista regular reformada pentecostal do sul ou da convenção batista regular reformada carismática do sul?
– Da batista regular reformada pentecostal do sul.
– Então morra, herege! – e empurrei o sujeito.
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O comediante
Emo Philips, autor da piada original, conta mais uma:
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Quando era pequeno eu costumava orar toda a noite pedindo uma bicicleta, até que percebi que não é assim que Deus funciona. Então eu fui lá, roubei uma e pedi que ele me perdoasse. E funcionou!
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Postado no site A Bacia das Almas em 18/12/2005.

26 de abr. de 2008

Matizes

Hoje te canto e depois no pó que hei de ser
Te cantarei de novo. E tantas vidas terei
Quantas me darás para o meu outra vez amanhecer
Tentando te buscar. Porque vives em mim, Sem nome,
Sutilíssimo amado, relincho do infinito, e vivo
Porque sei de ti a tua fome, tua noite de ferrugem
Teu pasto que é o meu verso orvalhado de tintas
E de um verde negro teu casco e os areais
Onde me pisas fundo. Hoje te canto
E depois emudeço se te alcanço. E juntos
Vamos tingir o espaço. De luzes. De sangue.
De escarlate.

Hilda Hilst, escritora

* Postei esta poesia belíssima da Hilda Hilst em setembro do ano passado. Estava no Pavablog, de onde pesquei.
Estou ocupada. Há tanto o que fazer... Eu me desculpo com os que vêm nesta página, esperam encontrar um texto original mas se decepcionam. Faz tempo que não escrevo nada de mais relevante, eu sei. É que neste momento vivo um desafio particular, e nesse intento tenho depositado trabalho, concentração, tempo. Creio que em breve, apesar das muitas atividades, poderei construir o blog de modo melhor, mais ativo e regular. Agradeço a todos os que vêm aqui para ler, ouvir música, buscar os links... Venham sempre, vocês são muito bem-vindos. Se quiserem, comentem, reclamem, critiquem. Vejam as postagens antigas, havia uma época, não muito distante, em que eu dispunha de mais tempo.
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Um abraço a todos os que me lêem agora, prometo colocar neste espaço textos novos, fotos, links, músicas que ainda não postei e o que mais surgir. Continuo a gostar de fazer o blog, assim como vocês continuam a vir aqui.
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Beijos,
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Maya

25 de abr. de 2008

Querida,
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Está tudo em ordem durante sua ausência.

Estou preparando meu próprio almoço. Está dando tudo certo.

Ontem fiz batata frita. Ficou bom. Era preciso descascar a batata?

Fui buscar uns brioches na padaria e quando voltei o esmalte da frigideira tinha soltado e ela estava todaderretida. Inclusive o cabo. E você que me dizia que o teflon segurava qualquer coisa...

Quanto tempo precisa pra cozinhar ovos? Já deixei eles fervendo lá duas horas, mas continuam duros que nem pedra. Bom, vou aguardar um pouco mais...

Semana passada tive um contratempo cozinhando as ervilhas. Decidi esquentar a lata no microondas e ele explodiu. A lata decolou feito um foguete, atravessouo teto e acertou a filha do seu Freitas, nosso vizinho de cima. Ela foi parar no pronto-socorro. Ainda bem que eles tinham plano de saúde.

Já aconteceu contigo de a louça suja criar mofo? Como é possível isso acontecer em tão pouco tempo? Aliás, atrás da pia tem de tudo que é bicho, daqui a poucovai dar pra fazer um documentário e vender pro Nacional Geografic.

Durante o último almoço eu emporcalhei o tapete persa com molho de tomate. Você sempre me dizia que mancha de molho de tomate não sai. Bobinha! Com um pouco de querosene não tive problema algum. Saiu tudinho, inclusive a cor do tapete.

A geladeira estava criando muito gelo, então tive que fazer um defrost nela. O gelo sai fácil se você raspar com uma espátula de pedreiro! Ficou ótimo, foi fácil e rápido, agora a geladeira não sei por que está aquecendo. De toda forma, a carne ficou bem passada.

No mais, na última quinta-feira quando sai para o trabalho esqueci de trancar a porta. Alguém deve ter invadido nosso apartamento porque estão faltando alguns objetos de valor, inclusive aquele colar de marfim que seu bisavô trouxe da África. Mas como você sempre diz, o dinheiro não traz felicidade, e tudo que é material é efêmero. O seu guarda-roupa também está vazio, mas acho que não devem ter levado muita coisa, afinal você sempre diz que nunca tem nada pra vestir.

Beijos mil, com muito carinho, do seu querido Afonso.

PS: Sua mãe deu uma passada aqui pra ver como estavam as coisas. sofreu um infarto. O velório foi ontem à tarde, mas preferi não lhe contar pra não te aborrecer você à toa. Volte logo, estou com saudades...


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FONTE: Pavablog

21 de abr. de 2008

preserve o planeta, não fume

Bitucas de cigarro são o lixo mais comum do mundo
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(...) A cada ano o planeta Terra recebe 4,5 trilhões de bitucas! É o lixo mais comum do mundo. Um estudo inglês de 2004 analisou a composição do lixo em centenas de lugares. Os filtros de cigarro eram os resíduos que estavam presentes em mais locais pesquisados - embora o número total de chicletes encontrados fosse um pouco maior. Atiradas no meio ambiente, as bitucas contaminam a água, os animais e os seres humanos com substâncias tóxicas, como cádmio, chumbo e arsênio.
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SUJEIRAS MAIS ENCONTRADAS:
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1. 82% - FILTROS DE CIGARROS
2. 72% - PAPEL DE BALA
3. 44% CHICLETE
4. 26% - EMBALAGEM DE CIGARRO
5. 22% - LATAS DE BEBIDA
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FONTE: web

20 de abr. de 2008

A obra inconclusa

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Em terceiro lugar, o escopo do amor é ilimitado; sua obra jamais termina. Qualquer dever que possamos esperar concluir e dar por terminado não é um dever moral. Aquele cujo único conhecimento consiste de tarefas finitas não alcançou ainda a vida interior e a liberdade de uma mentalidade moral. A realização de qualquer coisa que o amor entenda ser seu dever conduz a novas obrigaçőes, maiores que as anteriores.
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Se alguém, buscando comunhão com aqueles entre os quais foi colocado, imagina poder estabelecer quaisquer limites para os seus esforços, sua vontade não possui ainda uma natureza moral. Se a comunhão genuína com outros for realmente o único objeto da nossa vontade, não nos contentaremos com menos do que uma infinita capacidade para o serviço. Estaremos então preparados para a possibilidade de termos de desconsiderar todas as fronteiras que delimitam nossos direitos, se for para sermos capazes de cumprir nosso propósito de servir a comunidade.
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Se for nosso o verdadeiro amor, estaremos prontos para qualquer sacrifício que possa estabelecer um elo comum de afinidade entre nós mesmos e aqueles ao nosso redor. É essa a autonegação para a qual somos chamados por Jesus: não um abandono sem sentido dos nossos poderes individuais, mas o exercício máximo deles, a disposição de entregá-los todos a uma grande causa. O que se ergue desse fundamento não é mera “disposição de espírito construída como um castelo de cartas” – pois, onde o serviço é dessa natureza, o indivíduo é construído sobre um reconhecimento aberto de necessidade. Se for cristã, essa pessoa se alegrará na promessa de que seu sacrifício é a chave para as riquezas do mundo que despertam o coração do homem para suas riqueza mais profundas.
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A mente que está viva em Jesus, a mente que ele requer de nós, está enraizada e fundamentada no conhecimento de que uma única coisa é boa, uma vontade direcionada à comunhão de seres conscientes de si mesmos – em outras palavras, amor. Essa mente, de acordo com a explicação que Jesus fornece do amor, é vontade uniforme, independente e inesgotável. Seu ponto culminante é a percepção de que esta vontade é poder sobre todas as coisas: é Deus.
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Adolf Harnack, em Ensaios sobre o Evangelho Social (1907)
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Por Paulo Brabo
Texto postado no site A Bacia das Almas em 14/04/2008.
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NOTA: O texto é maravilhoso, mas completamente desvinculado do fato de que somos humanos e falhos. Não há nada neste mundo cuja beleza, em si, não seja já uma impossibilidade. Pensando nisso há algum tempo, concluo que utopias e ideais fraternos e humanos são belos, mas, infelizmente, irrealizáveis. Existem na alegria dos jovens, e lhes dão a linda e irepreensível sanha de vida.

17 de abr. de 2008

(...)
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No discurso pictórico, no desenho, ou no discurso verbal, a credibilidade das representações está submetida à densidade das conexões estabelecidas entre as figuras. Multiplicando os procedimentos de integração delas, o discurso cria mecanismos de referencialização interna, como a iteração semântica, a debreagem entre unidades discursivas, as anáforas, que poderão chegar a produzir o efeito de iconicidade. A realidade não é mais o objeto, mas a transfiguração que sofre no contato com o sujeito.
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Nesse percurso de produção de sentido, que se faz de etapas de concretização da figuratividade fundadora e de etapas lógicas de relações entre sujeitos e entre sujeitos e objetos, há um momento especialmente díficil de analisar, que é o momento da enunciação. Difícil porque se trata de analisar algo na imperfeição do que o enuncia. Difícil porque acolhe um sujeito que são dois e que ainda não são pessoas, mas promessas de existência concreta. Difícil porque se corre o risco de preencher essas categorias e esses enunciados com intuições de intencionalidades e adivinhações de propósitos.
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Parece-me, entretanto, que a semiótica de base greimasiana que adotamos, não como crença, mas como direção de um pensamento teórico, oferece bom caminho para a análise do ato enunciativo, caminho ainda em elaboração, extremamente fértil e inquietante. Escapando do domínio lingüístico em que a enunciação foi pensada, trata-se agora de formular esta reflexão do ponto de vista de uma semiótica geral. Os sistemas semi-simbólicos são lugares extremamente estimulante para a observação de enunciados que, despovoados da materialidade lingüística, podem mudar a direção do percurso de observação do analista, levando-o à enunciação pressuposta logicamente por enunciados de materialidade não-verbal, e daí ao encontro de formulações teóricas válidas no âmbito de uma teoria geral.
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Ora, penso eu que a grande beleza teórica da semiótica está em dois movimentos de expansão, contidos por uma tensão teórica fundadora. um movimento expansivo é o da sua pretensão, a pretensão estimuladora de toda ciência de querer abarcar na sua totalidade o recorte produzido no objeto observado. A semiótica pretende construir-se como "a teoria de todas as linguagens e de todos os sistemas de significação" (A. J. Greimas, Du Sens, Paris, Seuil, 1975) (...).
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TEIXEIRA, Lucia, A práxis enunciativa num auto-retrato de Tarsila do Amaral, DE OLIVEIRA, Ana Cláudia (org.), Semiótica Plástica, São Paulo, Hacker Editores, ano não conhecido, pp. 229-242

15 de abr. de 2008

A culpa é da madrasta, mas o pai foi cúmplice.

Peço desculpas aos leitores deste blog, que já devem estar acostumados às postagens sobre lingüística, política, filosofia...

Mas não posso deixar de publicar aqui uma notícia que, antes de qualquer coisa, me faz questionar profundamente se a pena de morte deve mesmo ser proibida no Brasil.

Tendo a acreditar, mais e mais, que protagonistas de crimes como esse deveriam ser punidos com a pena capital. Caso fique comprovada a culpa do casal no assassinato da criança, como conviver com essa atrocidade? Não, eu não falo deles. Falo de nós. Há também o caso de Suzanne, que com o namorado e o irmão dele matou os pais; há o médico que matou sua amante e a esquartejou; a empresária goiana que torturou seis crianças; os traficantes que torturam e matam no morro, a seu bel-prazer...

Campeia a iniqüidade, em toda parte; deixo de ser idealista e creio que piso, finalmente, na Terra. O que mais posso dizer? Sim, eu me sinto triste por Isabella e por tantos outros. Que seja feita Justiça.

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Para polícia, madrasta bateu em Isabella e pai jogou menina pela janela

ANDRÉ CARAMANTE
da Folha de S.Paulo

Para a Polícia Civil de São Paulo e para o Ministério Público Estadual não há mais dúvidas: a menina Isabella Nardoni, 5, foi atirada do sexto andar do Edifício London, na noite de 29 de março, por seu pai, o estagiário de direito Alexandre Alves Nardoni, 29.

Com base em dados preliminares elaborados por peritos do IC (Instituto de Criminalística) e de legistas do IML (Instituto Médico Legal), os delegados e investigadores do 9º DP (Carandiru) responsáveis pelo esclarecimento do assassinato da criança também têm outra convicção: Nardoni jogou a filha do seu apartamento após a madrasta da menina, Anna Carolina Trotta Jatobá, 24, ter tentado asfixiá-la.

Nas próximas horas, os responsáveis pelo caso pedirão à Justiça a prisão preventiva do casal. O juiz do 2º Tribunal do Júri, Maurício Fossen, o mesmo que decretou no começo do mês a prisão temporária --por 30 dias-- de Nardoni e de Anna, será o responsável pela análise do pedido da preventiva, já com base nas individualizações das ações de cada um na morte de Isabella.

Para peritos, legistas, investigadores e delegados, as agressões de Anna contra Isabella naquela noite de 29 de março fizeram com que ela desfalecesse, passando a impressão de que ela havia morrido. Na seqüência, ainda na interpretação dos responsáveis pelo caso, Nardoni a jogou pela janela e começou a tentar simular a invasão de seu apartamento.

Até o final da tarde desta terça, o advogado do casal Marco Polo Levorin não havia sido localizado pela reportagem para manifestar-se sobre a individualização do crime, segundo a polícia.

O relatório que a polícia irá apresentar à Justiça para o pedido da prisão preventiva do casal já está praticamente pronto. Somente os espaços para a indicação e descrição de cada um dos laudos que ajudaram a polícia a formar a convicção contra Nardoni e Anna estão em branco no documento.

Um dos laudos mais aguardados é o que apontará que, no momento em que Isabella foi jogada do apartamento do pai, tanto Nardoni quanto Anna estavam no local.

Outro documento dos peritos do IC será usado pelos policiais para afirmar à Justiça que Nardoni carregou Isabella no colo dentro do seu apartamento, após ela ter sofrido as agressões por parte da madrasta e ficar com um corte de aproximadamente dois centímetros na testa. A posição das gotas de sangue nos diversos cômodos do lugar dirão aos policiais qual o trajeto do pai com a menina no colo.

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u392421.shtml

13 de abr. de 2008

26. O MITO DO OBJETIVISMO NA FILOSOFIA E NA LINGÜÍSTICA OCIDENTAIS

O sentido é descorporificado

Na visão objetivista, o sentido objetivo não é sentido para alguém. Pode-se dizer que as expressões de uma língua natural têm um sentido objetivo somente se esse sentido for independente de qualquer coisa que os seres humanos possam fazer, inclusive falar ou agir. Isto é, o sentido deve ser descorporificado. Frege, por exemplo, distingue o "sentido" (Sinn), o sentido objetivo de um signo, da "idéia" que surge

das memórias e das impressões sensíveis que tive e dos atos, tanto internos quanto externos, que realizei... A idéia é subjetiva... Sob essa perspectiva, não é necessário ter escrúpulos para falar simplesmente do sentido, uma vez que no caso de uma idéia, deve-se, estritamente falando, acrescentar a quem ela pertence e em que época. (Frege, pp. 59-60).

O "sentido" de Frege é um sentido objetivo e descorporificado. Cada expressão lingüística em uma língua tem um sentido descorporificado associado a ela. Isso é uma reminiscência da metáfora do CANAL, em que "O sentido está ali mesmo, nas palavras".

A tradição fregeana continua até os dias de hoje no trabalho dos discípulos de Richard Montague bem como no de muitos outros. Em nenhum desses trabalhos sobre semântica, o sentido da frase é tomado como dependente de qualquer maneira do modo como um ser humano poderia compreendê-lo. Conforme Montague afirma, "Como Donald Davidson, vejo a construção de uma teoria da verdade - ou melhor, de uma noção mais geral de verdade sob uma interpretação arbitrária - como a meta básica de uma sintaxe e de uma semântica sérias" (1974, p. 188). As palavras importantes aqui são "interpretação arbitrária." Montague assume que as teorias do sentido e da verdade são empreendimentos puramente matemáticos e sua meta era manter uma "interpretação arbitrária", não atingida absolutamente por qualquer coisa que tivesse a ver com seres humanos, particularmente, por problemas de psicologia humana e de compreensão humana. Ele pretendia que seu trabalho fosse aplicável a qualquer tipo de ser no universo e que fosse livre de qualquer limitação imposta por qualquer tipo particular de ser.

Corresponder as palavras do mundo, sem considerar pessoas ou compreensão humana

A tradição objetivista considera a semântica o estudo de como as expressões lingüísticas podem corresponder diretamente ao mundo, sem a intervenção da compreensão humana. Talvez, a formulação mais clara dessa posição seja dada por David Lewis:

Minhas propostas também não se ajustarão às expectativas daqueles que, ao analisar o sentido, voltem-se imediatamente para a psicologia e a sociologia dos usuários da língua: para as intenções, as experiências sensoriais e as idéias mentais, ou para as regras sociais, as convenções e as regularidades. Distingo dois tópicos: primeiro, a descrição das línguas ou gramáticas possíveis como sistemas semânticos abstratos nos quais os símbolos se associam a aspectos do mundo; segundo, a descrição de fatos psicológicos e sociológicos nos quais um desses sistemas semânticos abstratos em particular é utilizado por uma pessoa ou comunidade. Misturar esses dois tópicos só resulta em confusão. (Lewis, 1972, p. 170).

Lewis segue aqui a prática de Montague ao tentar explicar como a linguagem corresponde ao mundo - "como os símbolos são associados a aspectos do mundo" - e isto de uma maneira suficientemente geral e arbitrária para corresponder a qualquer fato psicológico ou sociológico relacionado ao uso e a compreensão da linguagem pelos homens.
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In Lakoff, George & Johnson, Mark. Metáforas da Vida Cotidiana. Mercado das Letras: Campinas (SP), 2002, p. 310-12.

10 de abr. de 2008

26. O MITO DO OBJETIVISMO NA FILOSOFIA E NA LINGÜÍSTICA OCIDENTAIS
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Como as teorias clássicas do sentido estão enraizadas no mito do objetivismo .
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O mito do objetivismo, base da tradição objetivista, tem conseqüências muito específicas para uma teoria do sentido. Gostaríamos de mostrar exatamente quais são essas conseqüências, como elas surgem do mito do objetivismo e por que elas são insustentáveis de um ponto de vista experiencialista. Nem todos os objetivistas defendem as seguintes posições, porém é comum a eles sustentar, sob uma forma ou outra, a maioria delas.
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O sentido é objetivo
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O objetivista caracteriza o sentido puramente em termos de condições de verdade ou de falsidade objetivas. Na visão objetivista, as convenções da língua atribuem a cada frase um sentido objetivo, que determina as condições de verdade objetiva, dados certos elementos do contexto denominados "indexicais": quem é o falante, quem é o ouvinte, o tempo e o lugar do enunciado, os objetos referidos por palavras como "aquilo" ou "isto" etc. Assim, o sentido objetivo de uma frase não depende do modo como uma pessoa qualquer a compreende ou se ela chega a compreendê-la ou não. Por exemplo, um papagaio poderia ser treinado a dizer "está chovendo" sem qualquer compreensão do sentido da frase. Mas a frase tem o mesmo sentido objetivo se for dita por um papagaio ou por uma pessoa e será verdadeira, se estiver chovendo, e será falsa, se não estiver chovendo. Segundo a teoria objetivista do sentido, uma pessoa compreende o sentido objetivo de uma frase se compreender as condições sob as quais seria verdadeira ou falsa.

O objetivista considera não apenas que condições de verdade e falsidade objetivas existam, mas que as pessoas têm acesso a elas. Isso é considerado óbvio. Olhe em torno de você. Se há um lápis no piso, então a frase "Há um lápis no piso" é verdadeira e, se você fala Português e pode perceber o lápis no piso, você corretamente a aceitará como verdadeira. Assume-se que essas frases sejam objetivamente verdadeiras ou falsas e que você tem acesso a uma quantidade incontável de tais verdades. Uma vez que as pessoas podem compreender as condições sob as quais uma frase pode ser objetivamente verdadeira, uma língua pode ter convenções por meio das quais tais sentidos objetivos são atribuídos a frases. Portanto, na abordagem objetivista, as convenções que uma língua possui para emparelhar frases com sentidos objetivos dependerão da capacidade de os falantes dessa língua compreenderem as frases como tendo esse sentido objetivo. Desse modo, quando o objetivista fala de compreender o sentido (literal) de uma frase, ele está falando de compreender o que faz uma frase ser objetivamente verdadeira ou falsa. Em geral, a noção objetivista de compreensão limita-se à compreensão das condições de verdade e de falsidade.

Não é isso que queremos dizer por "compreensão". Quando afirmamos que o objetivista vê o sentido como algo independente da compreensão, estamos tomando "compreensão" em nosso sentido não no dele.

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In Lakoff, George & Johnson, Mark. Metáforas da Vida Cotidiana. Mercado das Letras: Campinas (SP), 2002, p. 308-10.

9 de abr. de 2008

26. O MITO DO OBJETIVISMO NA FILOSOFIA E NA LINGÜÍSTICA OCIDENTAIS
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Nosso desafio ao mito objetivista
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O mito do objetivismo dominou a cultura ocidental, particularmente a filosofia ocidental, desde os pré-socráticos até nossos dias. A idéia de que temos acesso a verdades absolutas e incondicionais sobre o mundo é o pilar da tradição filosófica ocidental. O mito da objetividade floresceu tanto na tradição racionalista quanto na empirista que, a esse respeito, diferem apenas em suas explicações de como chegamos a tais verdades absolutas. Para os racionalistas, apenas nossa capacidade inata de raciocinar pode dar-nos o conhecimento das coisas como elas realmente são. Para os empiristas, todo o nosso conhecimento do mundo surge (direta ou indiretamente) de nossas percepções sensoriais e é construído a partir de sensações. A síntese de Kant do racionalismo e do empirismo pertence também à tradição objetivista, apesar de sua argumentação de que não pode haver qualquer tipo de conhecimento das coisas em si mesmas. O que torna Kant um objetivista é sua reivindicação de que, em relação às coisas que todos os seres humanos podem experienciar por meio de seus sentidos (seu legado empirista), podemos obter conhecimento válido universalmente e leis morais universalmente válidas pelo uso de nossa razão universal (seu legado racionalista). A tradição objetivista na filosofia ocidental é preservada até hoje entre os seguidores dos positivistas lógicos, na tradição de Frege, na de Husserl e, na lingüística, com o neo-racionalismo, que veio da tradição de Chomsky.
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Nossa concepção de metáfora vai contra essa tradição. Consideramos a metáfora essencial à compreensão humana e um mecanismo de criação de novos sentidos e de novas realidades em nossas vidas. Isso nos coloca em oposição à maior parte da tradição filosófica ocidental, que tem visto a metáfora como um agente do subjetivismo e, por conseqüência, como subversivo na busca da verdade absoluta. Além disso, nossas visões de metáfora convencional - que impregna nosso sistema conceptual e é um mecanismo de criação essencial para a compreensão - coloca-nos em desacordo com as visões contemporâneas de linguagem, sentido, verdade e compreensão que dominam a recente fiolosofia analítica anglo-americana e que são aceitas em boa parte da lingüística moderna, bem como em outras disciplinas. A seguinte lista é representativa dessas assunções sobre linguagem, sentido, verdade e compreensão. Nem todos os filósofos e lingüistas objetivistas aceitam todas elas, entretanto as figuras mais influentes parecem aceitar a maioria delas:

  • A verdade é uma questão de correspondência entre palavras e mundo.
  • Uma teoria do sentido para as línguas naturais funda-se em uma teoria da verdade, independente do modo como as pessoas compreendem e usam a língua.
  • O sentido é objetivo e não-corporificado, independente da compreensão humana.
  • As frases são objetos abstratos com estruturas inerentes.
  • O sentido de uma frase pode ser obtido a partir do sentido de suas partes e pela estrutura da frase.
  • A comunicação é uma questão de transmitir, de um falante para um ouvinte, uma mensagem com um sentido fixo.
  • O modo como uma pessoa compreende uma frase e o que significa para ela é uma função do sentido objetivo da frase e do que a pessoa acredita sobre o mundo e sobre o contexto em que a frase foi enunciada.
Nossa concepção de metáfora convencional é inconsistente com todas essas assunções. O sentido de uma frase é dado em termos de uma estrutura conceptual. Como vimos, a maior parte da estrutura conceptual de uma língua natural é metafórica por natureza. A estrutura conceptual fundamenta-se na experiência física e cultural, assim como as metáforas convencionais. O sentido, portanto, jamais é descorporificado ou objetivo e está sempre fundamentado na aquisição e utilização de um sistema conceptual. Além disso, a verdade é sempre dada em relação a um sistema conceptual e às metáforas que o estruturam. A verdade, portanto, não é absoluta nem objetiva, mas baseada na compreensão. Assim sendo, as frases não têm sentidos inerentes e objetivamente dados e a comunicação não pode ser a mera transmissão de tais sentidos.

Não é tão óbvio o motivo de nossa concepção dessas questões ser tão diferente dos posicionamentos clássicos da filosofia e da lingüística. A razão principal parece ser que todos os posicionamentos clássicos estão baseados no mito do objetivismo, enquanto nossa abordagem da metáfora é inconsistente com ele. Uma divergência tão radical com as teorias dominantes sobre tais questões básicas demanda uma explicação. Como seria possível uma concepção da metáfora colocar em questão as teses fundamentais sobre a verdade, o sentido e a compreensão que emergiram das tendências dominates na tradição filosófica ocidental? Uma resposta para isso exige uma explicação mais detalhada do que a que oferecemos até o momento a respeito das assunções objetivistas sobre a linguagem, a verdade e o sentido. Isso exige explicitar com mais detalhe: (a) o que são as teses objetivistas; (b) como elas são justificadas e (c) quais são suas implicações para uma teoria geral da língua, da verdade e do sentido.

O objetivo desta análise não é distinguir simplesmente nossa concepção de língua das visões clássicas, mas mostrar, por meio de exemplos, quanto o mito do objetivismo influenciou a cultura ocidental, de maneira que usualmente não nos apercebemos. Mais importante, queremos mostrar que muitos problemas de nossa cultura podem vir de uma aceitação cega do mito do objetivismo e que há uma outra alternativa para evitar o recurso à subjetividade radical.

In Lakoff, George & Johnson, Mark. Metáforas da Vida Cotidiana. Mercado das Letras: Campinas (SP), 2002, p. 305-8.

8 de abr. de 2008


O que há entre o alto e o baixo
entre a queda e o salto
entre o tombo e o asfalto ?
O que há entre o bem e o mal
entre o doce e o sal
entre o quem e o qual ?
O que há entre o ler e o escrever
entre o fazer e o comer
entre o ter e o ser ?
O que há entre o amor e o ódio
entre o ânimo e o tédio
entre a cantada e o assédio ?
O que há entre um e o outro
entre eles e elas
entre eu e você ?
O que há ?
O que há ?
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Alice
Para ler mais, visite o Blog Alice no País do Pensamento
GÊNIOS INSENSATOS E BURROS SÁBIOS‏
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Nós somos o que cremos. E o normal é que se fale, se pense e se viva conforme se creia.

“Eu cri, por isso é que falei. Também nós cremos, por isto é que falamos”.

Tem gente que pensa que a qualidade do pensar é determinada pela inteligência. Mas não é assim. Inteligência apenas determina sistemas lógicos, mas não a qualidade do pensar.

A qualidade do pensar é determinada pela fé mediante a qual a pessoa enxerga a existência.

Assim, pode-se ser um gênio e capaz de inventar coisas extraordinárias. Entretanto, ainda assim, ter uma qualidade de pensar insensata.

O que qualifica o pensar não é a inteligência, mas sim a sabedoria!

Ora, sabedoria nada tem a ver com inteligência, mas com gratidão amorosa e reverente para com Deus: o sentido da vida!

A qualidade do pensamento é diretamente vinculada à sua capacidade de ver a realidade e a ela atribuir significados e valores certos.

Alias, quando Jesus disse que “os filhos das trevas são mais hábeis em sua própria geração do que os filhos da luz”, Ele determinava que inteligência, rapidez de raciocínio e genialidade não necessariamente têm a ver com lucidez — luz.

A questão não é ver. A questão é o que fazer ante o que se vê.

O sábio vê o mal e dele se esconde.

O insensato vê o mal e o interpreta como uma oportunidade.

Ambos viram e vêem o mal. Porém, sob a camada do ver, em cada um dos dois — sábio e insensato — existe um olhar que nada tem a ver com o fato da pessoa ser um gênio ou um burro.

Há muitos gênios insensatos e há muitos burros sensatos!

Dois homens vêem uma maravilha da criação. Um deles não se ama, não se vê como tendo significado em relação aos demais seres humanos, e também sem nenhuma vontade de a eles servir pelo amor, mas, talvez, apenas pela chance de ter poder — e olhará para a maravilha que diante dele está, e poderá pensar: “Veio do nada, do acaso, dos dês-sentido”. Afinal, quem verá sentido em qualquer coisa se não o vir antes em si mesmo e em sua própria existência?

Já o outro homem a tudo vê com amor grato e reverente, enxergando sentido até na morte, até na dor, até no até...; e, por isso, diz: “Que maravilha! Eu e ela somos filhos do mesmo amor!”

Ora, tal homem não viverá no mesmo mundo do outro observador da maravilha, mesmo que estejam perfilados vendo a mesma coisa estupenda!

Quando o salmo diz “na Tua luz vemos a luz”, afirma que existe o que vemos, mas que isto é determinado pelo como e mediante o que vemos tudo, até a própria luz.

Quando se diz que Jesus seria objeto de contradição, se afirma também a mesma coisa, pois, o mesmo Jesus, visto em amor, é o Salvador; porém, visto sem amor, é apenas uma miragem buscando ser real, mas sendo vencida pelas forças do mundo real.

Ora, se meu pensar é determinado pelo meu crer essencial, o qual se vincula ao meu ver-sentir com ou sem amor e gratidão a existência [a partir da minha própria] — então, é sensato afirmar que a qualidade do crer que designará a qualidade do pensar, é equivalente ao vinculo que o crer tenha ao amar; pois, sem amor, não existe sensatez em nenhum olhar para si mesmo e para a existência.

A tentação do gênio, do filosofo, do cientista ou do vaidoso intelectual, é sucumbir à falácia de pensar que se pensa com o pensamento, esquecidos de que se pensa essencialmente com o coração, até quando alguém nega ter um.

Não existe razão pura entre os homens, mas apenas certa pureza de amor que qualifica certa pureza de pensar.

E tanto mais quanto o ver-pensar essencial seja definido pela fé que atua pelo amor, tanto mais limpo em sensatez será o olhar humano — seja o do gênio ou até mesmo o do burro.

Pense nisso!

Caio

07/04/08
Bauru
São Paulo
www.caiofabio.com
www.caiofabio.com.br

7 de abr. de 2008

uma dor

Essa é uma dor que sentimos sozinhos. Nada houve antes que se comparasse, e nada haverá, jamais, que a ela se assemelhe. Essa é uma dor que se sente apesar da vida, não há esquecimento nem trégua, apenas um passamento de horas e dias e anos e quando se vê já é a nossa hora também. Essa é uma dor que jamais foi vista, e antes não li na historiografia dos sentimentos nada catalogado a respeito. Mas seguimos de dor em dor e isso nos enobrece e empobrece, e pobres de sonhos morremos nós. Essa é, sim, uma dor. E nos calamos.
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Mayalu Felix
Niterói
07/03/2008
31 anos

6 de abr. de 2008

ENGULHOS

Quem me derruba
Este muro
Deste gueto
Que meus horizontes limita?

Quem me corta
Esta cerca
Que me condiciona
Que me aprisiona?

Quem me corta
Esta invisível grilheta
Que me fere
Que me deprime?

Quem me entulha
O caminho que de mim
Te leva, de mim
Te aparta?

Carmindo Carvalho, em seu Blog.
Abril de 2007

4 de abr. de 2008

mundo-cão

Jovens eram obrigados a vender livros em Juiz de Fora, Rio de Janeiro e São Paulo.
Eles estavam alojados em um galpão alugado, sem condições de higiene.
Uma igreja evangélica em Juiz de Fora (MG) é suspeita de explorar menores. Segundo o Conselho Tutelar, há cinco meses dois adolescentes e uma criança que viviam na igreja sob a responsabilidade de uma pastora eram obrigados a vender livros em Juiz de Fora (MG) e em cidades dos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, em vez de estudar.
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O lugar onde eles estavam alojados é um galpão alugado, sem infra-estrutura. No único quarto, muita sujeira, paredes mofadas e descascadas, roupas e sucatas espalhadas. Os conselheiros tutelares chegaram até a igreja através de denúncia da mãe dos dois adolescentes. Ela teria contado que o ex-marido havia deixado os menores no local.
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A pastora foi ouvida, na quarta-feira (2), pelo delegado de plantão e indiciada por maus-tratos e exploração de menores. Além da pastora, uma dona-de-casa também foi detida acusada de ser cúmplice dos crimes e indiciada por falsidade ideológica. Ela disse que era avó do menino de sete anos, ele negou, e informou ser filho de um casal de pastores da mesma igreja. A criança informou ainda que a mãe atua no Rio de Janeiro e o pai em Belo horizonte. O menor não soube explicar por que está em Juiz de Fora.
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Segundo o Conselho Tutelar, a mãe do menino de sete anos chegou na tarde desta quinta-feira no Rio de Janeiro. Ela prestou depoimento na Vara da Infância e Juventude. Fica a cargo da juíza e do promotor decidir se o menino vai ficar com a mãe ou se vai ser levado para um abrigo da Associação de Apoio Comunitário.
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O pai dos dois adolescentes também foi ouvido pela Polícia Civil e indiciado por negligência. Os menores foram entregues à mãe.
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Estatuto
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De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), “É proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condição de aprendiz.”

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Fonte: G1
Para ler mais, acesse o blog Notícias Cristãs.

3 de abr. de 2008

concurso - Teoria da Literatura na Universidade Estadual de Londri‏na - Paraná

Concurso Público para Provimento no Cargo de Professor Universitário
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A cidade é agradável, com cerca de 500 mil habitantes, custo de vida é menor do que várias metrópoles, há bons serviços e excelente rede de saúde. O salário ainda é baixo (15-20% menor que as federais), mas espera-se que haja brevemente uma correção razoável, elevando-o para patamares confortáveis. O PPG em Letras tem 15 anos de funcionamento, com cursos de mestrado e doutorado, nas linhas de pesquisa "Cânones, Idéias e Lugares" e "Diálogos Culturais" (maiores detalhes em www.uel.br/cch/pos/letras).
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Obrigado,
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e a Bíblia tinha razão...


O objeto teria o relato de uma testemunha sobre a explosão.

Cientistas britânicos conseguiram decifrar as inscrições cuneiformes de um bloco de argila datado de 700 a.C. e descobriram que se trata do testemunho feito por um astrônomo sumério sobre a passagem de um asteróide - que pode ter causado a destruição das cidades de Sodoma a e Gomorra.

Conhecido como "Planisfério" , o bloco foi descoberto por Henry Layard em meados do século 19 e permanecia como um mistério para os acadêmicos. O objeto traz a reprodução de anotações feitas pelo astrônomo há milhares de anos.

Utilizando técnicas computadorizadas que simulam a trajetória de objetos celestes e reconstroem o céu observado há milhares de anos, os pesquisadores Alan Bond, da empresa Reaction Engines e Mark Hempsell, da Universidade de Bristol, descobriram que os eventos descritos pelo astrônomo são da noite do dia 29 de junho de 3123 a.C. (calendário juliano).

Segundo os pesquisadores, metade do bloco traz informações sobre a posição dos planetas e das nuvens e a outra metade é uma observação sobre a trajetória do asteróide de mais de um quilômetro de diâmetro.

Impacto
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De acordo com Mark Hempsell, pelo tamanho e pela rota do objeto, é possível que este se tratasse de um asteróide que teria se chocado contra os Alpes austríacos, na região de Köfels, onde há indícios de um deslizamento de terra grande.O asteróide não deixou cratera que pudesse evidenciar uma explosão. Isso se explica, segundo os especialistas, porque o asteróide teria voado próximo ao chão, deixando um rastro de destruição por conta de ondas supersônicas, e se chocado contra a Terra em um impacto cataclísmico.
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Segundo os pesquisadores, o rastro do asteróide teria causado uma bola de fogo com temperaturas de até 400ºC e teria devastado uma área de aproximadamente 1 milhão de quilômetros quadrados.
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Hempsell afirma que a escala da devastação se assemelha à descrição da destruição de Sodoma e Gomorra, presente no Velho Testamento, e de outras catástrofes mencionadas em mitos antigos.
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O pesquisador sugere ainda que a nuvem de fumaça causada pela explosão do asteróide teria atingido o Sinai, algumas regiões do Oriente Médio e o norte do Egito. Hempsell afirma que mais pessoas teriam morrido por conta da fumaça do que pelo impacto da explosão nos Alpes.Segundo a Bíblia, Sodoma e Gomorra foram destruídas por Deus como resposta a atos imorais praticados nas cidades. Acredita-se que elas eram localizadas onde hoje fica o Mar Morto.
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Fonte: BBC Brasil
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Notícias Cristãs.

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