Agradeço por seus elogios e por seu comentário, que certamente exigiram de você leitura bíblica e pesquisa. Gostaria que você se identificasse, mas imagino de que igreja você é, pelo conteúdo de seu texto. Vou responder.
Primeiro, meu texto não está “cheio de conhecimento científico”, como você diz. Tem conhecimento científico, e eu não o desprezo, mas meu texto, na verdade, está cheio de conhecimento bíblico. Em todo o tempo cito a Bíblia e Jesus, o qual devemos imitar. Acima de tudo, é o comportamento de Jesus que deve pautar a vida dos cristãos; entretanto, é o que menos serve de modelo hoje.
Quanto à sua pergunta, que “fica no ar”: eu uso meu blog para divulgar o evangelho, sim. Criticar o comportamento dos políticos é lutar por justiça, é denunciar os fariseus de nossos tempos, é defender a causa dos órfãos e das viúvas, e é por esse fruto que hão de conhecer os que são de Cristo. Em Isaías 58, isso fica evidente: nada há de mais esclarecedor que essa passagem, que condena os falsos rituais da igreja e diz que o verdadeiro jejum é “soltar as ligaduras da impiedade e desfazer as ataduras do jugo, deixando livres os quebrantados e despedaçando todo o jugo”. De que modo você vê isso?
É claro, anônimo, que eu defendo o verdadeiro evangelho. Não fico dentro das igrejas, usando-as para vender CDs e livros, fazendo o que os mercadores do templo faziam, ou pregando um evangelho que despreza a situação lamentável do país em que vivemos e prefere falar do MacDonald’s, um evangelho distante da situação de milhões de brasileiros, distante da luta por justiça que deveria estar encabeçada pelos cristãos. Na época em que viveu Jesus neste mundo, os fariseus e escribas exerciam poder político também, além de religioso. Isso quer dizer que quando Jesus se dirige a eles em Mateus 23, chamando-os de “hipócritas”, ele se dirige aos políticos, donos do poder, que tinham influência sobre a cobrança de impostos, a condenação de pessoas (não foram os fariseus que entregaram Jesus aos romanos?), a administração da cidade. Quando você diz que eu “falo mal dos políticos” vejo aí que você se esquece ou não leu as palavras de Jesus para se referir escribas e fariseus. Ele os chamou de hipócritas, cegos, mentirosos, insensatos, serpentes e raça de víboras. Essas palavras de Jesus, se dependesse de alguns pastores, seriam apagadas da Bíblia, pois nas igrejas prega-se um Jesus fraco, covarde, mudo, alienado, distante dos problemas concretos do povo, distante da política, diferente do Jesus que eu conheço pela leitura do Novo Testamento – não o Jesus de que me falam muitos dos pastores, quase todos “condutores cegos”, que coam o mosquito e deixam passar o camelo.
Jesus via a corrupção, a hipocrisia, a miséria do povo, o roubo, a mentira, e não se calava. Se você acha que isso é “falar mal de políticos”, então pode ter certeza: eu faço a mesma coisa que Jesus. É esse o Jesus que eu sigo. É esse o meu amado: corajoso, lúcido, consciente e verdadeiro. Você diz que eu falo mal de igrejas. De que igrejas? Você fala aqui deste meu texto, no qual critico a Teologia da prosperidade? É isso que você chama de “igreja”? Uma teologia demoníaca e em desacordo com a Bíblia? Sim, eu critico. Sim, e eu levo tudo à luz da Palavra. Veja hoje o mundo evangélico, como está. Em quê o povo de Deus tem sido sal e luz? Na fila do MacDonald’s? Fechado nas suas igrejas, sem lutar por justiça, por dignidade, compactuando com a corrupção dos políticos, com um mundo sujo e torpe? Conformando-se com este mundo? Calado, em seus cultos de domingo?
Do mesmo modo que você fala que eu “falo mal das igrejas” você deve achar que os Profetas falavam mal de suas igrejas, e que o próprio Jesus falava mal das igrejas de sua época. Veja em Jeremias 2, versos de 8 a 13. Ele fala mal da “igreja”, quando denuncia os pastores que, segundo a Palavra, prevaricaram contra o Senhor? Veja o mesmo Jeremias, cap. 23: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto”... Estaria Jeremias “falando mal” dos pastores? Ou estaria Jeremias sendo profeta? Há tantos outros exemplos... Se você ler a Bíblia, há de encontrá-los em Isaías, em Amós, nos Evangelhos... Infelizmente, a maioria das pessoas só se lembra ou só lê na Bíblia aquilo que lhes interessa. Jesus denunciou os falsos pastores, os “lobos em pele de cordeiros”. Você acha que só havia lobos na época de Jesus? Não, eles existem hoje! E publicam livros, vendem CDs de pregação, andam de terno e têm programas de TV. Mas você, anônimo, que não tem coragem de dizer quem é, acredita que denunciar as atitudes antibíblicas dessas pessoas à luz da Palavra é “falar mal das igrejas”, e é por conta de comportamentos como o seu, e da tolerância ao mal dentro das igrejas, é que há tantos escândalos, corrupção e desânimo nas igrejas evangélicas de hoje. Isso, sim, impede que muitos sejam levados à salvação. O descrédito da maioria das igrejas nos dias atuais vem do fato de que elas se tornaram lugares de alienação e comércio, e os que fazem isso com as igrejas também se calam diante das injustiças, achando que seu silêncio e sua omissão contribuem para levar a salvação às pessoas. Você acha que a maioria dos que não conhece Jesus não vê como agem muitas igrejas, muitos líderes, hoje? Você fala de amor, em Coríntios, mas onde está o amor pelos pobres, injustiçados, oprimidos? Está numa cesta básica? Nas roupas usadas que são doadas? Manifestar-se contra a corrupção na política é manifestar amor pelos que são prejudicados por essa corrupção. Mais que isso, é não se conformar com este mundo, é ter sede e fome de justiça e mostrar às pessoas o caráter digno de Jesus, manifestando-se em nós.
Outra coisa: creio que você se confunde quando cita Timóteo 2. Desculpe-me, mas devo dizer: orar pelas autoridades não nos impede de denunciá-las. As duas ações não são contrárias. Oremos pelas autoridades, para que se convertam, para que Deus abra seus olhos, para que ajam em prol da justiça. E também denunciemos o mal que essas mesmas autoridades praticam contra os pobres, contra os órfãos e as viúvas de nosso tempo. Onde está o antagonismo dessas duas ações? Jesus fez isso. Orou por aqueles que o perseguiam. Na cruz, pediu a Deus que os perdoasse, porque não sabiam o que faziam. Esse é o ministério sacerdotal de Jesus. Ele orava por todos, orava para que fossem salvos, orava para que se arrependessem, orava para que deixassem seus maus caminhos. Mas Jesus também denunciava o mal. Ele denunciava a injustiça praticada pelas autoridades, e fez isso muitas vezes, não só em Mateus 26, como também no Sermão do Monte, em que ele diz que felizes são os que têm fome e sede de justiça. Se felizes são os que têm fome e sede de justiça, são infelizes os que se conformam e se calam diante da injustiça.
Também não entendo, anônimo, o que você quis dizer quando se referiu a “questões loucas”. A que genealogias e contendas você se refere? Será que Paulo, ao escrever para Tito, se referiu a Cristo, que chamou os fariseus de hipócritas e denunciou a injustiça? Ou aos que desobedeceram as autoridades romanas e pregaram a palavra com intrepidez, em Atos? O que você quer caracterizar como “questões loucas, contendas, debates acerca da lei, coisas inúteis e vãs”? Com sua citação você se refere às minhas postagens, que denunciam os políticos hipócritas? Ou aos meus textos que desmascaram os lobos, abrigados em pele de cordeiro, nas igrejas, pregando a Teologia da prosperidade? Essas são para você as “questões loucas” etc.? Pois para mim, vãs são as pregações que se esquecem dos pobres, dos presos, dos doentes, da misericórdia, da justiça de Deus, das boas obras, do amor... Veja o que Jesus denuncia, em Mateus 25:41-46. Eu me preocupo com isso, pois hoje escuto na igreja pregações que falam do “eu”, cada vez mais, e cada vez menos do próximo e de Deus. Você usa uma passagem de Tito, carta que Paulo escreveu a um de seus auxiliares, que estava em Creta, a fim de ajudar a consolidar a igreja e a direcionar a escolha dos líderes, e de mostrar o papel dos anciãos, das idosas, das jovens etc., para tentar caracterizar meu pensamento como vão, e minhas postagens como contendas. Veja, Paulo fala a Tito acerca dos falsos mestres, que devem ser repreendidos e silenciados. A quem ele se refere? Paulo, que aprendeu a estar satisfeito em qualquer circunstância material, hoje denunciaria os falsos mestres da Teologia da prosperidade, que estão ricos, cheios de bens que a traça e a ferrugem vai corroer, mas pouco ocupados em visitar os presos, os doentes e os fracos de que Jesus fala em Mateus 25:35. Esses, que para mim são falsos mestres, estão ocupados em pregar uma doutrina maligna, que distorce a Palavra de Deus e está misturada com religiões orientais, valorizando o material e se esquecendo do mais importante que a Bíblia nos ensina.
De acordo com sua postagem, também quero saber: quem é o homem herege? Quem é o pervertido? Quem é o condenado? É o que está dentro da Igreja? É o que está fora? Herege, para mim, são os muitos lobos em pele de cordeiro, insensíveis e alienados, despreocupados com sua Nação, que não se indignam com a corrupção, que pregam um evangelho pela metade, que adaptam os versos bíblicos de acordo com suas necessidades e interesses, que manipulam os fieis, que são verdadeiros vendilhões do templo e usam a igreja para enriquecer e fazer seus negócios e seu comércio.
Para finalizar, devo esclarecer: eu uso a Internet para a pregação do evangelho. O problema é que o seu evangelho, pelo visto, é diferente do meu. O meu é integral, inteiro, com todas as vírgulas e todas as frases de Jesus. O seu exclui o Jesus que tem sede de justiça e denuncia os hipócritas escribas e fariseus, os poderosos de sua época. Prova maior disso é que em seu texto, anônimo, você não citou nenhuma palavra de Jesus, desse mesmo evangelho que você me admoesta a pregar.
Um abraço,