O "Eu poético" de Tarso Genro e seu senso de justiça
Alguns leitores me pedem que republique um pequeno ensinamento sobre o que vem a ser o "Eu poético" num poema. Ok. Segue conforme o publicado no dia 6 de abril do ano passado:
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Esta sai com a ajuda de um leitor. Para quem não tem intimidade com a área, uma explicação: o “eu poético”, num poema, é quem nele se pronuncia, também chamado de “eu lírico”. Vejam estes versos do português Mário de Sá-Carneiro em Dispersão:
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Perdi-me dentro de mim
Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
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Ainda que este “eu” possa ser Sá-Carneiro, isso não tem importância. O “eu”, ali, é o “Eu Poético”. Agora vejam este exemplo de um poema de Tarso Genro, ministro da Justiça:
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"Quanto te esperei e quanto sêmen
inútil derramei até o momento"
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É um caso genuíno de “Eu Punhético”.
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Para completar, segue trecho de outro post de 10 de fevereiro do ano passado:
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Mas não é só esse Tarso cheio de amor pra dar que enriqueceu a língua. Também temos notas, assim, plenas daquele lirismo cotidiano, que deixaria Adélia Prado em estado de choque:
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"A vovó Cacilda parecia uma patinha
e a vovó Julica elétrica e risonha
conversava com lagartos"
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Não sei. Não creio que alguém antes tenha associado a própria avó a uma pata. Um pequeno passo para o verso, mas um grande salto para a psiquiatria.
.E Tarso também sabe dispensar adjetivos e firulas para produzir o verso seco, à moda João Cabral, cortante mesmo:
."Em Cuba planta-se cana"
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Por que isso tudo? Exijo a volta de Tarso Genro à poesia. Seus versos ainda são melhores do que seu senso de justiça.
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NOTA: Cá entre nós, que grande injustiça com a poesia comete o sr. Reinaldo Azevedo em um tão singelo comentário!
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A HORA DOS HOMICIDAS. OU: "A CNBB, a OAB e o capeta"
Imaginem a seguinte situação:Uma entidade legal de defesa de proprietários rurais — NÃO ME REFIRO A PISTOLEIROS A SERVIÇO DE GRILEIROS — mata, com tiros nas pernas, na cabeça e no rosto, quatro invasores de terra. Ouvido, o representante dessa entidade diz: “O que matamos não foram pessoas comuns. Eram invasores violentos".
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- Qual teria sido a reação do ministro da Justiça?
- Qual teria sido a reação dos colunistas humanistas?
- Qual teria sido a reação dos congressistas?
- Qual teria sido a reação da OAB?
- Qual teria sido a reação da CNBB?
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Mas o que se deu foi outra coisa. Um movimento sem existência legal, o MST, executou quatro seguranças que garantiam uma reintegração legal de posse. E o que temos?
.- O ministro da Justiça não vê excesso de violência, mas "arrojo".
- Os colunistas humanistas acusam preconceito contra o MST, embora admitam que assassinato seja crime (como são ousados!).
- A reação no Congresso é de uma timidez vexaminosa.
- A OAB não soltou um pio. Seu presidente, Cezar Britto, estava ocupado em condenar o embargo a Cuba, onde havia participado de um encontro internacional de advogados trabalhistas... Pra que serve advogado onde não há estado de direito? Britto um dia satisfaz essa nossa curiosidade.
- A única voz que se ouviu foi a dos bispos de passeata. E eles saíram em defesa do MST. Os religiosos preferiram criticar o ministro Gilmar Mendes. E isso torna essas autoridades católicas cúmplices morais da morte dos quatro Silvas.
.Reitero: quem silencia diante dos cadáveres e ataca o presidente do STF (que cobrou o cumprimento da lei) é nada menos do que isto: CÚMPLICE MORAL DE HOMICIDAS. Tanto pior quando vestem batina porque conspurcam também uma religião. O DIABO SEMPRE RONDA AS VIZINHANÇAS DE DEUS. E, às vezes, entra no seu quintal. Quando li a opinião da CNBB, disse cá comigo: "Sai, capeta!". Ah, sim, dr. Britto: o socialismo é o capeta da democracia. Tribunal em Cuba é paredão, companheiro!
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