Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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25 de mar. de 2009

aborto e política

ESTE TEXTO FOI PUBLICADO ORIGINALMENTE NO PORTAL DA CNBC: http://politica.blogueiroscristaos.com/2009_02_01_archive.html

Ainda sobre o aborto

Quero voltar à polêmica decisão do presidente dos EUA, Barack Obama, de financiar com dinheiro público ONGs pró-aborto. E não quero falar de religião. Vamos falar de política. Obama, tão cultuado por alguns evangélicos e já antipatizado por outros, tomou uma decisão polêmica. E pretende, segundo já afirmou, colaborar mais e mais para que o aborto seja legalizado não só nos EUA, mas em todo o mundo. Em que ele se baseou, além de sua formação moral, para ter tomado sua decisão?

Se ele tivesse se baseado nos dados acerca do aborto nos EUA, veria que a prática não diminuiu com a legalização, ao contrário: desde que foi legalizado em alguns estados, o número de abortos cresceu assustadoramente. Isso porque as mulheres que o praticam o fazem como “método contraceptivo”, digamos assim: em vez de se prevenir, ao praticar o sexo, elas “remediam” a situação da gravidez abortando. Então, o aborto não é o último recurso, como gostam de defender os pró-aborto: ele é, muitas vezes, o primeiro, no lugar até mesmo de práticas contraceptivas conhecidíssimas, como o preservativo e a pílula anticoncepcional.

Obama se baseou na opinião da maioria do povo dos EUA? Não. Se ele tivesse se dado o trabalho de querer saber o que pensa a maioria, talvez tivesse se dado conta do que afirmou uma pesquisa realizada para o grupo católico Cavaleiros de Colombo pelo Instituto da Opinião Pública Marista, entre 24 de setembro e 3 de outubro: a maioria dos norte-americanos é contra o aborto, e a favor de limitar sua prática a alguns casos específicos, como salvar a vida da mãe, gravidez por estupro ou incesto. Segundo a pesquisa, “apenas 8% dos residentes nos Estados Unidos escolheram a afirmação de que o aborto deveria ser livre em qualquer etapa da gravidez. A mesma porcentagem disse que o aborto deveria ser permitido apenas durante os primeiros seis meses de gravidez; 24% se mostraram partidários de colocar limite nos três primeiros meses de gravidez. A maior porcentagem, 32%, disse que o aborto deveria ser permitido apenas nos pressupostos de estupro, incesto ou para salvar a vida da mãe. Cerca de 15% optou pela quinta possibilidade: que o aborto seja permitido apenas para salvar a vida da mãe. E 13% dos participantes afirmaram que o aborto não deveria ser permitido em nenhuma circunstância.” Ou seja: Obama decidiu por uma minoria, pois 90% dos norte-americanos desejam reduzir os equisitos para interromper a gravidez.

Obama levou em conta a moderna Biologia? Não. Segundo a teoria mais basilar, a vida começa na concepção. Se o “feto”, ou “bebê”, tem alma, ou não, ou sente dor, ou não, ainda se discute. Mas o aborto é, segundo a ciência, a interrupção da vida humana.

Então, em que Obama se baseou? Ele se baseou não no bem comum, certamente, mas em programa partidário, lobby político e crenças pessoais. Neste caso, não estaria mais fazendo política a favor do bem comum, mas de uma parcela diminuta da sociedade, à qual ele talvez creia dever muito e da qual possivelmente faça parte. Por último, pode ser que, de fato, os interesses de Obama sejam maiores que “o bem comum”. Neste artigo detalhado da Comunidade Católica Canção Nova, muitas hipóteses são levantadas. Mas é assunto para outra conversa: http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=235421

Diante de tudo o que avaliamos, quem faz Política, com “p” maiúsculo, deve seguir princípios claros. Deve buscar beneficiar a maioria sem prejudicar a minoria, obedecendo a princípios éticos, morais e culturais. Segundo a Wikipédia, “o termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.”

Ou seja: a política é a arte de governar, e governar exige sabedoria. Não diria que Obama agiu com sabedoria. Aquele que deseja agir com sabedoria, governando ou não, vê a exigência não só da maioria, mas o que está em jogo em relação a diferentes aspectos – inclusive o religioso. No caso do aborto, está em jogo vida humana em formação. No caso dos EUA, país de maioria cristã, a maioria é contra.  E, além do mais – e agora vou falar daquilo em que creio – diz a Bíblia que aquela “substância informe”, retirada do ventre materno violentamente no procedimento do aborto, já é conhecida por Deus, já é amada por Ele e para Ele já tem nome (Salmo 139). No final das contas, fazer política desprezando o que Deus ama é, também, jogar-se contra um rochedo.

 

*** 


Para saber mais:

http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=9452

http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2008/05/16/a-pioneira-do-aborto-arrependida/

http://www.zenit.org/article-19779?l=portuguese

http://pt.wikipedia.org/wiki/Política

***

Semana que vem quero colocar aqui algumas reflexões sobre o caso da criança de nove anos que engravidou do padrasto, em Recife, e abortou os gêmeos que esperava. No meio cristão houve reações contrárias ao aborto, mas os matizes de condenação foram diferentes. A sociedade, de modo amplo, foi favorável à tentativa de diminuir o sofrimento da criança com a realização do aborto. Eu pensei muito sobre isso, e escrevi algo.  

2 comentários:

Matias Borba disse...

Prezada irmã Mayalu,
Graça e Paz!

As pessoas ja acostumaram-se a dizer que toda e qualquer opinião formada contra o aborto é algo de caráter religioso, o que n~]ao é verdade. A questão do aborto é sim um assunto que as diversas religiuões que são a favor da vida deveriam defender, mas a própria sociedade deveria sera favor da vida.

Não basta se iludir e aceitar tudo o que diz Obama, precisamos ter nossa própria opinião e defrender a vida sempre.

Seu texto já disse tudo, parabéns e Deus abençoe!

Maya Felix disse...

Prezado Matias,

Olá! Mesmo se a questão for de fundo religioso, ela não deve ser desprezada, pois a religião é um dos componentes da identidade sócio-cultural de um povo.

Um abraço,

Maya

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