Prezados leitores,
Já vi muitos argumentos a favor do aborto: alguns, bem estruturados e, dentro da lógica de quem é a favor, coerentes. Outros, completamente estúpidos, irresponsáveis, egoístas e intelectualmente anacrônicos.
O programa Canal Livre, exibido neste domingo à noite, pela TV Bandeirantes, me deu a oportunidade de assisitir a uma dos discursos pró-aborto mais sem sentido de que já pude tomar conhecimento, em toda a minha vida. A procuradora de Justiça do Estado de São Paulo Luiza Nagib Eluf presenteou os telespectadores com uma argumentação tosca e anacrônica a favor do aborto. Segundo ela, a punição para a mulher que aborta, vigente no Código Penal brasileiro, é na verdade uma rejeição machista ao prazer feminino, um "punição" à mulher que faz sexo livremente, engravida e deve ter o direito de se livrar do incômodo "embrião", ou, num estágio mais avançado, "feto" (odeio essas palavras desumanizadoras para uma vida humana em formação). Nos anos 50 e 60, na origem do movimento feminista, o argumento da procuradora era usado pelos que defendiam a descriminalização da interrupção da gravidez em qualquer situação. Isso fez sentido no contexto de maio de 68, no início da divulgação dos métodos contraceptivos - sobretudo da pílula anticoncepcional, no auge do movimento feminista, que pregava a igualdade entre os sexos e rejeitava toda forma de submissão da mulher, inclusive a maternidade. Hoje, aproximadamente meio século depois, esse argumento provou-se falso na Europa e nos Estados Unidos, onde o que não falta é informação e onde, mesmo tendo a mulher amplo acesso a métodos contraceptivos, não se hesita em abortar para "evitar" a gravidez. Uma década após o início do século XXI, mesmo após os estudos da Biologia comprovando o início da vida na fecundação do óvulo pelo espermatozóide, mesmo após o DIU, a pílula e a camisinha, mesmo após a Constituição de 88 no Brasil, uma procuradora de Justiça usa esse argumento desfocado para defender o aborto.
No século XXI, neste país, com todo o acesso às possibilidades de se evitar a gravidez, só engravida quem é irresponsável. E outro ser humano, formado no ventre feminino por meio do sexo - não importa se o ato sexual foi entre marido e mulher ou totalmente ocasional - não deve pagar com sua vida pela iresponsabilidade alheia. Hoje, em pleno 2009, o prazer feminino não é mais "punido", nem no Brasil nem no restante da sociedade ocidental, muito pelo contrário. O que a sociedade não aceita mais é a irresponsabilidade da mulher e, em menor escala, do homem, tendo em vista que não é ele que gesta a nova vida (e essa é uma realidade biológica, por mais que as feministas odeiem o fato). Ao contrário da procuradora Luiza, de São Paulo, a maioria da sociedade não crê que no ventre materno está uma coisa inanimada, um objeto descartável, mas um ser humano em desenvolvimento, indefeso, que tem o direito à vida, e cabe à sociedade, por meio do Estado, garantir a ele esse direito que a própria mãe quer tirar-lhe.
O que é difícil para mim, nessa história toda, é imaginar como uma pessoa de perfil obtuso como Luiza Nagib Eluf chegou à Procuradoria de Justiça do Estado de São Paulo.
2 comentários:
Prezada Maya, são pessoas assim que estão formulando caminhos para a aprovação do aborto no Brasil. Sinceramente quando falam em 1 milhão de abortos cladestinos torço o nariz. Inflam os números para legitimar um assassinato.
Por que ela não se preocupa com a promiscuidade! Dá asco!
Caro Daladier,
A ex-senadora Heloísa Helena desmascarou esses dados gigantescos e irreais. Isso é coisa de quem não tem escrúpulos, como me parece ser o caso da procuradora de São Paulo. Se for o caso, vou para as ruas a fim de defender as vidas que não podem se defender sozinhas. É por essa (e por muitas outras) que eu faço campanha contra o PT hoje em dia.
Um abraço,
Maya
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