Hoje à noite fui ver O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, com Leonardo DiCaprio.
Não havia lido nenhuma crítica antes, então eu não tinha, de fato, nenhuma ideia do que
enfrentaria. Primeiro, preciso dizer que o filme é praticamente uma novela:
cerca de três horas de duração, haja paciência. Se fossem três boas horas de
filme, ótimo. Mas não: a narrativa é longa e arrastada, com uma repetição
excessiva de cenas, tomadas desnecessárias, uma forçação de barra nas cenas
sexo, drogas e rock’n roll e uma narrativa mal construída e mal amarrada.
Aliás, tudo no filme é over: as cenas de sexo e orgia, a interpretação do Leonardo DiCaprio e provavelmente o custo total dessa empreitada. Milhões de dólares para
Scorsese não fazer o blockbuster que ele tanto queria. O filme banaliza as cenas de
sexo, uso de drogas, brigas e orgias – sim, a intenção é boa: causar justamente
a sensação de que as pessoas ali envolvidas eram praticamente animais, bestas
selvagens em alguma savana africana, devorando-se alegremente em rituais de hedonismo coletivo. E animais de
bom coração, que no fundo, no fundo, no fundo, bem lá no fundo, eram pessoas bem intencionadas – por isso acho que o filme deveria ser da Disney, não do Scorsese. A história tem um ritmo
interessante no começo, exatamente por conta das cenas mais hardcore. O
problema é exatamente isso: depois de um início apoteótico, um final medíocre. Destaque
para o ótimo Matthew McConaughey em participação pequena, mas
excelente, no início do filme. DiCaprio não está ruim, ele é um ótimo ator e
quem o acompanha desde Titanic percebe como ele tem evoluído. Foi criticado no
início, sobretudo por ter tomado o lugar de Matt Damon em Titanic, mas já
provou ser mais que um belo par de olhos azuis (e que belo). Mas neste filme DiCaprio está over, e talvez nem seja culpa dele: seu personagem é histriônico demais,
é falante demais, é confiante demais, é tudo demais ao mesmo tempo agora. Parece
que Scorsese não entendeu o óbvio: não é uma sucessão de cenas com trilha de
rock’n roll, mulheres nuas e imagens distorcidas, indicando que os personagens
estão totalmente chapados, em sequências rápidas e overdose de planos de conjunto,
que faz um bom filme. No final o ritmo diminui, o filme se arrasta e o rola
um anticlímax frustrante. Fiquei me perguntando se eu havia passado três horas
naquela poltrona de cinema – e sem pipoca – pra ver aquele final melancólico e
incoerente. Três músicas do filme me fizeram brevemente feliz: primeiro, Movin’ Out, com o
incrível Billy Joel, para mim um dos grandes do pop anglo-norte-americano. Ponto para o filme. Outras surpresas boas foram Mrs. Robinson, numa versão mais rock’n roll, e a música italiana Gloria,
de Umberto Tozzi, totalmente anos 80. Ah, sim, e tem mais uma coisa que me deixou feliz: o Jean Dujardin, que surge belo e charmant na parte final do filme. Além de ele ser bem lindo, é talentoso. Mas o melhor mesmo é ouvi-lo falar inglês com um lindo e irresistível sotaque francês. Nada mais fascinante que ouvir um francês falando inglês, e pelo menos isso o filme me garantiu.
Para mim, o melhor mesmo de O Lobo de
Wall Street foi ver os trailers de outros filmes antes do filme. Fiquei
morrendo de vontade de assistir Mary Poppins, da Disney, com o Tom Hanks e a Emma
Thompson. Também espero ansiosamente Trapaça, com o ótimo Christian Bale, de
quem guardo boas lembranças de O Império do Sol, de Spielberg (um pobre garoto
que me fez chorar praticamente o filme inteiro), Psicopata Americano e a
trilogia do Batman, dirigida por Christopher Nolan. Também estão em Trapaça os
ótimos Bradley Cooper e Jennifer Lawrence, protagonistas do emocionante, tocante,
perfeito O Lado Bom da Vida, que fui ver duas vezes (porque quando o filme é
assim eu tenho que ver mais de uma vez: This Must Be The Place, com meu “the best”
Sean Penn, eu vi três) e a Amy Adams, engraçada e convincente em Encantada (além
de outros, mas não tão legais). Também me interessou o trailer de
Philomena, de Stephen Frears, diretor do inesquecível Ligações Perigosas (não gostei muito de O Segredo de Mary Reilly nem de A Rainha, também dele).
Resumo da ópera: troco este
Scorcese por meio Tarantino.
P.S.: a pergunta que não quer
calar: POR QUE, FGS, há pessoas se sentam numa poltrona de cinema achando que
estão na sala de casa, numa reunião familiar de domingo, e ficam
falando sem parar, digitando mensagens no celular e infernizando a vida de quem
só quer ter algumas horinhas de entretenimento em paz?
Nenhum comentário:
Postar um comentário