Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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13 de fev. de 2011

relativismo cultural é blablablá que só funciona em conversa de mesa de bar



Blablablá



por Luiz Felipe Pondé

O que você faria se estivesse a ponto de assistir a um ritual de antropofagia? Interromperia (sem risco para você)? Ou deixaria acontecer em nome do relativismo cultural (essa ideia que afirma que cada um é cada um, que as culturas devem ser respeitadas em sua individualidade e que não podemos compará-las)?

No primeiro caso, você seria um horroroso descendente dos "jesuítas"; no segundo você seria um relativista chique. Sempre suspeitei que esse papo relativista fosse blablablá. Funciona bem em aula de antropologia, em bares, em parques temáticos e lojas de curiosidades. É evidente que "jesuítas" de todos os tipos fizeram horrores nas Américas. Todo adulto bem educado sabe que é feio condenar cultos à lua ou à chuva. Mas há algo no relativismo cultural que me soa conversa fiada: o relativismo cultural morre na praia quando você é obrigado a conviver com o Outro. E o "Outro" nem sempre é legal.

Se você aceita a antropofagia em nome do respeito à "cultura", aceita implicitamente a ideia de que o valor da vida humana seja subordinado à "cultura". A vida humana não tem valor em si. Todo estudante de antropologia sabe recitar esse credo. Quando confrontado com dilemas como esse, o relativista diz que se trata de uma situação meramente hipotética (hoje não existe mais antropofagia). Mas a verdade é que quando o relativista diz que a antropofagia é hoje quase nula, e, portanto, esse dilema não tem "validade científica", está literalmente correndo do pau porque "alguém" acabou com a antropofagia, não? Por que a antropofagia "acabou"?

Algumas hipóteses: 1) os antropófagos foram mortos por gripes ou em batalhas; 2) foram convertidos pelos horrorosos "jesuítas" e seus descendentes; 3) descobriram formas mais fáceis de comer e rituais que deixam as pessoas (isto é, os Outros) menos irritadas e com menos nojo. É importante conhecer o "lugar" da antropofagia nas religiões dos canibais, mas isso é apenas um "dado" antropológico. Uma descrição de hábitos (ruins). Mas o relativista tem que correr do pau mesmo, porque seu credo funciona bem apenas nas conversas de salão. A vida é sempre pior do que as festas. Relativistas culturais são, no fundo, puritanos disfarçados, gostam de "aquários humanos".

Os seres humanos são culturalmente promíscuos, e "a cultura" sem promiscuidade (trocas, misturas, confusões) só existe nos livros. Use internet, televisão, celulares, aviões e estradas, faça sexo ou guerra, e o papo do relativismo cultural vira piada. Na realidade, as pessoas lançam mão do argumento relativista somente quando lhes interessa defender a "tribo" com a qual ganha dinheiro e fama. O problema com o debate sobre os índios (ou qualquer outra cultura considerada "coitada") é a mitologia que ela provoca. Se, de um lado, alguns falaram dos índios (erradamente) como inferiores, bárbaros ou inúteis, por outro lado, os que "defendem" os índios normalmente caem no mito oposto: eles são legais e só querem viver "sua cultura", e eles não são "capitalistas" como nós, e blablablá. Índios gostam de poder como todo mundo, vide os índios "conscientes de seus direitos" devorando computadores, celulares e internet no Fórum Social, em Belém -ou ficam na idade da pedra mesmo e precisam que o Estado os defenda do mundo.

As culturas mais bem-sucedidas são predadoras e seduzem as mais fracas (ser mais bem-sucedida não implica ser legal). Por que levar medicina científica (invenção dos "opressores") para as aldeias? Não seria contaminação "cultural"? Vamos ou não brincar de "curandeiros"? Que tal abraçar árvores? Se você é católico e quer ser fiel aos seus princípios, você é um retrógrado; se você quer viver no meio da selva (com direitos adquiridos porque você é de uma cultura "coitada"), você é apenas uma tribo com direito a integridade cultural. O conceito de cultura é quase um fetiche do mercado das ciências humanas. Não que não existam culturas, mas o conceito na sua inércia preguiçosa só funciona no laboratório morto da sala de aula ou do museu. A vida se dá de forma muito mais violenta, se misturando, se devorando.

Nada disso é "contra" os índios, mas sim contra o relativismo como ética festiva. O oposto dele não é o obscurantismo, mas a dinâmica da vida real. O relativismo é um (velho) problema filosófico e um "dado" antropológico. Um drama, e não uma solução.


***

Pesquei do Paulo Lopes Weblog. Sugestão de leitura do Gutierres Fernandes Siqueira.

Leia também: Brasil: infanticídio indígena e relativismo multicultural, no Mídia Sem Máscara.

10 comentários:

Danilo Sergio Pallar Lemos disse...

Gostei do texto,pois contribui em várias areas e nos convoca para um grande alerta.
www.vivendoteologia.blogspot.com

JOELSON GOMES disse...

Ótima postagem, reproduzi no GRAÇA.

Joelson Gomes

Marcos Crecchi disse...

O chamado relativismo cultural, revela o lado mais sombrio e nefasto no ser humano!

"LABAREDAS DE FOGO" disse...

Esta é a ferramenta que prepaara a sociedade para a Nova Ordem.

Filósofo Calvinista disse...

Excelente texto. Sou professor de Ética e Filosofia da Faculdade Decisão-PE e sempre faço questão de demonstrar o engodo dos pressupostos do relativismo cultural. Parabéns!

Quero convidá-la e e todos os seus leitores para uma visita e contribuição nos debates, em:

www.filosofiacalvinista.blogspot.com

Olavo Setubal disse...

Quem escreveu esse texto não sabe o que é relativismo cultural para a antropologia. Texto horrível, de amador, sem qualquer domínio do tema.

Marcelo disse...

Acredito que uma cultura que destrói, que mata, que tortura tem que ser combatida e, se possível, impedida de qualquer forma. Se eu visse aquele índio enterrando aquela criança - na internet a gente encontra essas imagens repugnantes - eu iria impedi-lo, mesmo com o risco da minha vida ou até do indião.

Não sei o que é relativo - mas o que é Absoluto, desde que absoluto.


Marcelo Hagah
João Pessoa-PB

Francisco disse...

Pior que eu pensava.

Primeiro, acha que por exemplo, ao dizer-se que aborto (assim como células tronco e mesmo uso de embriões inteiros) é questão de "vida", quando vida não "começa" na concepção, e sim, tem CONTINUIDADE nela, assim como as células vivas de suas cutículas e até de suas mucosas bucais quando cospe.

A questão é de individualidade (formação do indivíduo, Biologia além do secundário).

Mas pior mesmo é afirmar que ao mostrar sua ignorância sobre tema, esteja se "defendendo" aborto.

A mesma individualidade que, em outros campos, aqui mostra que no cultural (relativismo) nem sabe o que seja.

Quando a sua "cultura", por exemplo, religiosa (só pelos fundamentalistas primários com que se dá visualiza-se a infelicidade do que acredita), for pressionada, lembre-se do estado laico, que nem entendeu ainda o quanto a protege, até em seus relativismos culturais, que julga, tolamente, que sejam "absolutos" (leia, primeiro, KANT).

Obrigado por existir, pois afinal, sem personagens assim, que seria de nossos momentos de quase sádico lazer. ;)

Felipe disse...

Quem escreveu esse texto definitivamente NÃO SABE o que é relativismo cultural, sem mais!

JOL JOLE disse...

Cara Maya, concordo com você em muitos pontos, mas o fato de questionar deus está acima de sua alçada e de todo ser humanos e até qualquer ser celeste, pois está escrito em Romanos 9,20 Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim?
21 Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?

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