Creio que não existe nada de mais belo, de mais profundo, de mais simpático, de mais viril e de mais perfeito do que o Cristo; e eu digo a mim mesmo, com um amor cioso, que não existe e não pode existir. Mais do que isto: se alguém me provar que o Cristo está fora da verdade e que esta não se acha n'Ele, prefiro ficar com o Cristo a ficar com a verdade. (Dostoievski)

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15 de ago. de 2013

Olha a cabeleira do Zezé




Olha a cabeleira do Zezé

            Cena um: Casal evangélico, homem pastor, mulher grávida, entra em aeronave da Azul. Senta-se no final. Cena dois: O deputado pró-lobby gay Jean Wyllys entra na mesma aeronave, com um assessor, e se senta um pouco mais à frente do casal evangélico. Cena três: Casal evangélico identifica o deputado e prontamente resolve ir até sua poltrona. Mulher pede para passageiro filmar o que irá acontecer em seguida. Cena quatro: Homem e mulher gritam: “É você, hein, Jean Wyllys?” Ato contínuo, começam a cantar, a plenos pulmões: “Olha a cabeleira do Zezé, será que ele é, será que ele é… BICHAAA!!!” A mulher tenta passar a mão na cabeça de Jean Wyllys e diz: “Não gosta de mulher, Jean? Por quê???” O pastor completa: “Vai pra nossa igreja que tem cura!” Logo depois, o casal evangélico grita: “Vamos aí, gente, todos juntos! Batendo palmas!” e recomeçam: “Olha a cabeleira do Zezé…” Jean Wyllys se sente desconfortável, finge que não é com ele, baixa a cabeça e tenta se concentrar na leitura da revista G Magazine que havia comprado na livraria do aeroporto. Mas o casal evangélico não para: “Deputadoooo… canta com a genteeee! Olha a cabeleira do Zezé…” O assessor de Wyllys, em vão, tenta protegê-lo das tentativas de toque da mulher, que continua querendo encostar a mão na testa do deputado. De repente, ela tira um vidrinho da bolsa, derrama uma parte do conteúdo na palma da mão e passa na testa de Jean Wyllys: “É óleo para ungir você, rapaz! Larga essa bichice!” Ele retira um lenço do bolso do paletó e tenta limpar o óleo da testa. Continua sem dizer nada, mas está visivelmente constrangido. Os passageiros, atônitos, assistem à cena sem fazer nada. O pastor ri alto e canta: “Só não vale dançar homem com homem, nem mulher com mulher…”. Cena cinco: A essa altura, uma mulher sentada logo atrás de Jean Wyllys se levanta e diz: “Chega! Vocês estão me incomodando! Assim não dá!” Cena seis: O casal evangélico decide, então, sentar-se em seu lugar. Mas continua a gritar, desta vez dizendo: “Ô Jean Wyllys, pode esperar, a sua hora vai chegar!!!” Repetem umas seis vezes o refrão e logo depois – sempre filmando, é claro – o pastor decide entrevistar um terapeuta cristão que, coincidentemente, estava no avião: “O senhor acha que o gay pode mudar a sua orientação sexual, se quiser?” FIM DO PRIMEIRO ATO.
            Você conseguiu imaginar as cenas narradas acima? São bastante inverossímeis, não? Elas têm pouquíssimas chances de acontecer, pelo menos com um casal evangélico que seja de fato seguidor de Jesus. Talvez não por falta de vontade de “dar o troco”, afinal o deputado e pastor Marco Feliciano passou por constrangimento semelhante ao relatado acima no ultimo dia 9 de agosto, a bordo de uma aeronave da Companhia Azul, indo de Brasília a São Paulo: Eric Corazza e Conrado Ribeiro fizeram com ele e um assessor o que, na hipotética situação que narro, o casal evangélico fez com Jean Wyllys.
            Episódio semelhante jamais aconteceria com o deputado ex-BBB porque os evangélicos sabem que escarnecer não é agradável a Deus, ainda que seja agradável à carne e tentador. Não vemos evangélicos constrangendo gays em suas marchas de “orgulho”. Tampouco vemos, em igrejas, predicações jocosas ou irônicas sobre o assunto. A prática homossexual é tratada como ela é: pecado. Pode ser que em algumas igrejas não tenha havido tato ou suficiente familiaridade com o assunto para que pessoas com tendências homossexuais fossem adequadamente encaminhadas a um diálogo cristão e à exortação amorosa e franca que recomendam a Bíblia. Mas nunca se tratou o assunto levemente, debochadamente, levianamente. As crenças dos cristãos, entretanto, são costumeiramente vistas com desprezo e tratadas com galhofa e desrespeito por militantes de causas gays, feministas e esquerdistas em geral.
            Durante a Jornada Mundial da Juventude, da Igreja Católica, quem não se lembra dos dois jovens, Raíssa Senra Vitral e Gilson Rodrigues Silva Júnior, que, mascarados e seminus, quebraram imagens de santos católicos e simularam cenas de sexo com elas? Em 1995, o pastor Sérgio Von Hélder, da Igreja Universal do Reino de Deus, chutou a imagem de uma santa católica em rede nacional. Houve grande comoção pelo desrespeito à crença alheia. A Rede Globo de televisão, com interesses mais comerciais que religiosos, repetiu a cena ad nauseam. O mesmo não aconteceu com os dois jovens que quebraram as imagens durante a JMJ. Não houve nem mesmo uma tentativa de entrevistar a dupla. Por quê? Os dois homens que agrediram Marco Feliciano, soube-se depois, dizem não ser gays, como se isso eximisse a militância que faz lobby pró-gay de qualquer responsabilidade do acontecido. Ou diminuísse a gravidade do fato. Ou fosse motivo para não imputá-lo ao crescente ódio insuflado pela mídia contra os evangélicos e conservadores por grupos de pressão e lobby pró-gay.
            Quando vi a cena, fiquei estarrecida. Não acreditei que a falta de respeito fosse chegar a esse ponto. Na verdade, fiquei furiosa e cheguei a trocar palavras destemperadas com defensores do ato em uma rede social. A banalização das atitudes totalitárias em nossa sociedade, fruto da imposição de uma visão como única possível sobre qualquer outra, faz com que não nos cause mais espanto a agressão, o escárnio, o vandalismo e a ironia barata, a crítica sem inteligência e o debate impositivo. Como os cristãos têm histórico de tolerância e bom trato, as cenas do início deste texto provavelmente não acontecerão. Já as cenas de desrespeito vistas contra evangélicos se multiplicam em progressão geométrica, aparentemente sem a reação do restante da sociedade. Lembra-me a perseguição nazista aos judeus: começou com atos públicos de hostilidade, terminou onde todos conhecemos bem. Em 2014, políticos de partidos que sustentam esses desrespeitos e atos de barbárie, como PT, PSOL, PC do B, PDT e PSTU, pedirão o voto dos evangélicos. O que você vai fazer?


*Texto escrito em 11/08/2013 e publicado originalmente no Blog da União de Blogueiros Evangélicos. Meu agradecimento a Rodrigo Magaldi Merlino, por me ajudar com alguns dados.

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